Recebi o desabafo por e-mail e achei melhor reproduzir - veio do blog Artilharia Cultural
Longe de mim querer promover a discórdia, mas recebi há pouco um e-mail que me deixou bastante chateado e um pouco nervoso: era do YouTube, dizendo que minha conta foi encerrada por reclamação de direitos autorais. Pra contextualizar: desde os meus doze anos eu garimpo a obra do Chico Buarque e consegui reunir um material gigantesco nesse tempo. Todos os vídeos que coletei ao longo da viagem eu disponibilizava, aos poucos, no meu (ex)canal do YouTube, o www.youtube.com/tauil. Assim, ele ficou sendo a referência buarqueana youtubística. Porque eram mais de cem vídeos, e alguns extremamente raros, que somavam, juntos, mais de sete milhões de visualizações.
O e-mail derradeiro dizia que a gravadora Biscoito Fino tinha proclamado os direitos autorais de um vídeo promocional do novo disco do Chico. O problema é o seguinte: eu tinha combinado com o pessoal das filmagens que ajudaria na divulgação. Ou seja, eu estava divulgando um produto deles com eficácia, e sem ganhar absolutamente nada com isso. Se vocês acompanham o Artilharia Cultural, sabem que temos falado bastante do novo disco. De modo que deixei à disposição também o @buarquices, com mais de oito mil seguidores, e a comunidade no Orkut, com mais de 400 mil membros. Ou seja, né.
Não estou chorando pelo fato de que todos (todos!) os vídeos saíram do ar junto com o meu canal. Isso eu posso repor, pouco a pouco. Mas quis fazer esse desabafo, pra levantar a discussão que já foi exaustivamente discutida mas, pelo que parece, ainda não resolvida: que se passa pela cabeça das gravadoras? Não está na hora de fazer aliança com a internet? De dar as mãos pros consumidores e fazer uma enorme ciranda feliz?
Porque me parece uma burrice sem tamanho a gravadora encarar um vídeo que ela produziu sendo reproduzido por aí como algo negativo. Com isso, ela não perde prestígio (ela ganha, é o nome sendo divulgado), ela não perde dinheiro (ela ganha, é o produto sendo divulgado). Então, por quê? Uma gravadora como a Biscoito, com um elenco impecável de artistas, pode simplesmente lançar na net um vídeo e deixar que os fãs façam o trabalho de espalhar a notícia. Mas, não. Elas não soltam o osso. Ainda olham pra internet como um mar perigoso infestado de piratas querendo roubar sua preciosidade. Estão estancadas no tempo, na posição de donas da voz.
O pior de ter o canal limado, no entanto, é perder o contato com o pessoal. Recebia diariamente mensagens de gente agradecendo pelos vídeos, dizendo como aquela música fazia bem a eles. De gente emocionada porque viu tal show quando era jovem e poder revê-lo na internet era fantástico. Gente da Itália, do Chile, da Argentina, agradecendo a oportunidade de conhecer a obra de um compositor do naipe de Chico Buarque. Enfim. Legalmente, sim, eu estava contra os direitos autorais. Mas eu estava espalhando cultura (e que cultura!), sem lucrar nada com isso. Depois dessa notícia, resta-me fazer duas coisas: socar meu colchão pra descarregar toda a energia que acumulei digitando o texto (deu pra perceber, gente?) e recomeçar o processo de divulgação dos vídeos.
2 comentários :
Sabes que tienes todo mi apoyo.
(O Bar do Bulga e o Bulga do Bar)
Ignacio
tu és fantastico!
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