Carnaval me faz lembra da época que morava no Rio. Não que eu curtisse tanto o carnaval assim. Muitas vezes eu passava a madrugada em sessões contínuas em cinemas. Mas o carnaval estava lá, na rua. Em frente ao meu apartamento, tinha um boteco, o Bar do Tarzan. Eu via tudo da janela do sétimo andar do edificio Augusto Aragão, na Barata Ribeiro, em Copa. O bar vivia cheio de porteiros, garçons, balconistas. E na quarta-feira, bem cedo, quando eu ia pegar um ônibus para Petrópolis, via aquele povo carregando os carros alegóricos, alguns já quebrados. Passistas dormiam na sombra "de faraós embalsamados", conforme Aldir Blanc e João Bosco comentaram na canção O Rancho da Goiabada. Obra-prima na voz de Elis.
O Rancho da Goiabada
especial da TV bandeirantes.
(João Bosco, Aldir Blanc)
Os bóias-frias quando tomam umas birita
Espantando a tristeza
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada-cascão com muito queijo
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar
Amar
O rádio-de-pilha, o fogão-jacaré, a marmita, o domingo
no bar
Onde tantos iguais se reúnem contando mentiras
Pra poder suportar
Ai, são pais-de-santo, paus-de-arara são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados
Dançando dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
Dos faraós embalsamados
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