Breves lembranças

 

Eu li a matéria em O Diário, matéria assinada pelo camarada Fábio Massalli: O painel de cimento que ficava no antigo Pilekinho, bar que funcionava na rua Lauro Werneck, em frente à Universidade Estadual de Maringá (UEM), foi demolido para a construção de um prédio. "Segundo os responsáveis pela Converge Engenharia, com a obra em andamento não havia como preservar o painel e, por isso, foi destruído. O painel, que recebeu o nome de “O semeador” foi o segundo construído pelo artista plástico de Mandaguari Eder Portalha e foi inaugurado nos anos 90. Ele é o mesmo autor do gigantesco painel “Os Pioneiros”, localizado no Colégio Santa Cruz. De acordo com a matéria, o bar fechou no final de 2007 e, algum tempo depois, o terreno foi cercado por tapumes. Para os que conheciam o painel, havia uma esperança de que seria preservado. Em meados do ano passado, com todas as paredes do bar demolidas, ele ainda estava praticamente intacto. O mestrando em Ciências Sociais Tiago Valenciano, 22, é um dos que tinham boas lembranças da obra de Portalha. “O painel representava a história e era uma obra artística que deixava o bar mais bonito. Quiçá todos os bares tivessem essa preocupação”, lamenta.
No início do ano passado, Valenciano, juntamente com o estudante de Direito Rodolfo Vassoler, e o Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e da Academia Mourãoense de Letras, o historiador Jair Elias dos Santos Junior, fizeram uma tentativa de salvar o painel.
Eles entraram com um requerimento junto à Secretaria de Cultura solicitando a remoção do painel e sua instalação em um local público. Entretanto, foi em vão. “A Secretaria não podia entrar porque era um local privado e nós não tínhamos onde colocá-lo”, lembra. Agora sobraram apenas as lembranças de “O Semeador”.Lendo e relendo, fica a me perguntar:
Se a imprensa tivesse chamado a atenção devida para esse painel, ele seria derrubado? Não haveria algum meio de transferi-lo para outro local? Alguem chegou a explicar a importancia do trabalho para os responsáveis pela obra?
Mas uma vez deixo claro que não sou contra construções e nem vou sempre de encontro da 'força da grana que ergue e constrói coisas belas'. Apenas lembro que já conseguimos impedir a demolição completa do prédio da CMNP, preservamos a árvore da avenida Guaiapó... Sem falar no prédio da antiga rodoviária que ainda tem destino incerto. E aquele painel que ainda existe dentro de uma loja na avenida Getúlio Vargas? Será que um dia ele ainda será notícia? Pelo jeito que a coisa vai, Maringá não terá história, apenas breves lembranças. Como 'O Semeador'.

Foto : Ana Luiza Verzola - O Diário.