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quinta-feira, outubro 25, 2007

CAUSOS DA IMPRENSA 28

Essa é outra contada pelo jornalista Everardo Guilhon.

Quando da fofoca para a posse de João Goulart, desde que Jânio tinha renunciado, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, jornalista que era, resolveu censurar os jornais do Rio para que não dessem notícia de Jango. O agente foi o também jornalista Ascendino Leite, que tinha sido nomeado para a censura. (Depois ganhou um Cartório.) Certa noite, com aquela fofoca do toma e não toma posse, apareceu no Diário Carioca um cidadão de seus cinqüenta e poucos anos. Era Almirante e fora designado para fazer a censura dos textos do jornal. Vi o documento de sua designação e tomei providências. Mandei botar uma mesa para o Almirante no fim da redação. Chamei Fred Quarterolli, que estava chefiando o Esporte, e pedi a ele, como havia jogo naquela noite, que abrisse todo o volume do rádio, pois o Esporte ficava no fim da redação, perto de onde estaria o Almirante com sua censura. Também dei ordem aos redatores que fizessem barulho, soltassem palavrões, chamassem o contínuo aos gritos. E assim é que foi.

Quase no final da noite, o Almirante veio à minha mesa:
— Escute, aqui tem muito barulho, quase não posso ler as matérias.
Respondi:
— Almirante, redação de jornal é assim...

O Almirante não apareceu mais.A censura de redação foi pró espaço.

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