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segunda-feira, outubro 22, 2007

Blogs

Na história dos blogs maringaenses jamais poderia deixar de ser citado o pioneiro Factorama. Aquele blog mexeu com muitos dos alicerces da cidade que foram fortificados em mais de 60 anos de história. Era um blog com muita informação e com um tipo de humor corrosivo. E o humor é a melhor arma de destruição de qualquer alicerce. Era o nosso Pasquim adaptado para à realidade maringaense. Muitas vezes inconseqüente, mas esse era também o seu charme.
Tempos depois se solidificou o Blog do Ângelo Rigon. É outro marco na história dos blogs da cidade. A independência dele se transformou em alternativa de informação. Estamos, então, vivendo momentos dignos de um novo jornalismo, um novo espaço para debates. Cito esses dois blogs como exemplos de liberdade de expressão e de informação.
Tivemos que conviver com a censura durante duas décadas e assim que ela foi abolida, o sistema inventou a praga do ‘politicamente correto’. Essa ideologia é uma forma camuflada de censura. E é o ‘politicamente correto’ que tenta sepultar a imprensa alternativa, a liberdade de expressão. E para o mesmo túmulo está levando no vácuo a arte e a cultura. Não aparece mais nada que possa sacudir a mesmice, o status quo. Foi o ‘politicamente correto’ que determinou o reacionarismo da imprensa. Hoje não se faz jornalistas pensantes, mas ‘politicamente corretos’. É o fascismo do século 21.
Parece que ficar em cima do muro é a melhor forma do jornalista não questionar. E quando isso ocorre, sua concepção de mundo não passa das páginas amarelas e da capa da Veja. Essa grande imprensa, meio que messiânica, tenta determinar a ‘verdade’ para a classe média. E um bando de jornalistas - cujo ego é maior do que o talento - vai junto pelo mesmo ralo.
Não é à toa que os blogs fazem sucesso. É na blogsfera que é possível encontrar o “outro lado dos fatos”. E é justamente esse ‘outro lado’ - tão ensinado pelas faculdades de comunicação ‘politicamente corretas’- que está cada vez mais difícil de ser encontrado na imprensa tradicional.
Somos testemunhas de um novo tempo. Tentaram acabar com a expressão criando outra máscara para ocultar justamente o que todos querem que seja revelado. É nesse universo que surgem blogs como o Noticias da Província que faz sucesso justamente por revelar algo além da página dois dos jornais maringaenses. Muitos reclamam que o blog, apesar da grande leitura, é um espaço anônimo. A reclamação procede. Porém para ser ‘politicamente incorreto’ é necessário correr riscos, algo que o administrador do Noticias da Província teme. A era do politicamente correto é também a era da polícia, da patrulha, dos processos. São os mecanismos criados para provocar a morte do pensamento. Se estivéssemos numa sociedade democrática, não teríamos blogs anônimos e o tal de Noticias da Província não faria tanto sucesso.
Lamenta-se o anonimato, pois isso coloca em risco a credibilidade dos blogs já existentes e que cumprem bem seus espaços como veículos de informação alternativos. O anonimato elimina o debate, pois fica difícil discutir algo que se apresenta como conteúdo, mas sem rosto. Democracia é difícil de ensinar, mas o aprendizado é mais difícil ainda. A alternativa, quem sabe, é saber ser politicamente incorreto escrevendo por linhas certas.

3 comentários :

Anônimo disse...

Bulga,
Seu texto está ótimo, muito claro e esclarecedor.
Há dois dias, rola num blog uma discussão sobre anonimato mas abordando só um lado da questão.
O seu texto não tem ranço e é imparcial.
Parabéns, cara.

Anônimo disse...

Belo texto, Bulga. Vou tentar linkar no Casa.

Capitão Província disse...

Bulga, só hoje pudemos ler o seu post. Acho que foi o melhor sobre o anonimato na blogosfera. Cara, não somos jornalistas, mas adoramos escrever e invejamos, positivamente, gente como vocês, que sabem como escrever belos textos. Como estamos no meio desse mundo político, foi a única forma de expressarmos o inconformismo em relação aos desmandos e coisas erradas que esses caras fazem. Agora me diga: se nos revelássemos, quem nos daria emprego em Maringá? Você conhece a turminha daqui. Eu que não nasci em Maringá, sei o quanto ela esmaga quem não participa e aceita os que mandam e desmandam na cidade. Um grande abraço.