por Galeria do Futebol
2014.21.04
Manuel Francisco dos Santos, o Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha (Magé, 28 de outubro de 1933 – Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1983) foi um futebolista brasileiro que se notabilizou por seus dribles desconcertantes apesar do fato de ter suas pernas tortas. É considerado por alguns o maior jogador de futebol de todos os tempos e o mais célebre ponta-direita da história do futebol. No auge de sua carreira, passou a assinar Manuel dos Santos, em homenagem a um tio homônimo, que muito o ajudou. Garrincha também é amplamente considerado como o maior driblador da história do futebol.
Garrincha, "O Anjo de Pernas Tortas", foi um dos heróis da conquista da Copa do Mundo de 1958 e, principalmente, da Copa do Mundo de 1962 quando, após a contusão de Pelé, se tornou o principal jogador do time brasileiro. A força do seu carisma ficou marcada rapidamente nas palavras do poeta de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, numa crônica publicada no Jornal do Brasil, no dia 21 de janeiro de 1983, um dia após a morte do genial Garrincha:
"Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho." Carlos Drummond de Andrade.
Sua Biografia
Infância: o apelido "Garrincha"
De origem humilde, com quinze irmãos na família, Manuel dos Santos era natural de Pau Grande, um distrito de Magé, no estado do Rio de Janeiro. Sua irmã o teria apelidado de Garrincha, fazendo uma associação com o pássaro de mesmo nome, muito comum na região.
As pernas tortas
Uma das características marcantes que envolvem a figura de Garrincha relaciona-se a uma distrofia física: as pernas tortas. Sua perna direita, seis centímetros mais curta que a esquerda, era flexionada para o lado esquerdo, e a perna esquerda apresentava o mesmo desenho. Ambas as pernas eram, pois, tortas para o seu lado esquerdo. Garrincha era destro. Afirma Ruy Castro em seu livro que já teria nascido assim, mas há vários depoimentos no sentido que tal característica tenha sido sequela de uma poliomielite.
Início no futebol
Com quatorze anos de idade, começou a jogar amadoramente no Esporte Clube Pau Grande e seu talento, já manifestado, despertou a atenção de Arati: um ex-jogador do Botafogo. Não se sabe com certeza quem o levou a fazer um teste no Botafogo, mas nos minutos iniciais do primeiro treino, ele teria dado vários dribles em Nílton Santos, o qual já era um renomado jogador.
Vida pessoal
Garrincha casou-se com Nair, namorada da infância, com quem teve nove filhas. Suas filhas Tereza e Nadir já estão falecidas. Separou-se de Nair e foi casado com Elza Soares por 15 anos, de 1968 a 1983. Os dois tiveram um filho, Manuel Garrincha dos Santos Júnior (9 de julho de 1977 — 11 de janeiro de 1986), morto aos 9 anos de idade num acidente automobilístico. Neném, o filho dele com Iraci, anterior ao casamento com Elza, também morreu num acidente em Portugal em 20 de janeiro de 1992, aos 28 anos. Garrincha também é pai de um filho sueco: Ulf Lindberg, fruto de um relacionamento com uma sueca da cidade de Umeå, durante uma excursão do Botafogo à Europa em 1959.
Jogador profissional
Por praticamente toda a sua carreira (95% das partidas), Garrincha defendeu o Botafogo (no período de 1953-1965), além da Seleção Brasileira (de 1957-1966).
Já em fim de carreira jogou alguns meses no Sport Club Corinthians Paulista (1966), no Clube de Regatas do Flamengo (1969), e no Olaria Atlético Clube, porém já estava longe de seu auge. Integrou o elenco do Vasco, em um amistoso contra a seleção da cidade de Cordeiro (RJ), marcando um gol nesta partida. Sua contratação não foi fechada pela equipe cruzmaltina devido a sua má condição física e foi devolvido ao Sport Club Corinthians Paulista após o supracitado amistoso.
Enquanto esteve no Corinthians, o Jornal da Tarde de 26 de outubro de 1966 assim escreveu sobre Garrincha: "Mané veio para ser a alegria do Corinthians, não foi. É um homem triste que só vê a bola em treino no Parque São Jorge".
Jogou sessenta partidas pelo Brasil entre 1955 e 1966. Em todos os seus jogos, participou de apenas uma derrota (de 3 a 1 para a Hungria na Copa de 66). Com Garrincha e Pelé jogando juntos, o Brasil nunca perdeu.
Mesmo na Seleção Brasileira, Garrincha nunca abandonou sua forma irreverente de jogar. Voltava a driblar o jogador oponente, no mesmo lance, ainda que desnecessariamente, só pela brincadeira em si.
Nos clubes, jogou 614 vezes, marcando 245 gols pelo Botafogo e sua carreira profissional se prolongou de 1953 a 1972.
O último gol de Garrincha aconteceu no empate do Olaria Atlético Clube em 2 a 2 com o Comercial, dia 23 de março de 1972, no Estádio Palma Travassos em Ribeirão Preto. Foi, inclusive, o único gol de Mané pelo Olaria Atlético Clube.
Garrincha faleceu aos 49 anos em 20 de janeiro de 1983, vítima de cirrose hepática, tendo sido velado num caixão sob a bandeira do Botafogo. Em seu epitáfio lê-se "Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha." Conviveu com o excesso de ingestão bebida alcoólica ao longo de sua vida, principalmente cachaça. O fato do seu gosto pela branquinha era tão conhecido que algumas marcas traziam seu nome.
Em 2010, torcedores do Botafogo custearam uma estátua de quatro metros e meio e cerca de 300 kg, ao custo de R$ 56.000,00 pagos ao artista plástico Edgar Duvivier. Essa estátua encontra-se hoje em frente ao Estádio João Havelange, onde o Botafogo manda seus jogos.
Já em novembro de 2011 durante a convenção mundial de futebol Soccerex, Eusébio, maior jogador português e contemporâneo tanto de Pelé quanto Garrincha, declarou abertamente que considerava Garrincha o melhor jogador de todos os tempos.
Garrincha foi considerado o mais habilidoso jogador que já existiu em todos os tempos pois sua capacidade de driblar e envolver seus adversários era impressionante. Pelo Brasil perdeu apenas uma das 61 partidas que fez com a camisa da Seleção. Em 1998, foi escolhido para a seleção de todos os tempos da FIFA, em eleição que contou com votos de jornalistas do mundo inteiro.
Os números de Garrincha
Botafogo
Partidas: 614
Gols marcados: 245
Partida de estreia: Botafogo 6 – 3 Bonsucesso (19 de julho de 1953)
Primeiro gol: na partida Botafogo 6 – 3 Bonsucesso (19 de julho de 1953).
Última partida: Botafogo 2 – 1 Portuguesa-RJ (16 de setembro de 1965)
Último gol: Botafogo 1 – 0 Flamengo (22 de agosto de 1965)
Corinthians
Partidas: 13
Gols marcados: 2
Partida de estreia: Corinthians 5 – 3 Vasco da Gama (2 de março de 1966)
Primeiro gol: Corinthians 3 – 2 Cruzeiro (13 de março de 1966)
Última partida: Corinthians 3 – 2 Santos (9 de outubro de 1966)
Último gol: Corinthians 2 – 0 São Paulo (19 de março de 1966)
Junior Barranquilla
Partidas: 1
Gols marcados: 0
Única partida: Junior 2 – 3 Santa Fé (20 de agosto de 1968)
Foi uma passagem muito breve pelo clube.
Flamengo
Partidas: 15
Gols marcados: 4
Partida de estreia: Flamengo 0 – 2 Vasco da Gama 30 de novembro de 1968)
Primeiro gol: Flamengo 2 – 2 America (19 de janeiro de 1969)
Última partida: Flamengo 1 – 0 Campo Grande (14 de dezembro de 1969)
Último gol: Flamengo 2 – 1 ABC (9 de fevereiro de 1969)
Olaria
Partidas: 10
Gols marcados: 1
Partida de estreia: Olaria 1 – 1 Flamengo (23 de fevereiro de 1972)
Última partida: Olaria 1 – 5 Caldense (7 de setembro de 1972)
Único gol: Olaria 2 – 2 Comercial (23 de março de 1972)
Brasil
Partidas: 60
Gols: 16
Partida de estreia: Brasil 1 – 1 Chile (18 de setembro de 1955)
Primeiro gol: Brasil 5 – 0 Corinthians (28 de maio de 1958) – Garrincha marcou 2 gols na partida
Última partida: Brasil 1 – 3 Hungria (15 de julho de 1966)
Último gol: Brasil 2 – 0 Bulgária (12 de julho de 1966, [[Copa do Mundo de 1966)
Seleção Carioca
Partidas: 9
Gols: 7
Partida de estreia: Rio de Janeiro 3 – 2 Pernambuco (9 de março de 1955)
Primeiro gol: Marcado na partida acima.
Última partida: Rio de Janeiro 6 – 4 São Paulo (19 de dezembro de 1962)
Último gol: Marcado na partida acima.
Obs: Aqui está computada também a partida Combinado Botafogo-Flamengo 6 – 2 Honved-Hungria (7 de fevereiro de 1957), no qual Garrincha marcou 1 gol.
Total geral
Partidas: 688
Gols marcados: 268
Títulos
Botafogo
Internacionais
Torneio Internacional de Paris: 1963
Torneio Quadrangular Interestadual: 1954
Torneio Pentagonal do México: 1958
Torneio Internacional da Colômbia: 1960
Torneio Internacional da Costa Rica: 1961
Torneio Pentagonal do México: 1962
Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz: 1964
Copa Ibero-Americana: 1964
Panamaribo Cup: 1964
Nacionais
Rio-São Paulo: 1962 e 1964
Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo: 1961
Campeonato Carioca: 1957, 1961 e 1962
Torneio Início: 1961, 1962, e 1963
Seleção Brasileira
Copa do Mundo FIFA: 1958
Copa do Mundo FIFA: 1962
Taça Bernardo O'Higgins: 1955, 1959 e 1961
Taça Oswaldo Cruz: 1958, 1961 e 1962
Superclássico das Américas: 1960
Corinthians
Torneio Rio-São Paulo: 1966
Copa Cidade de Turim: 1966
Garrincha participou também de vários amistosos pelo Brasil e pelo exterior, integrando o Milionários o time da AGAP-RJ (Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado do Rio de Janeiro); diversas equipes amadoras da Itália, e clubes sem expressão do interior do Brasil. Estas partidas não têm valor para estatísticas.
Vavá, Garrincha e Amarildo - 1962 |
Sequência de Títulos de Garrincha
Torneio Quadrangular Interestadual (I): 1954 (I)
Taça Bernardo O'Higgins (Brasil): 1955
Campeonato Carioca (II): 1957
Copa do Mundo FIFA (Brasil): 1958
Taça Oswaldo Cruz (Brasil): 1958
Torneio Pentagonal do México (I): 1958
Taça Bernardo O'Higgins (Brasil): 1959
Superclássico das Américas (Brasil): 1960
Torneio Internacional da Colômbia (I): 1960
Taça Bernardo O'Higgins (Brasil): 1961
Taça Oswaldo Cruz (Brasil): 1961
Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo (II): 1961
Campeonato Carioca (II): 1961
Torneio Início do Campeonato Carioca (II): 1961
Torneio Internacional da Costa Rica (I): 1961
Copa do Mundo FIFA (Brasil): 1962
Taça Oswaldo Cruz (Brasil): 1962
Torneio Rio-São Paulo (II): 1962
Campeonato Carioca (II): 1962
Torneio Início do Campeonato Carioca (II): 1962
Torneio Pentagonal do México (I): 1962
Torneio Início do Campeonato Carioca (II): 1963
Torneio Internacional de Paris (I): 1963
Torneio Rio-São Paulo (II): 1964
Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz (I): 1964
Taça Ibero-Americana: (I) 1964
Taça Panamaribo (I): 1964
Torneio Rio-São Paulo (IV): 1966
Copa Cidade de Turim (IV): 1966
Legenda:
(I) Título de dimensão internacional pelo Botafogo.
(II) Título de dimensão nacional pelo Botafogo.
(III) Título de dimensão estadual pelo Botafogo.
(IV) Título obtido pelo Corinthians.
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