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domingo, setembro 09, 2012

Roberto Silva, o Príncipe do Samba, morre aos 92 anos



Na quinta feira, conversava com o historiador João Laercio Lopes que comentava sobre a importancia de Roberto Silva para a MPB. E hoje, encontro a noticia:
O cantor e compositor carioca Roberto Silva, conhecido no meio musical como o "Príncipe do Samba", morreu na madrugada deste domingo, às 3h30m. Diagnosticado há seis meses com um câncer na próstata, o sambista de 92 anos teve um AVC na quarta-feira e foi levado ao hospital, onde foi constatado que alguns órgãos pararam de funcionar. Lúcido, Silva pediu para ser levado para casa e chamou seus familiares.

— Viemos todos, de vários lugares diferentes, a pedido dele. Meu avô estava em casa, como queria, e morreu em paz. Passamos a noite rezando — conta a neta Amanda Napoleão.



Zeca Pagodinho lamentou a morte do ídolo:
— A gente perde um grande sambista. uma pessoa completamente do bem, e que viveu com muita dignidade.


Foram quase 75 anos dedicados à música. Nascido em Copacabana, mas criado em Inhaúma, ele começou a cantar ainda garoto e se destacou pela voz grave e pelo estilo, inspirado inicialmente em Orlando Silva. Sua interpretação, que se destacava pelo sincopado, logo chamou atenção no seu primeiro sucesso, “Mandei fazer um patuá” (R. Olavo/N. Martins). Trabalhou na Rádio Nacional, levado por Paulo Gracindo, e depois migrou para a Tupi, onde passou 17 anos e ganhou o apelido com que ficaria conhecido por toda a vida. Foi nesta época que gravou seus sambistas preferidos, como Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Haroldo Lobo, Bide & Marçal.
“Maria Teresa” (Altamiro Carrilho), “Juraci me deixou” (Raimundo Olavo/ Oldemar Magalhães), “Escurinho” (Geraldo Pereira) e "Notícia" (Nelson Cavaquinho) foram alguns dos sambas que ficaram conhecidos em suas gravações. Veja o sambista cantando esta última na comemoração de seus 70 anos de carreira.
Apesar da idade avançada, Roberto estava bem e vinha fazendo shows, como o que relembrou seu disco
“Descendo o morro” no Instituto Moreira Salles (RJ), em junho. O álbum, de 1958, fez tanto sucesso que ganhou três continuações, de 2 a 4.
— Fui abençoado por uma voz que me permite cantar de tudo, canções, valsas, baiões e até bolero, mas é com o samba que mais me identifico — disse na ocasião, garantindo que mantinha o instrumento de trabalho em forma graças aos 20 minutos de exercícios vocais que fazia toda manhã.


Em 2002, ele integrou o elenco do espetáculo "O samba é a minha nobreza", em que se apresentava ao lado de novos sambistas revelados pela Lapa, como Pedro Miranda e Pedro Paulo Malta, ganhando uma nova geração de fãs. O show contava com uma vinheta gravada com João Gilberto reverenciando o Príncipe do Samba, que era um de seus ídolos.
Roberto, que completou 92 anos em abril, deixou sete filhos e 30 netos, bistetos e tataranetos. O velório acontece hoje às 12h e o enterro às 15h40, no Cemitério de Inhauma, na Capela Santa Isabel, sala B.

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