NOS ACOMPANHE TAMBÉM :

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Avatar e o arrependimento branco




Finalmente assisti hoje o blockbuster ‘Avatar’ do modesto James Cameron que se auto-intitula o Rei do Mundo. Não tenho dúvidas de que ele seja, pois essa produção que demorou 12 anos corre o risco de ser a maior bilheteria de todos os tempos e de quebra, deve levar um sacolão de Oscars pra casa. É o rei do mundo porque o mundo gosta de Cameron.
Fui assistir em 3D. Como já uso óculos de grau, custei um pouco para me adaptar. Era muito óculos para pouco nariz. E olhando para os lados, parecia que todos estavam com máscaras do Batman.
. Começa Avatar. Estou vidrado nas imagens. A terceira dimensão é fascinante. Vale a pena conferir. A tecnologia é tanta que até dá vontade de dar um tapa no inseto virtual que sobrevoava a cabeça do espectador da fila da frente.
Cameron, de início, nos enche de informações. Parece que vamos ter dificuldades para entender o enredo, mas logo, para nosso conforto e preguiça, tudo é pulverizado num argumento simples e até ingênuo.
“No futuro, Jaze é o ex-fuzileiro naval paraplégico enviado a um planeta chamado Pandora. Lá, além da riqueza em biodiversidade, existe também a raça humanóide Na'vi, com sua própria língua e cultura. O que evidentemente entra em choque com os humanos da Terra.Aos poucos, o ex-fuzileiro vai se identificando com os Na´vi até tornar-se um deles.
Essa história de personagem com problemas de identidade me remeteu a “O pequeno Grande Homem” (Little Big Man, 1970). Nesse filme de Artur Penn, um homem branco conta a vida que passou ao lado dos índios Sioux. Ele acaba não conseguindo interagir com os brancos nem com os índios. No final, acaba tornando-se um guerreiro, optando pelo modus vivendi dos ‘selvagens’. Até Kevin Costner gostou da idéia e fez seu Dança Com Lobos.
Mais uma vez o cinema norte-americano mostra as civilizações primitivas dentro do velho clichê: raças espiritualmente superiores, ressaltando todo seu humanismo, mas somente o homem branco é capaz de salva-las.
Em ‘Um Homem Chamado Cavalo” (A Man Called Hors, 1975), Richard Harris é o inglês capturado por uma tribo de índios Sioux. Aos poucos, ele interage com a vida da tribo, se apaixona pela irmã do chefe e passa por testes até tornar-se um guerreiro. O mesmo ocorre com o personagem principal de Avatar.
Mas Cameron não vai aceitar rótulos racistas. Estudou a cartilha do politicamente correto durante vinte anos na concepção desse marco tecnológico.
Para completar, temos um vilão – um chefe militar - à moda Rambo. Caricato e quase indestrutível. Vai morrer depois de uma vertiginosa batalha de vinte minutos. Ele merece. O homem é tão insuportável que até compensa destruir toda uma floresta para liquida-lo. A natureza agradece.

Nenhum comentário :