Uma das invenções mais revolucionárias dos últimos 200 anos foi o jeans. E nada substitui minhas calças jeans. Não importa a marca. Bom, isso é o que pouco importa, pois não me lembro de eu ter comprado uma única calça nos últimos 45 anos.
Pelas contas do período de engorda e de emagrecimento, me restam apenas umas quatro ou cinco calças para o meu dia a dia.
Era uma e meia da tarde de quarta-feira, 20 de janeiro de 2010. Estava eu a almoçar. O céu escurecia, mas nem sinal de chuva. Vento. Mas muito vento mesmo.Ana corre para fechar as janelas do apartamento.
- Sua calça! Sua calça sumiu!
Isso mesmo, minhas senhoras e senhoras. A pobre calça jeans descansava após o banho da máquina de lavar e estava secando na janela, no quarto andar do edifício Copacabana.
Ana, preocupada, desceu pelas escadas dos quatro andares em busca de uma pista. No estacionamento?
Debaixo dos carros? Na portaria? Alguém teria visto e colocado suavemente a calça em algum canto perto da churrasqueira? No prédio a calça não estava. Na calçada, uma pista: Ana encontra os pregadores que seguravam a calça na janela.
A dedução é lógica: alguém encontrou a calça jeans na rua e a levou. Mas que mundo nós estamos! A pessoa acha uma calça, se desfaz dos pregadores e a leva sem sequer procurar um possível dono! Talvez poderia tentar encontrar quem possa estar sem calças...
Jogamos maldições ao ladrão de calças! E a partir daquele momento, todos que passavam pela rua tinham um olhar, um jeito de andar e de se comportar como um verdadeiro ladrão de calças!
Terminamos a refeição intrigados. O mundo, meus amigos, está cheio de ladrões!
Ana vai para a sacada na vã tentativa de tentar entender o ocorrido. “O vento foi muito forte e levou a calça para fora dos limites do prédio”. Nesta altura, a dita cuja deve estar andando por aí com um novo par de pernas.
Ana olha para os pássaros. Para a grande sibipiruna que abraça o prédio.. Que grande pássaro azul será aquele que repousa entre os galhos? É ela ! A calça jeans no mais alto galho da mais alta árvore da rua Ivaí!
Entre risos e alívio, veio a constatação: como tirar uma calça de uma árvore? Pelos cálculos iniciais, ela está na altura de um prédio de quatro ou cinco andares.
Fui até a rua conferir e tentar encontrar uma solução.
- ‘Ei vizinho! A calça é tua? Hehehe... Eu vi quando ela voou!’
Respondo com um riso amarelo: “Ah é, é? “.
Raciocínio rápido: a Copel tem uma caçamba para troca de lâmpadas nos postes. A secretaria de serviços urbanos também tem algo parecido. Ou seria necessária uma escada magirus de uso exclusivo do Corpo de Bombeiros?
Não encontro desculpa alguma para acionar um órgão público no resgate da minha calça jeans... Se eu dissesse que minha tartaruga subiu na árvore? Ou que há um suicida na sibipiruna?
O tempo passa e já estou resignado. Pela janela do apartamento, vejo a calça de soslaio. Agora, quando vou para o trabalho, tento encontra-la em meio as folhagens. Lá ficará ela, com as duas pernas dignamente entrelaçadas pelos mais altos e finos galhos.
Será agora o meu amuleto. Só me sinto bem quando olho para a sibipuruna em busca do desbotado pássaro de jeans.
Uma atração turística na rua Ivaí, Maringá.
5 comentários :
hahahahahahahaha.
Nunca vi vc sem calça(e nem quero), uma perda realmente lamentavel meu caro Marcelo.
Cara, foi a história mais hilária que já li.
Merece o prêmio Publisher.
Espero que um dia, o grande pássaro azul pouse e consigam se encontrar.
Putz Bulga, só você mesmo! Morri de rir aqui na redação - e olha que você sabe disso.
Parabéns! Você se superou!
hahahaha
Eu ri muito disso!!!
Quando eu passar na Rua Ivaí, vou ficar de olho nas árvores! rsrs
Que sirva de lição. Nunca mais vai almoçar sem calças, pelo menos não em dias de vento. Hahahah
Indicação cinematografica: Quatro amigas e um Jeans viajante.
Hhehehehhehe
Postar um comentário