A história aconteceu em abril de 1938 em São Paulo e teve um final assustadoramente trágico, no entanto, começou de uma forma curiosa. Segundo relatos de presentes no local, um pânico tomou conta de uma das salas do Cine Oberdan por conta de um grito de fogo. No entanto, nunca houve qualquer sinal de incêndio. Muitos atribuíram o ocorrido a certo momento do filme em que dois aviões se chocavam, o que teria motivado o grito de um espectador. Mesmo sem sinais de fumaça, a sala lotada de crianças foi invadida pela histeria coletiva, o que resultou em dezenas de pessoas pisoteadas e mais de 30 mortos.
O Cine Oberdan, localizado no bairro do Brás, era uma sala popular de cinema, bastante frequentada por famílias e jovens. Na fatídica noite, durante a exibição do filme A Cor do Céu, um incêndio de grandes proporções tomou conta do cinema. O fogo foi causado por um curto-circuito no sistema elétrico que entrou em contato com os rolos de filme, feitos de nitrato de celulose, um material altamente inflamável.
O incêndio se alastrou rapidamente, e o desespero tomou conta da plateia, composta majoritariamente por crianças e adolescentes. Com as saídas de emergência bloqueadas ou insuficientes, muitas pessoas ficaram presas no local. A tragédia resultou em mais de 40 mortes e dezenas de feridos, causando comoção em todo o país.
O incêndio trouxe à tona a negligência com as condições de segurança em cinemas e teatros no Brasil. Após a tragédia, houve maior pressão por regulamentações que exigissem saídas de emergência funcionais, sistemas de combate a incêndios e materiais menos inflamáveis nos equipamentos de exibição.
Além disso, o episódio reforçou a necessidade de modernizar os cinemas brasileiros, que ainda utilizavam tecnologias obsoletas e perigosas, como os rolos de filme de nitrato de celulose, que foram substituídos gradualmente por acetato, um material menos inflamável.
A Tragédia do Cine Oberdan ficou registrada na memória coletiva como um símbolo da vulnerabilidade de espaços públicos mal administrados. Também serviu como alerta sobre a responsabilidade das empresas de entretenimento em garantir a segurança de seus frequentadores.
O Cine Oberdan nunca se recuperou totalmente do ocorrido. Seu fechamento definitivo foi seguido pela demolição do prédio anos depois, e o local hoje é ocupado por construções modernas, sem vestígios físicos da tragédia.
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