terça-feira, agosto 08, 2006
AP APERTADO
Recebi pelo e-mail e achei interessante...
Na casa de Helenita, mal cabem os braços abertos
Casa 'apertadinha' construída em Madre de Deus (BA) tem menos de 2 m de largura para sustentar 3 andares. E ela ainda vai ganhar cobertura. A casa não poderia estar em local mais apropriado: Madre de Deus, a menor cidade da Bahia - com apenas 11 km2, o equivalente a três Cidades Universitárias da Universidade de São Paulo (USP)-, a pouco mais de 50 km de Salvador, na Baía de Todos os Santos. Quem vê, logo percebe que alguma força divina a segura de pé. São três pavimentos equilibrados em uma área de menos de 2 metros de largura, abrigando duas salas, cozinha, três suítes e uma varanda. Tudo apertadinho. Abrindo os braços, é possível encostar as mãos
nas paredes.
A pitoresca residência chegou ao conhecimento do Estado por uma foto enviada por Valter Real ao projeto FotoRepórter, em que qualquer pessoa pode registrar cenas do cotidiano e enviá-las à redação - as imagens selecionadas ganham destaque no site e podem ser publicadas no jornal.
A foto chamou a atenção da reportagem, que entrou em contato com a dona da casa, Helenita Queiroz Grave Minho, de 43 anos. O "projeto" foi de autoria dela própria. "Eu quis aproveitar tudinho o que tinha de terreno", disse a moradora, que vive com o marido, Marco Antonio, de 46, três filhos, a mãe, a irmã e um cachorro.
Tudo começou com um "quartinho de bagunça" que Helenita teve idéia de construir nos fundos da casa para guardar os brinquedos da filha, de 8 anos.
Depois, Helenita ficou desempregada e resolveu aproveitar um "resto de terreno" para construir outra casa, que, alugada, seria uma fonte de renda.O problema era o terreno, muito estreito. Marco Antonio achou maluquice da mulher. "Até o pedreiro achou estranho quando eu encomendei o serviço, mas eu disse para ele: 'Faz uma estrutura bem boa que eu vou subir uma casa aí. E subi dois andares. Ainda dá pra mais um." Mesmo desconfiado, o pedreiro aceitou o serviço, mas foi logo avisando que aquilo "não daria certo de jeito nenhum". E desafiou: "Nem uma geladeira entra em uma casa dessas". De fato, os móveis tiveram de ser desmontados para entrar na casa. A geladeira foi colocada pelo vão nos fundos, onde a largura é um pouco maior do que na frente.Terminada a obra com duas suítes, sala e cozinha, Helenita não se deu por
satisfeita. Convenceu Marco Antonio a usar o dinheirinho guardado para completar a casa de seus sonhos com mais uma sala, outro quarto e banheiro e uma varanda. "Foram dois anos de luta", diz. E a casinha nova, que começou modesta, terminou maior do que a antiga.
Hoje, a primeira casa rende à família R$ 700 por mês de aluguel. Já a nova residência, Helenita não aluga nem vende "por nada". "Não troco a minha casinha por dinheiro nenhum", diz, orgulhosa de ver terminada a sua obra."É mais forte e segura do que as outras. Não balança nem com vento forte."
No início, a prefeitura criou problemas, mas com a planta acabou aceitando a obra, que hoje virou ponto turístico da cidadezinha de 12 mil habitantes. Na frente da casa, há bancos onde os turistas passam o tempo sentados a observar a estranha construção. Alguns, mais curiosos, pedem para entrar e tirar fotos. Helenita deixa. O casal agora tem planos para construir um quarto pavimento, na cobertura, "aberto, para lazer, com churrasqueira e tudo".
Adriana Carranca, Juca Varella-Oesp-18/07/06
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