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segunda-feira, julho 16, 2018

Brasil x Uruguai

A camisa do Brasil era branca. E nunca mais foi branca, desde que a Copa de 50
demonstrou que essa era a cor da desgraça.
Duzentas mil estátuas de pedra no Maracanã: a final tinha acabado, o Uruguai era o
campeão do mundo, e o público não se mexia.
No campo, alguns jogadores ainda perambulavam.
Os dois melhores, Obdúlio e Zizinho, se cruzaram.
Se cruzaram, se olharam.
Eram muito diferentes. Obdúlio, o vencedor, era de ferro. Zizinho, o vencido, era feito de
música. Mas também eram muito parecidos: os dois tinham jogado a copa inteira machucados,
um com o tornozelo inflamado, o outro com o joelho inchado, e de nenhum deles ninguém ouviu
uma única queixa.
No fim do jogo, não sabiam se trocavam uma porrada ou um abraço.
Anos depois, perguntei a Obdúlio:
– E você tem visto o Zizinho?
– Tenho. De vez em quando. Fechamos os olhos e nos vemos.

(Eduardo Galeano em "O Filho dos Dias")

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