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segunda-feira, dezembro 04, 2017

A arte não tem idade


No ano de 1633, mais dia, menos dias, nasceu Gregório de Matos, o poeta que melhor
sabia debochar do Brasil colonial.
Em 1969, em plena ditadura militar, o comandante da sexta região denunciou seus poemas,
que dormiam o sono dos justos fazia três séculos na biblioteca da Secretaria de Cultura da
cidade de São Salvador da Bahia, como sendo subversivos, e os atirou na fogueira.
Em 1984, num país vizinho, a ditadura militar do Paraguai proibiu uma peça que ia estrear
no teatro Arlequín, por se tratar de um panfleto contra a ordem, a disciplina, o soldado e a lei.
Fazia vinte e quatro séculos que a peça, As troianas, havia sido escrita por Eurípides.

EDUARDO GALEANO,
gregorio de matos 

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