Hoje foi batizada, em 1819, em Buenos Aires, Juana Manso.
As águas sagradas a iniciaram no caminho da mansidão, mas
Juana Manso nunca foi mansa. Contra ventos e marés, ela fundou, na Argentina e no Uruguai, escolas laicas e mistas, onde se misturavam meninas e meninos, e o ensino da religião não era obrigatório, e o castigo físico era proibido.
Escreveu o primeiro texto escolar da história argentina e várias
obras mais. Entre elas, um romance que batia duro na hipocrisia
conjugal. Fundou a primeira biblioteca popular do interior do país.
E se divorciou quando o divórcio não existia. Os jornais de Buenos Aires se deleitavam insultando-a. Quando morreu, a Igreja negou-lhe sepultura.
(do livro Os Filhos dos Dias, de Eduardo Galeano, um calendário histórico poético)
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