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sexta-feira, junho 05, 2015

Procissão de Sexta-Feira Santa - Paulinho Nogueira



É dia de procissão de Sexta Feira Santa
(Meu Pai saia na Irmandade do Santíssimo)

Nesse dia lá em casa
Nem mesmo criança podia brincar...
E quase ninguém sorria
A gente não podia nem assobiar
Sempre a procissão passava
Lá na minha rua, ao anoitecer
Chegavam muitos amigos
Parentes antigos, que vinham pra ver

Batia o sino da igreja
Todos pra janela pra pegar lugar
Gentarada na calçada
Esperando, cansada, mas sem reclamar
Lembro a figura do Jonas,
Um homem estranho, tipo popular
Sempre passava na frente
Avisando a gente que ia começar

Silêncio na minha rua
Todos se ajoelhavam pro SENHOR passar
Cada um, como JESÚS,
Carrega sua cruz, sem se desesperar
O canto atroz da VERÔNICA
Me transmutia uma forte impressão
Mostrando o lenço manchado
Sangue derramado do CRISTO, em vão

Vinha o corpo carregado
Daquele que um dia, por amor morreu
AVE MARIA por NOSSA SENHORA
Que chora o FILHO que perdeu
E a multidão seguindo
Alimentando sonhos, tudo em seu louvor
Acho que todo esse povo
Espera de novo o seu SALVADOR...

É dia de procissão de Sexta-Feira Santa...
(Meu Pai saia na Irmandade do Santíssimo)

"Paulinho Nogueira - Simplesmente"
Discos Continental/ Julho/1974



Um comentário :

Luís Rocha disse...

Conheci Paulinho, não de frequentar a casa, mas de acompanhá-lo num canto do estudio (Sonima?) durante a gravação do disco "Simplesmente", onde uma das faixas é essa música (Procissão de 6a feira Santa).
Pessoa quieta, humilde e serena. Nelson Ayres, que fez os arranjos, outro gênio.
Acho a música uma obra prima: ele consegue deslocar o ouvinte no tempo e no espaço para o dia e local da Procissão.