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terça-feira, março 06, 2012

A Radio Cultura AM Maringá

Fico sabendo pelo blog do Angelo Rigon  que a histórica Rádio Cultura AM de Maringá foi vendida para um grupo evangélico. Me lembrei de inúmeras matérias sobre a rádio, publicadas em O Diário. Abaixo, o texto, na íntegra,  do momento em que a Cultura foi para o grupo O Diário, em março de 2002.

Rádio Cultura AM, a mais antiga emissora de radiodifusão de Maringá, faz agora parte do grupo O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ. Nesta semana a equipe formada por 16 funcionários registrados na “rádio do leão” teve o primeiro encontro com o presidente de O DIÁRIO, Franklin Vieira da Silva e os demais novos sócios da emissora.
Foi uma animada reunião, principalmente porque a nova direção só quer melhorar e não mudar o time vencedor da pioneira rádio maringaense. O clima de confraternização serviu para entrosar a equipe com a nova diretoria da rádio composta pelos sócios Patrícia Rodrigues Vieira da Silva, Josué Tadashi Endo, Michael Vieira da Silva e César Luis de Carvalho. Este último é o procurador de Rosey Rachael da Silva, vice-presidenta de O DIÁRIO.
Franklin elogiou a integridade e espírito de equipe dos funcionários e os tranquilizou ao garantir que o time será mantido. Aliás, ele não escondeu o carinho que sempre manteve pela emissora onde começou na carreira de locutor. “A única coisa que vai mudar é que eu vou toda hora falar no microfone”, brincou.

NO ESTÚDIO
A grande novidade é a construção de um novo estúdio dentro do parque gráfico de O DIÁRIO. Essa interação com o jornal, possibilitará total entrosamento entre as empresas. “Nós crescemos com o jornal e agora está na hora de crescermos junto com vocês”, disse César Luis de Carvalho. A “nova casa” será inaugurada, provavelmente, antes de agosto como um presente para a Rádio Cultura que completará 52 anos em 15 de julho.

A EQUIPE
Ao adquirir a Rádio Cultura, O DIÁRIO acabou também ganhando uma grande família. E muito experiente. Boa parte dos locutores é de veteranos o que vem mantendo a tradição da emissora. Em uma pesquisa, Top Mind, ela ficou em primeiro lugar como a mais lembrada por 75% dos entrevistados.
O filão explorado pela emissora, desde a sua origem, ainda é a música caipira e sertaneja. Reginaldo Nunes Ferreira, diretor comercial, vai continuar na frente da rádio junto com a nova diretoria. “Com toda humildade, temos muito que aprender com vocês”, disse Frank.

O TIME DA CULTURA
A Cultura também tem investido no esporte, acompanhando as partidas do Grêmio Maringá sob o comando de Ananias Rodrigues e a Equipe de Ouro. Também é bom conferir o Domingo Esportivo, das 13 às 19h30. O ouvinte é colocado no ar para opinar e dar o placar da jornada, podendo ganhar prêmios.
Mas vamos por partes. A programação começa bem cedo, às 5 horas com Toledo Sertanejo. Antonio Carlos de Toledo contabiliza 20 anos de Rádio Cultura e seu programa é uma miscelânea com músicas, ofertas de emprego, cotações do mercado agrícola, reclamações, críticas e muita informação.
Junto com ele aparece também o versátil repórter Advanil, o Marronzinho. Ele praticamente participa de todos os programas da emissora com flashes diretamente das ruas.
Na sequência, temos a Patrulha da Cidade, programa Rogério Ricco. Das 8 às 10 horas, os ouvintes participam de um dos programas mais polêmicos da cidade. Aqui, os casos policiais têm repercussão, mas a política e as notícias do dia a dia não são deixadas de lado.

TARDES DA CULTURA
Depois, tudo pronto para a primeira parte da Rádio Revista de Ivo Cunha com muitas informações e mensagens de otimismo. É uma hora de programa, entre 10 e 11 horas. A segunda parte, mais ampla, vai ao ar das 14 às 16 horas.
Na sequência, A Voz do Povo com Paulo Mantovani, de segunda à sábado, das 11 ao meio-dia. “São broncas, informações e até diversões. Tem sempre alguém para contar alguma coisa pra gente colocar no ar”. Uma das últimas novidades, por sinal, foi a participação de um vidente.
Na produção, Flávio Mantovani e o comentarista Antonio Vaccaro. São 19 anos de programa, sendo que quatro somente na Rádio Cultura. “Frank sempre foi um incentivador e fiquei muito contente em ele ter adquirido a emissora. Estou muito à vontade”, admitiu Mantovani.
E de meio-dia a uma da tarde, o torcedor tem encontro marcado na arquibancada de Ananias Rodrigues e a Equipe de Ouro durante a Marcha do Esporte. É uma preliminar diária do domingo esportivo da Cultura.

ELAS NA CULTURA
Mas as ouvintes não são deixadas de lado. Das 16 às 19 horas, Maria Cristina comanda Sertão na Cidade com muitos recados, receitas, simpatias, horóscopo, cuidados com a saúde e muita música de primeira.
Maria Cristina entrou para a Rádio Cultura em 1976 e trabalhava no departamento comercial. “O rádio AM abre essas possibilidades. Você acaba aprendendo um pouco de tudo”, admite
Essa versatilidade é confirmada pelo jovem Leonardo Pereira da Silva, ou Leonardo Filho, 19 anos, o comandante do Show da Tarde, das 13 às 14 horas. Começou como operador, teve sua chance e arrebentou no programa que fala de música, tevê, novelas e quadros como “de quem é essa voz?”.
No fim de noite, as atenções giram em torno de João Pereira, um veterano de 70 anos (42 só de rádio) que apresenta o melhor da música de raiz. Violeiro, o locutor tem um público fiel desde quando começou na Rádio Cultura, em 1960.

COMO TUDO COMEÇOU
A Rádio Cultura AM foi inaugurada no dia 16 de junho de 1951, na avenida Herval, por Samuel Silveira, na antiga frequência de 1.520 kHz com o prefixo ZYS-23. Um dos sócios era Joaquim Dutra que mais tarde, coincidentemente, fundou O DIÁRIO.
A potência era de apenas 100 watts. A Companhia Melhoramentos foi a grande incentivadora da empreitada. Um prédio teve que ser construído e a rádio funcionava com “motores” porque Maringá não possuía ainda luz elétrica.
Os programas sertanejos contavam com um auditório. O local, por ser o único espaço com iluminação artificial, era cedido para outros eventos como a criação da Associação Comercial e do Rotary Club.
Não existia gravador de fita. O único existente na época era em acetato. Assim, errar não era permitido. Mais tarde surgiu o gravador de arame, depois substituído pelo tape. Hoje as gravações são em cassete ou CD e se utiliza muito o computador. Na programação da época, o grande sucesso era o Clube do Caçula como Ivens Pacheco, nos domingos pela manhã. Muito popular também foi Ary de Lima, poeta maringaense que fazia um programa como Nhô Juca. O noticiário ficava por conta de Cal Garcia, advogado.
Outro fato marcante foi a transmissão do primeiro resultado eleitoral da cidade, em 1952, com a eleição do prefeito Villanova. Tudo foi irradiado diretamente de Mandaguari por meio de uma linha telefônica cedida pela Companhia Melhoramentos.

PIONEIRISMO
A Rádio Cultura foi a pioneira de uma série de outras emissoras que formaram a Rede Paranaense de Rádio. Samuel Silveira e Joaquim Dutra fundaram ainda outros órgãos de comunicação como “O Jornal de Maringá”, “Folha do Norte”. Silveira também fundou a TV Cultura. Em 1957, Carlos Piovezan Filho foi convidado para ingressar na rádio. Seis anos depois, foi a vez de Reginaldo Nunes.
Na mente de todos, principalmente dos ouvintes antigos, ainda se pode ouvir as palavras inaugurais: “Senhores, senhoras, esta é a ZYS-23, Rádio Cultura de Maringá em 1.520 kHz, inaugurando suas atividades”. E hoje se pode dizer: “senhoras e senhores, esta é a Rádio Cultura de Maringá, uma emissora do grupo O DIÁRIO DO NORTE DO PARANÁ”.
Foto O Diário, publicada em 29 de março de 1998 na Radio Cultura AM. O garotão é o Oséias Miranda. Ao lado, Edivaldo Ferreira, Rogério Rico e Ivo Cunha. Eu assinei a reportagem e Nelson Jaca Pupim fotografou.

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