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quarta-feira, março 07, 2012

Garrinha


Por Armando Nogueira


Driblar, tendo as pernas tortas – e driblar como ninguém – eis um mistério de Garrinha que eu não ouso explicar;
Driblar, tendo uma perna mais curta do que a outra – e driblar como ninguém- eis um mistério de Garrincha que tu não ousas explicar;
Driblar tendo um desvio na espinha dorsal – e driblar como ninguém – eis um mistério de Garrincha que ele não ousa explicar;
Driblar, tendo a bacia deslocada no sentido oposto ao desalinho das pernas – e driblar como ninguém – eis um mistério de garrincha que nos não ousamos explicar;
Driblar quase sempre para o mesmo lado, repetindo o gesto mil vezes para mil vezes afirmar-se negando o próprio conceito de drible- eis um mistério que não ousais explicar;
Driblar, como o já o vi driblar, tendo o ombro enfaixado, o braço imobilizado, a clavícula quase quebrada – e driblar como ninguém – eis um mistério e Garrincha que eles não ousam explicar;
Driblar – e driblar com tanta graça e naturalidade – eis um mistério de Garrincha que só Deus pode explicar.

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