O primeiro final de semana teria macarrão instantâneo, uma garrafa de vinho perdida, um livro a escolher e Cats in the Cradle no CD.
Na sacada olhava pra donas de casa e suas sacolas. Pássaros, pombas amargosas. Vai chover. Acredita.
Decidiu mudar de paisagem e de janela.
Pegou o carro e acelerou. Teve vontade de visitar o cemitério. Não sabia bem o porque. Não tem parentes enterrados por ali. Mas queria alguma tranquilidade justamente por isso.
Contornou a catedral. Pensou em pegar a Pedro Taques e seguir adiante. Não o fez.
Pela estrada. A chuva, talvez. Nuvens se desprendem e deixam escapar minguados raios de sol. Ele queria ver a soja, o milho, o trigo. Não encontrarás algodão.
Pela Estrada Pinguim. Queria saber agora, porque cargas dágua aquela estrada tinha aquele nome. Tentava distrair a mente, a memória. Quem sabe, uma distração da sorte. Cats in the Cradle o acompanha. Segue adiante. Estrada Pinguim sem asfalto. Se chover, não haverá poeira. O ceu se encarrega. A estrada parece interminável. Chove. O caminho está intransponível. E não era isso mesmo que ele queria?
Aquela capela na margem esquerda fornecerá abrigo.
Distraído, entra na nave. Está vazia. Ele se ajoelha. Já havia esquecido como se rezava.
O olho esquerdo percebe a presença de uma criança. Ela foge ao ser descoberta. Ele a segue, mas se perde. Seria uma menina?
Sente uma incrível vontade de finalmente chorar. Mas ele também se esqueceu disso.
Volta para o carro. Desliga o CD e se olha no espelho.
percebe que naquele dia ele acordou intraduzível.
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