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quinta-feira, novembro 22, 2007

UM POEMA DE SILVIO BARROS

Bato minhas asas para longe dos vales das sombras
Só os mais tristes e poderosos poetas o cantam
E eu, sou meu corpo de homem – nenhuma poesia – e minhas asas.
O tapete de flores do chão,
Ao qual um dia joguei
Incendeia-se.
Dou um rasante sobre o fogo.
Para onde vou?
Para a cidade das altas chaminés.
Numa tarde quente e cinzenta
A vi pela primeira vez, acho que era o que chamam de dezembro.
Seus olhos morenos me devastaram como o mais cruel dos oceanos.
Quem será ela?
Que observo de cima das chaminés
Com o seu passo rápido, com seu sorriso que exala luz.
Com nossa total incomunicabilidade, distancias cósmicas me percorrem
Penso, no mergulho, tocar as ondas escuras de seus cabelos,
Fracasso.
Sempre um fracasso tenho
Como uma coleção de relicários
E os meus,
São cravados de flechas.

Silvio Barros (1966) é carioca. Poeta e Operador Estético (Projeta Objetos e Instalações), Lançou Poema Crime/ 7 letras 1999 e prepara a primeira coleção de seus Objetos de grande dimensão em aço, chamada Esboços de uma nova fala . Atualmente vive em Desterro.

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