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terça-feira, maio 13, 2025

SEQUESTRADO POR UM DISCO VOADOR

Matéria Publicada na Revista Realidade – Março de 1976  

Quando o motorista argentino Dionísio Llanca contou sua aventura, ninguém acreditou. Mas uma equipe de cientistas examinou-o durante 45 dias. E concluiu que ele não havia mentido.  

Já passava da meia-noite quando Dionísio Llanca desligou a televisão e saiu da casa de seu tio Enrique Ruiz, em Bahía Blanca, no sul da Argentina. Caminhou oito quarteirões até onde deixara seu caminhão, carregado com materiais de construção. Decidira aproveitar aquela madrugada do dia 28 de outubro de 1973 para viajar até Río Gallegos, na província de Santa Cruz, mais ao sul, onde entregaria a carga do caminhão. Mas não completou essa viagem: uma hora depois, numa curva da Rota Nacional 3, a uns 19 quilômetros de Bahía Blanca, Dionísio foi sequestrado por um disco voador, que o abandonou depois, completamente desmemoriado, a 9 quilômetros dali.  

O caso despertou o interesse de investigadores científicos. Uma equipe formada por médicos, psicólogos, psiquiatras e hipnólogos submeteu Dionísio Llanca a exaustivas séries de testes. Em várias sessões de hipnose e narconálise, ele sempre contou a mesma história.  



Era 1h30 da madrugada quando parou seu caminhão no acostamento da estrada e desceu para examinar os pneus. Suspeitava de que um deles estivesse furado e esse receio se confirmou. Já estava colocando o macaco para trocar o pneu quando percebeu uma luz, um clarão amarelo sobre o pequeno bosque ao lado da estrada, junto a um córrego. Julgou de início que eram os faróis de iodo de um automóvel. Mas, de repente, a luz cresceu sobre a sua cabeça, iluminando as copas das árvores e resplandecendo sobre a superfície do córrego. Assustado, Dionísio largou suas ferramentas. E foi paralisado de assombro que avistou, a poucos metros de distância, três seres de aparência estranha. Vestiam macacões cinzentos colados ao corpo, luvas e botas alaranjadas. Tinham compridas cabeleiras ruivas, ombros muito largos e mais ou menos a mesma estatura: cerca de 1m85.  


Dionísio não conseguiu esboçar qualquer gesto de defesa quando um dos seres se aproximou e picou o dedo indicador de sua mão direita com um aparelho, parecido com um barbeador elétrico. Nesse momento, o motorista de caminhão perdeu totalmente os sentidos e só voltou a si 48 horas depois, num leito do Hospital Municipal de Bahía Blanca.  


Ainda no hospital, ele começou a recuperar a memória. Logo pode relembrar detalhes de seu fantástico sequestro. Seu caso apareceu nos jornais e, pouco depois, Dionísio era interrogado pela polícia. Acompanhado por um grupo de policiais, ele saiu à procura do caminhão, que foi encontrado no lugar que descrevera. Estava lá o pequeno bosque, o córrego e também os 150.000 pesos que ele dissera ter deixado no porta-luvas. A curiosidade em torno do caso aumentou. No dia 5 de novembro, Dionísio foi procurado por um grupo de cientistas e concordou em se submeter a qualquer prova para testar a veracidade de seu relato.  


Durante 45 dias, sob rigoroso controle médico, Dionísio Llanca foi examinado. Em transe hipnótico, ele fez, a pedido, diversos desenhos mostrando o que vira naquela madrugada de 28 de outubro. Num deles aparece o seu caminhão e a luz amarelada, ainda distante. Em outro, a luz já aparece a uns 5 metros acima das árvores. Nesses desenhos, Dionísio registra um detalhe que viria a ter especial importância: um cabo de alta tensão que atravessa o pequeno bosque.  



Nessas sessões de hipnose, Dionísio contou coisas que não conseguia lembrar quando estava consciente. Relatou, por exemplo, que, enquanto examinava os pneus do seu caminhão, um objeto de aparência metálica, com uns 7 metros de diâmetro, manteve-se flutuando no ar, sobre o bosque, como se estivesse observando toda a operação. Em determinado momento, esse aparelho lançou um facho de luz, pelo qual desceram os três seres, utilizando-o como se fosse uma rampa.  

Também sob hipnose, a descrição do interior do disco foi muito clara. Dionísio contou que ele tinha formato oval, com um grande painel que cobria todo o diâmetro interno. Em frente a esse painel, sentado diante de uma mesa coberta de instrumentos, avistou, ao entrar, outro dos estranhos seres. Um quinto tripulante observava uma tela de cristal onde se via o céu estrelado. Dionísio descreveu em desenhos vários instrumentos semelhantes a televisores, onde apareciam estrelas coloridas. A única mulher da tripulação estava diante de uma das mesas de instrumentos e deu-lhe a impressão de funcionar como uma espécie de enfermeira.  

Dionísio relembrou, sempre sob hipnose, que, ao ser levado para o disco voador, viu desprenderem-se dele duas mangueiras ou cabos flexíveis. Um deles mergulhou a extremidade na água do córrego e o outro encostou a extremidade no cabo de alta tensão que atravessa o bosque.  

Não percebeu quando o aparelho levantou voo, levando-o. Lembra-se que a mulher tripulante começou a examiná-lo logo que ele entrou no disco. Contou também que ela trocou suas luvas alaranjadas por outras, pretas, com pequenas seringas nas palmas. Ao tentar colocar uma dessas luvas sobre a fronte de Dionísio, a mulher provocou-lhe um hematoma no supercílio direito.  



Quando o exame terminou, o disco lançou novamente o facho de luz, usando-o para depositar suavemente sobre o solo o motorista de caminhão. Ele foi deixado a 9 quilômetros do lugar onde parara para examinar os pneus. Estava entre os vagões estacionados perto de uma estação ferroviária.  

Grande parte do que Dionísio Llanca revelou sob hipnose pôde ser confirmado pelos peritos policiais que investigaram o caso. Ao ser devolvido ao solo pelo disco voador, ele encontrava-se totalmente amnésico. Não sabia seu nome, nem onde estava. Começou a caminhar e logo avistou uma cidade. Não reconheceu Bahía Blanca. Passou por um posto de gasolina. O empregado do posto declarou que o viu às 2h45 da madrugada. Dionísio havia permanecido durante pouco mais de uma hora dentro do disco voador.  

Continuou caminhando pela estrada, completamente desorientado, até que o motorista de um automóvel levou-o a um posto policial. De lá foi levado a outro e pouco depois a um terceiro; pensavam que ele estava embriagado. Finalmente, às 7h30 da manhã, Dionísio foi levado ao Hospital Espanhol, em Bahía Blanca, onde foi recebido pela dra. Mabel Rosa Altaparro. Às 9 horas, chega o médico legista local, dr. Ricardo Smirnoff, examina Dionísio e ouve sua história, ainda confusa e incompleta, sobre as luzes no bosque e os três seres extraterrestres. Como não havia vaga no Hospital Espanhol, Dionísio foi levado para o Hospital Municipal, onde ficou até recuperar completamente a memória, 48 horas depois.  

Julgando que os testes de hipnose eram insuficientes, a equipe de cientistas que examinou Dionísio Llanca resolveu submetê-lo a uma sessão de narcoanálise. Ele não fez qualquer objeção, ansioso por descobrir mais detalhes sobre tudo o que lhe acontecera. Confessou não estar certo de ter vivido uma realidade ou um sonho.  

Foi dr. Ricardo Smirnoff que, como médico legista, acompanhou todos os testes feitos com Llanca, quem lhe injetou pentotal na veia. Sob o efeito dessa droga, o motorista de caminhão repetiu tudo o que havia contado nas sessões de hipnose. Não cometeu contradição alguma.  

O grupo de cientistas que investigou o caso foi encabeçado pelos três responsáveis pelo setor de Bahía Blanca da ONIFE (Organização Nacional de Investigação de Fenômenos Espaciais), dr. Agustín Luccisano, professor da Universidade de La Plata e diplomado em Medicina Aeroespacial pela Universidade de Sorbonne; dr. Juan Antonio Pérez del Cerro, presidente da Associação Argentina de Ontoanálise; e dr. Hector A. Solari, psicanalista. Participaram também do grupo o dr. García Del Cerro, psicanalista; dr. Eduardo Mata, psiquiatra; dra. Nora Milano, psicóloga; e dr. Eládio Santos, hipnólogo da Universidade del Sur e professor adjunto da Universidade de Buenos Aires.  

Dionísio Llanca foi submetido também a sucessivas baterias de testes para se avaliar a sua capacidade intelectual. Todos eles revelaram um nível de inteligência muito baixo. Segundo os doutores Hector Solari e Nora Milano, Dionísio é “incapaz de inventar e sustentar de forma coerente uma história tão complicada”.  

Durante as diversas sessões de hipnose foi possível, sob a supervisão de dr. Eduardo Mata, reconstituir a aparência dos seres que sequestraram Dionísio. Eles teriam pele branca, olhos oblíquos e grandes, sobrancelhas muito juntas, boca e nariz bem delineados e cabelos ruivos caindo até os ombros. Suas orelhas seriam maiores do que o normal em seres humanos. (Essa discriminação coincide com as das velhas lendas indígenas dos Andes sobre a aparição de “seres ruivos de face resplandecente”.)  

Informados a respeito do detalhe registrado por Dionísio Llanca nos desenhos em que mostra o aparecimento do disco voador — um cabo de alta tensão entre as árvores —, os engenheiros do Debax (Dirección de Energía de Buenos Aires) informaram que “no domingo, 28 de outubro de 1973, entre as 2 e as 3 horas da madrugada, subiu inexplicavelmente o consumo de energia elétrica em Bahía Blanca”.  

A investigação sobre o caso ainda está em aberto. Certamente ainda há vários aspectos pouco claros, embora os que examinaram Dionísio Llanca sejam unânimes em afirmar que ele não mentiu, isto é: contou exatamente aquilo que julgou ser a verdade. Para aqueles que já estão convencidos da existência dos discos voadores e de seres extraterrenos, as provas do caso Llanca são definitivas. E, para os que não acreditam, demonstrar que elas são falsas será difícil, mas impossível.  




Retrato falado dos tripulantes do disco, reconstituído por Dionísio:** tinham pele clara, mas seus olhos eram amendoados, como os orientais.  


*Análise do Caso Dionísio Llanca: Um Clássico da Ufologia Argentina

O relato de Dionísio Llanca, publicado na revista *Realidade* em março de 1976, é um dos casos mais intrigantes da ufologia latino-americana. A história, investigada por uma equipe multidisciplinar de cientistas, apresenta elementos que desafiam explicações convencionais. Abaixo, uma análise crítica dos principais aspectos do caso:  

. Credibilidade do Relato 

- **Consistência sob hipnose e narcoanálise**: Llanca manteve a mesma narrativa em diferentes sessões de hipnose e sob o efeito de pentotal sódico (soro da verdade), o que sugere que ele acreditava genuinamente no que relatava.  

- **Baixo nível intelectual**: Psicólogos e psiquiatras concluíram que Llanca não teria capacidade de inventar uma história tão complexa e coerente.  

- **Corroboradores físicos**: Seu caminhão foi encontrado exatamente onde descreveu, com o dinheiro intacto no porta-luvas, reforçando sua credibilidade.  

2. Evidências Anômalas*

- **Aumento inexplicável no consumo de energia**: Engenheiros confirmaram um pico de energia elétrica na região no momento do suposto avistamento, coincidindo com a descrição de Llanca sobre cabos conectados à rede de alta tensão.  

- **Descrição detalhada dos seres**: Os extraterrestres foram descritos como humanoides altos, de cabelos ruivos, olhos grandes e oblíquos, características recorrentes em outros relatos ufológicos (como o caso Villas-Boas e o incidente de Varginha).  

- **Tecnologia descrita**: O uso de luzes como "rampas", instrumentos semelhantes a telas de cristal e a suposta coleta de energia elétrica sugerem uma tecnologia avançada.

3. Possíveis Explicações**  

- A consistência do relato, a falta de motivação para fraude e os detalhes técnicos (como o consumo de energia) sustentam a ideia de um encontro real com um objeto não identificado.  

- A semelhança com lendas andinas sobre "seres ruivos de face resplandecente" pode indicar um possível registro histórico de fenômenos similares.  

#### **Hipótese Psicológica/Psiquiátrica**  

- **Amnésia dissociativa**: Llanca poderia ter sofrido um trauma (como um acidente ou assalto) e reconstruído a memória sob influência de cultura ufológica.  

- **Alucinação induzida**: A luz amarelada poderia ser um fenômeno natural (como um raio globular) que desencadeou uma experiência de abdução por sugestão.  

#### **Hipótese de Engano ou Fraude**  

- Apesar de os especialistas descartarem que Llanca tenha mentido deliberadamente, não se pode ignorar a possibilidade de um embuste bem elaborado (embora improvável, dada sua avaliação psicológica

4. Comparação com Outros Casos**  

- **Semelhanças com o Caso Villas-Boas (1957)**: Ambos envolvem seres humanoides, exames médicos a bordo de um UFO e descrição de tecnologia avançada.  

- **Paralelos com o Caso Travis Walton (1975)**: Abdução seguida de amnésia e relatos sob hipnose consistentes.  

5. Conclusão**  

O caso Dionísio Llanca permanece sem uma explicação definitiva. A investigação científica rigorosa, a ausência de contradições e os indícios físicos (como o pico de energia) tornam-no um dos relatos mais convincentes da ufologia. No entanto, a falta de provas materiais incontestáveis (como marcas físicas no local ou resíduos metálicos) deixa margem para dúvidas.  

Seja como experiência real, projeção psicológica ou fenômeno ainda não compreendido pela ciência, o caso continua a desafiar nossa compreensão do inexplicável.  

**Classificação no espectro ufológico:** **Alto grau de estranheza, moderada credibilidade.**  

**Referências:**  

- Revista *Realidade*, março de 1976.  

- Documentos da ONIFE (Organização Nacional de Investigação de Fenômenos Espaciais).  

- Depoimentos médicos e policiais arquivados em Bahía Blanca, Argentina.  

*(Esta análise baseia-se nos documentos disponíveis e não assume uma posição definitiva, mas explora as possibilidades dentro do rigor investigativo.)*

segunda-feira, maio 12, 2025

Poltergeist em Sorocaba

 



Transcrição e Análise da Reportagem da Revista Planeta – "A Família de Francisco Vivia Bem. Até o Dia em que a 'Coisa' Apareceu"

(Década de 1980, autoria de Élste Dubueras e IBPP)




Resumo do Caso

Em Sorocaba (SP), a família Rodrigues passou por uma série de fenômenos paranormais entre junho e julho de um ano não especificado (década de 1980), incluindo:

  • Pancadas invisíveis nas janelas e paredes.

  • Objetos arremessados (móveis, garrafas, pedras) e fogo espontâneo.

  • Perseguição mesmo após a família mudar de casa.
    O Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP) investigou o caso, atribuindo-o a um poltergeist (espírito brincalhão) com epicentro na filha adolescente, Ismênia (12 anos).


Cronologia dos Fenômenos

  1. Início (Noite de Junho):

    • Pancadas violentas na janela do quarto do casal Francisco e Arlinda, sem origem visível.

    • Francisco testemunha um pneu levitando no quintal.

  2. Evolução:

    • As batidas migram para dentro da casa, derrubando móveis e quebrando objetos.

    • Pedras caem dentro dos cômodos, ferindo Arlinda na testa.

  3. Mudança Frustrada:

    • A família se muda para a casa dos cunhados, mas os fenômenos persistem, destruindo a cozinha (garrafas, alimentos espalhados).

  4. Intervenção do IBPP:

    • Pesquisadores registram estantes caindo sozinhas e sons de animais (ganidos de cão) em fitas de áudio.

    • Identificam Ismênia como possível "epicentro" do fenômeno, devido a seu comportamento revoltado contra a pobreza da família.

  5. Resolução:

    • Um centro espírita realiza "trabalhos" para afastar o espírito atormentador.

    • A família abandona a casa definitivamente, mas continua vivendo em condições precárias.


Explicações Apresentadas

  1. Hipótese Parapsicológica (IBPP):

    • Psicocinesia (PK): Movimento de objetos por energia mental, associada a adolescentes em crise emocional (Ismênia).

    • Poltergeist como "descarga" de agressividade reprimida.

  2. Hipótese Espiritualista:

    • Assédio de espírito vingativo: Sugerido pelo centro espírita, que realizou sessões de "doutrinação".

  3. Falhas na Investigação:

    • Não houve análise de evidências físicas (pedras, marcas de queimadura).

    • Relatos dependem de testemunhas apavoradas, sem confirmação independente.


Análise Crítica

Abordagem da Revista

  • Sensacionalista, mas com rigor documental: Inclui depoimentos gravados, fotos dos estragos e entrevistas com pesquisadores.

  • Linguagem: Mistura termos científicos ("psicocinesia") com narrativas dramáticas ("a coisa invisível").

Contexto Cultural

  • Reflete a crença em poltergeists nos anos 1980, frequentemente ligados a adolescentes problemáticos (casos clássicos como o Poltergeist de Enfield, 1977).

  • A pobreza da família é destacada como gatilho psicológico para os fenômenos.

Paralelos com Outros Casos

  • Similar ao "Caso de Guarulhos" (também investigado pelo IBPP), com fogo espontâneo e perseguição a famílias humildes.

  • Padrões recorrentes: Objetos voando, pedras sem origem, e associação a conflitos familiares.

Legado

  • O caso foi um dos primeiros documentados pelo IBPP a ganhar destaque nacional, reforçando a parapsicologia como "ciência do inexplicável".

  • Ilustra como fenômenos sobrenaturais eram interpretados através de lentes locais (espiritismo kardecista + psicologia).


Trechos Chave

  • Arlinda Rodrigues: "Eu erguia o móvel, ele tombava... Nada ficava no lugar".

  • IBPP: "Ismênia, a filha de 12 anos, era o epicentro: nervosa, agressiva e revoltada com a pobreza".

  • Quimino (cunhado): "Espero em Deus que pare, porque isso é coisa de deixar a gente apavorada!"


Conclusão

A reportagem da Planeta sobre o poltergeist de Sorocaba é um documento histórico sobre:

  1. O imaginário paranormal brasileiro, onde ciência e espiritualismo se entrelaçam.

  2. A vulnerabilidade de famílias pobres a fenômenos atribuídos a forças sobrenaturais.

  3. A influência do IBPP na legitimação de casos "inexplicáveis" nas décadas de 1970-80.

P.S.: Casos como esse ecoam em séries como "Arquivo X" e livros de Stephen King, mostrando que o medo do invisível ainda fascina e assombra.



domingo, maio 11, 2025

Relógio paranormal




Essa é uma reportagem fascinante da Revista Planeta, escrita por Elsie Dubugras, que mergulha em um dos temas favoritos da publicação: fenômenos paranormais e parapsicologia. Vamos fazer a transcrição do texto primeiro e, em seguida, uma análise.


O RELÓGIO PERTENCIA AO MENINO. SEU PAI VOLTOU PARA ENTREGÁ-LO



Texto de Elsie Dubugras


Muitos casos misteriosos, sugerindo a sobrevivência da consciência humana à morte física, foram pesquisados pelo IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, de São Paulo. Este que agora apresentamos é particularmente interessante, por se enquadrar numa rara categoria parapsicológica chamada drop-in – a manifestação de uma personalidade através de um médium (dando nome, endereço, dados gerais, etc.), personalidade esta completamente desconhecida por todos os presentes, inclusive o médium, e que depois se comprova ter tido uma existência real.



A matéria narra o caso de Hassim Said, um comerciante árabe residente em São Paulo que comprou um relógio em uma viagem e prometeu ao filho, Adnan, que o deixaria com ele caso morresse antes de adquirir outro. Pouco tempo depois, Hassim morre em um acidente na estrada entre Maracaí e Assis (em 19/1/1974). O corpo é recolhido, mas o relógio desaparece.

Após o enterro, três senhoras aparecem na casa da família de Hassim em Xavantes, trazendo um embrulho com o relógio. Elas dizem que o encontraram no local do acidente, mas o objeto havia sido guardado por um dos acompanhantes, que teve um comportamento estranho, acabou perturbado e foi levado até uma médium em Paraguaçu Paulista. Lá, em transe, um espírito se manifesta dizendo se chamar Hassim Said e pede que o relógio seja entregue ao filho.

As senhoras, então, localizam a família (que era totalmente desconhecida por elas) e entregam o objeto conforme pedido do espírito, relatando todos os eventos.



A reportagem explica que este é um caso típico de drop-in, fenômeno raro em que uma personalidade se comunica espontaneamente por meio de um médium, sem que ninguém presente a conheça. Detalhes fornecidos são posteriormente confirmados, o que reforça a autenticidade do fenômeno. O IBPP investigou e considerou o caso digno de registro por sua verossimilhança e pelo objeto físico (o relógio) como “prova”.


Análise crítica e contextual:

1. O que é um “drop-in”?

Na parapsicologia, um drop-in é um espírito que “aparece” espontaneamente durante uma sessão mediúnica, dando informações específicas e verificáveis, sem relação prévia com os presentes. É raro e valorizado como evidência da sobrevivência da consciência após a morte, pois foge do risco de fraude ou sugestão.

2. A credibilidade do caso

Esse relato apresenta vários elementos típicos de investigação parapsicológica:

  • Identidade desconhecida previamente.

  • Informações confirmadas depois (nome completo, endereço).

  • Objeto físico (o relógio).

  • Testemunhas (as três senhoras e a família).

  • Investigação do IBPP.

Apesar da impressionante coincidência e detalhes verificados, o caso depende da veracidade dos relatos das testemunhas. Não há registro de exame forense do relógio nem gravações da sessão mediúnica.

3. O papel da Revista Planeta

Na década de 70, a Planeta era referência em temas esotéricos e científicos alternativos no Brasil, frequentemente divulgando casos do IBPP, que tinha forte ligação com o movimento espírita e parapsicológico. Elsie Dubugras, inclusive, foi figura-chave nesse jornalismo de fronteiras do invisível.

4. Elementos narrativos

O texto é construído como uma crônica paranormal com forte apelo emocional e uma estrutura clássica:

  • Premonição (a promessa do relógio).

  • Tragédia (o acidente).

  • Mistério (relógio desaparecido).

  • Intervenção espiritual.

  • Resolução com entrega do objeto.

  • Confirmação factual (nomes e endereços batem).



As belas detentas nos EUA

A maioria foi presa por porte de droga 
e direção perigosa

















sábado, maio 10, 2025

Quando o Homem Vira Lobisomem

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Licantropia à Brasileira: Revista dos anos 1980 explorou casos de “lobisomens” no Brasil e no mundo


Reportagem da Revista Planeta investigou fenômenos sobrenaturais misturando folclore, história e parapsicologia



Na década de 1980, a Revista Planeta publicou uma reportagem instigante sobre supostos casos de licantropia — a transformação de humanos em lobos — ocorridos no Brasil e em outras partes do mundo. Assinada pela pesquisadora Elsie Dubugras, a matéria mergulha em um universo onde lendas medievais, relatos históricos e fenômenos parapsicológicos se entrelaçam, revelando como o mito do lobisomem se manifesta em diferentes culturas.

Baseada em arquivos do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP), a reportagem apresenta uma série de casos documentados entre o século XVI e o século XX, combinando dados históricos, crenças populares e interpretações sobrenaturais. Abaixo, os principais relatos que chamaram a atenção dos leitores na época.

O Lobisomem do Nordeste (1969)

Em um vilarejo nordestino, um casal zelador de igreja teria abrigado frades itinerantes. Após um desentendimento entre um dos filhos e os religiosos, estranhos eventos começaram a ocorrer. Dias depois, a mãe da família faleceu e foi enterrada. Gritos animalescos passaram a ser ouvidos no cemitério, e o túmulo apareceu rachado. Ao ser reaberta, a cova continha um animal quadrúpede peludo no lugar do cadáver.

A hipótese de um tatu foi descartada pelo tamanho do ser e pelo contexto misterioso. A reportagem sugere que a suposta “maldição” pode ter sido desencadeada pela agressão aos frades.

Gilles Garnier: O Lobisomem da França (1573)

Em um dos casos históricos mais famosos, Gilles Garnier confessou ser um lobisomem e foi executado na fogueira após ser acusado de assassinar várias crianças. Relatos da época descrevem-no como um homem coberto de pelos e com garras. A reportagem interpreta o caso à luz da psiquiatria, apontando que Garnier poderia sofrer de licantropia clínica — um raro transtorno em que o paciente acredita ser um animal selvagem.

Natalia Filipovna: A Dama-Lobo da Rússia (1925)

Durante uma sessão de adivinhação, uma aristocrata russa teria entrado em transe e agredido violentamente os amigos com comportamento considerado "lupino". Após o surto, relatou ter sentido como se estivesse “correndo como um lobo”. Para os pesquisadores do IBPP, o episódio poderia ser um caso de projeção astral em que o “corpo etérico” assume uma forma animal.

O Caso Paulista (Anos 1970)

Um fazendeiro do interior de São Paulo acordou durante a madrugada com ruídos no galinheiro. Ao verificar, teria disparado contra um animal estranho. No amanhecer, encontrou o corpo de um homem baleado no mesmo local. A interpretação dada na reportagem envolve possíveis alucinações coletivas ou metamorfose espontânea, fenômeno popular no imaginário sobrenatural.

Entre a Ciência e o Sobrenatural

A reportagem também explora possíveis explicações para os fenômenos observados. Entre elas, a licantropia clínica, citada desde os tempos de Galeno, no século II, é apresentada como uma explicação médica. Já o IBPP propõe uma visão esotérica, na qual um “corpo etérico” pode se descolar do físico e assumir formas animais, conceito relacionado ao “cordão de prata”.

Além disso, a matéria destaca como o mito do lobisomem é universal. Do Homem-Tigre da Índia ao Deus-Lobo Odin da mitologia nórdica, passando pelos lobisomens portugueses que “choram como crianças”, há um repertório simbólico que transcende fronteiras.

Análise Crítica

A abordagem da Revista Planeta é descrita como sensacionalista, mas fundamentada em pesquisa histórica e relatos documentais. A mistura de elementos do folclore — como receitas para virar lobisomem — com investigações parapsicológicas dá à reportagem um tom entre o fantástico e o investigativo.

Contudo, a matéria peca pela falta de provas materiais, principalmente nos casos brasileiros, e por vezes confunde aspectos da psicopatologia com fenômenos sobrenaturais.

Um Documento Cultural

Mais do que apenas entreter, a reportagem reflete o espírito da época, marcado pelo fascínio com o inexplicável. Em tempos pré-internet, em que revistas como Planeta circulavam com grande influência, temas como licantropia, vida após a morte e projeção astral tinham espaço nas bancas e na curiosidade do público.

O conteúdo dialoga com produções como o programa norte-americano In Search Of… e obras como Man Into Wolf, de Robert Eisler, reforçando como os limites entre mito, ciência e psicologia seguem sendo explorados até hoje.

Trechos da Matéria Original

“O povo não tinha dúvida: era caso de lobisomem. Por que tanta cerimônia para caçar um tatu?”

“Natalia, com os olhos arregalados, pulou na amiga como um lobo... mas não lembrava de nada ao acordar.”

“Gilles Garnier queimado vivo em 1573 é tanto um assassino quanto um sintoma do medo coletivo.”


P.S.: A matéria antecipa debates atuais sobre cryptozoologia, distúrbios raros como a hipertricose (ou “síndrome do lobisomem”), e a tênue linha entre ciência, mito e cultura popular.

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BLOOD AND BLACK LACE (1964) dir. Mario Bava


Blood and Black Lace (Seis Mulheres para o Assassino, 1964) – Dir. Mario Bava

Blood and Black Lace é um marco do giallo, subgênero italiano que mistura thriller, horror e mistério. Dirigido por Mario Bava, mestre do cinema de terror, o filme é uma obra seminal que influenciou diretores como Dario Argento e Brian De Palma. Com sua estética vibrante, violência estilizada e narrativa repleta de suspense, o filme é um dos pilares do cinema policial-horrorífico europeu.


Temas Principais

  1. A Beleza e a Morte

    • O filme se passa em uma elegante casa de moda, onde modelos são assassinadas uma a uma. A estética glamorosa contrasta com a brutalidade dos crimes, criando uma atmosfera de decadência e perversão.

    • Bava explora o voyeurismo e a objetificação do corpo feminino, tema comum no giallo.

  2. O Assassino Mascarado

    • O assassino (de identidade oculta até o final) usa uma máscara sinistra e luvas pretas, um arquétipo que se tornou padrão no giallo e mais tarde no slasher americano (como Halloween e Friday the 13th).

    • Sua motivação gira em torno de segredos, chantagem e desejo reprimido, elementos típicos do gênero.

  3. Estética do Medo

    • Bava usa cores saturadas (vermelhos, azuis e verdes) para criar um clima onírico e opressivo.

    • A iluminação expressionista e os enquadramentos cuidadosos transformam cada morte em um tableau macabro.


Estilo Visual e Influências

  • Fotografia e Cor: Bava, também diretor de fotografia, usa paletas vibrantes para contrastar o luxo do mundo da moda com a violência dos assassinatos.

  • Violência Estilizada: As mortes são coreografadas como peças de teatro, com sangue artificial em tons brilhantes (uma assinatura do giallo).

  • Narrativa Fragmentada: A trama é repleta de reviravoltas e personagens suspeitos, mantendo o espectador em tensão constante.


Legado e Impacto

  • Considerado um dos primeiros gialli modernos, estabelecendo convenções como:

    • O assassino mascarado.

    • A investigação conduzida por um detetive ou outsider.

    • A sexualização da violência.

  • Influenciou diretamente Dario Argento (Profondo RossoSuspiria) e o cinema slasher dos anos 1980.


Conclusão

Blood and Black Lace é mais que um simples thriller—é uma experiência visual hipnótica, onde estilo e horror se fundem. Bava elevou o giallo a uma forma de arte, combinando narrativa pulp com uma direção de arte meticulosa. Se você gosta de suspense psicodélico e assassinatos enigmáticos, este filme é essencial.

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BLOOD AND BLACK LACE (1964)
dir. Mario Bava

sexta-feira, maio 09, 2025

Tenorio Jr.

Tenório Jr. (Francisco Tenório Cerqueira Júnior) foi um talentoso pianista e compositor brasileiro, reconhecido como um dos grandes nomes do samba-jazz e da bossa nova. Nascido em 9 de fevereiro de 1943, no Rio de Janeiro, ele se destacou por sua técnica apurada, harmonias sofisticadas e participação em grupos influentes, como o Tamba Trio e o Bossa Três.

Francisco Tenório Cerqueira Júnior, mais conhecido como Tenório Jr. (Rio de Janeiro, 4 de julho de 1940- Buenos Aires, 27 de março de 1976) 

Tenório Jr. foi um dos pioneiros na fusão do jazz com a música brasileira, contribuindo para a cena musical dos anos 1960 e 1970. Ele trabalhou com artistas como Elis Regina, Vinicius de Moraes, Baden Powell e outros grandes nomes da MPB. Seu álbum solo "Embalo" (1964) é considerado uma obra-prima do gênero, mostrando sua virtuosidade no piano e sua capacidade de improvisação.

Tenório Jr. desapareceu em 18 de março de 1976, em Buenos Aires, Argentina, onde havia viajado para uma série de shows. Na época, o país vivia sob a ditadura militar (1976-1983), e há fortes indícios de que ele foi vítima de repressão política. Testemunhas relataram que ele foi visto sendo levado por homens armados, mas seu corpo nunca foi encontrado, e o caso nunca foi totalmente esclarecido.

Apesar de sua carreira ter sido interrompida tragicamente, Tenório Jr. deixou um legado importante na música brasileira. Sua influência pode ser ouvida em gerações posteriores de músicos de jazz e MPB. Em 2016, o documentário "Tenório – Música e Mistério" (dirigido por Júlio Barone) revisitou sua história e tentou jogar luz sobre seu desaparecimento.

Seu caso permanece como uma das grandes tragédias não resolvidas da música brasileira, simbolizando também os horrores da repressão política na América Latina durante as décadas de 1970 e 1980.


Lembranças (Dedicado A Tenório Jr.) 

 (Toquinho)

Um carro vai pela rua,

Os barcos voltam pro cais.
Meu pensamento flutua,
Brincando, perdido em lembranças banais.

A vida para na esquina
Obedecendo aos sinais.
O vento embala o destino,
O sol aquece o menino e a menina,
A noite abraça os casais.

Pedro seguiu seu caminho,
Chico pediu pra ficar.
Tenório saiu sozinho na noite:
Sumiu, ninguém soube explicar.

Outros amigos se foram
Guardando seus ideais
Entre verdade e delírio.
Uns semearam saudade no exílio,

Outros não voltam jamais.

Home office, Frank Kunert


Frank Kunert: O Artista Plástico do Surrealismo Doméstico

Frank Kunert (nascido em 1963, em Frankfurt, Alemanha) é um fotógrafo 

e artista plástico conhecido por suas miniaturas surrealistas que recriam 

cenas cotidianas com um toque de humor negro, absurdo e crítica social. 

Seu trabalho lembra uma mistura entre os universos de Edward Hopper e 

René Magritte, mas com uma estética única que brinca com escalas e 

situações impossíveis.

 



quinta-feira, maio 08, 2025

Franck Bohbot's Cinema Series:



O fotógrafo francês Franck Bohbot é conhecido por suas séries que exploram arquitetura, luz e atmosfera, com um olhar cinematográfico. Em sua Cinema Series (2013–2015), ele documentou teatros históricos nos Estados Unidos e na Europa, capturando sua grandiosidade decadente ou revitalizada. Um dos capítulos mais emblemáticos dessa série é dedicado ao Paramount Theatre, em Oakland, Califórnia — um ícone da era de ouro dos cinemas.

O Paramount Theatre: Um Palácio da Arte Déco
Inauguração: Construído em 1931, o Paramount é um exemplo magistral do estilo Art Déco, projetado pelo arquiteto Timothy L. Pflueger.

Importância histórica: Foi um dos primeiros teatros do país equipados para filmes talkies (com som) e recebeu estreias de Hollywood durante os anos 1930–1940.

Declínio e renascimento: Após décadas de abandono, foi restaurado nos anos 1970 e hoje é um landmark cultural, sede da Orquestra Sinfônica de Oakland e de eventos artísticos.






























Charles Bukowski


Charles Bukowski | Acrílico sobre tela | 100x140 cm


Saúde!
"Nunca me senti solitário. Já estive em um quarto — me senti suicida. Já fiquei deprimido. Já me senti horrível — horrível além da conta — mas nunca achei que uma outra pessoa pudesse entrar naquele quarto e curar o que me incomodava... ou que qualquer número de pessoas pudesse entrar ali. Em outras palavras, a solidão nunca me perturbou porque sempre tive essa coceira terrível por solitude. É estando em uma festa, ou em um estádio cheio de pessoas torcendo por algo, que eu posso sentir solidão. Vou citar Ibsen: 'Os homens mais fortes são os mais solitários.' Nunca pensei: 'Bem, alguma loira linda vai entrar aqui e me dar um bom sexo, esfregar minhas bolas, e eu vou me sentir melhor.' Não, isso não ajudaria. Você conhece a multidão típica: 'Nossa, é sexta-feira à noite, o que você vai fazer? Só ficar aí?' Bem, sim. Porque não há nada lá fora. É estupidez. Pessoas estúpidas se misturando com pessoas estúpidas. Deixe que elas se emburreçam. Nunca me preocupei com a necessidade de correr para a noite. Eu me escondia em bares porque não queria me esconder em fábricas. Só isso. Desculpe pelos milhões, mas nunca me senti solitário. Eu gosto de mim mesmo. Sou minha melhor forma de entretenimento. Vamos beber mais vinho!"

Charles Bukowski

terça-feira, maio 06, 2025

A Ala


 "A Aia", um conto sombrio de Eça de Queirós, publicado em Contos (1902)



Trecho (o clímax do conto):
"E a aia, com um ímpeto de fera, correu ao berço do menino rico — e cravou-lhe os dentes na garganta, até o sangue saltar, quente, sobre os seus lábios pálidos... Depois, ergueu-se, com um riso seco: — 'Agora estão iguais!'"


O conto narra a história de uma aia (ama de leite) pobre que, após perder seu próprio filho, é obrigada a amamentar o bebê de uma família rica. Consumida pela dor e inveja, comete um ato extremo de vingança.



  1. Desigualdade social: O abismo entre a pobreza da aia e a riqueza dos patrões.

  2. Maternidade e dor: O luto transformado em violência.

  3. Ironia trágica: A vingança iguala as crianças na morte, mas não na vida.


Eça usa linguagem crua e imagens chocantes (o sangue, os dentes, o riso "seco") para destacar a brutalidade do gesto, típico do realismo/naturalismo.


Grandes naufrágios -

Em agosto de 1914, a guerra eclodiu entre a Grã-Bretanha e a Alemanha. O presidente Woodrow Wilson estava decidido a manter a neutralidade dos Estados Unidos. Menos de um ano depois, porém, uma tragédia abalou dramaticamente esta decisão e acabou por determinar a entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial: o naufrágio do Lusitania.



O luxuoso transatlântico Lusitania, da Cunard Line, partira em sua viagem inaugural em 1907, de Liverpool para Nova Iorque. O Almirantado Britânico contribuíra para a construção do navio, o maior e mais rápido da época, com a condição de poder usá-lo em tempo de guerra. Assim, em 1913, quando a guerra com a Alemanha se tornou iminente, o navio foi equipado com novas características. Na realidade, o Lusitania estava sendo preparado para uso militar.

Após o início da guerra, o Lusitania continuou suas viagens regulares, transportando passageiros entre Liverpool e Nova Iorque. No entanto, frequentemente transportava também munições destinadas ao esforço de guerra aliado.

Em 1 de maio de 1915, o Lusitania partiu de Nova Iorque pela última vez. Seis dias depois, ao largo da costa irlandesa, o enorme navio foi torpedeado por um submarino alemão U-20 e afundou em apenas 18 minutos. Das 1.198 pessoas que pereceram, mais de 100 eram americanas.

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O naufrágio do Lusitania representa um dos eventos mais significativos da Primeira Guerra Mundial, com profundas consequências políticas e históricas.

1. Contexto Histórico: O incidente ocorreu em um momento crucial, quando os EUA mantinham sua neutralidade. A morte de cidadãos americanos criou uma forte pressão pública para a entrada na guerra.

2. **Dualidade do Navio**: O Lusitania era oficialmente um navio de passageiros, mas seu uso para transporte de munições levantou questões éticas. Essa ambiguidade foi explorada pela propaganda de ambos os lados do conflito.

3. **Impacto Político**: O afundamento acelerou a mudança na opinião pública americana contra a Alemanha, culminando na declaração de guerra em 1917. Foi um fator chave no desfecho do conflito.

4. **Controvérsias**: Há debates históricos sobre se o governo britânico deliberadamente expôs o navio ao perigo para provocar os EUA, e se a carga de munições contribuiu para o rápido afundamento.

5. **Legado**: O incidente estabeleceu precedentes importantes para as leis de guerra naval e proteção de civis em conflitos armados.

Referências:

- Documentos históricos do período da Primeira Guerra Mundial

- Relatórios de investigação sobre o naufrágio

- Estudos sobre a neutralidade americana no conflito