"Pretty in Pink" (1986) – Critica Revista Veja 1984 por JOÃO CANDIDO GALVÃO
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| Molly Ringwald and Jon Cryer in “Pretty in Pink” (1986). |
Modelo Antigo
Os dramas juvenis em versão anos 80
A clássica história do patinho feio, rejeitado por ser diferente, ganha força irresistível em Pretty in Pink (A Garota de Rosa Choque, EUA, 1986), em cartaz em São Paulo. Esta é a mais recente adaptação cinematográfica do conto de fadas, com uma diferença: o patinho agora é uma jovem que não se transforma em cisne — mas encontra seu lugar ao conquistar o garoto mais cobiçado da escola.
O filme acompanha Andie (Molly Ringwald), uma adolescente que vive com o pai (um excelente Harry Dean Stanton) — abandonados pela mãe — em um bairro pobre de Chicago. Ela trabalha em uma loja de discos após as aulas e, apesar de ser uma estudante brilhante, enfrenta bullying das colegas ricas. Seu mundo gira em torno de dilemas comuns: vestir roupas de segunda mão reformadas, lidar com a depressão do pai e decidir se vai ou não ao baile de formatura. Seus únicos apoios são Duckie (Jon Cryer), um amigo de infância secretamente apaixonado por ela, e Iona (Annie Potts), uma excêntrica amiga punk.
O "cisne" surge na figura de Blane (Andrew McCarthy), um jovem rico que representa tudo o que Andie despreza. O encontro dos dois é um dos momentos mais divertidos do filme: durante uma cena na biblioteca, Blane tenta se aproximar, mas hesita diante do julgamento dos amigos. O conflito entre classes sociais e a hesitação dele em levá-la ao baile formam o cerne do drama, que, como todo conto de fadas, termina bem.
ADOLESCENTE IDEAL
O destaque do filme são as atuações, que elevam um roteiro cheio de clichês. Molly Ringwald, com menos de 18 anos durante as filmagens, brilha como a protagonista — seu charme "comum" e a representação do patinho feio vitorioso a tornaram capa da revista Time em maio daquele ano. Ela personifica a "garota da casa ao lado": bonita sem intimidar, autêntica e relatable. Jon Cryer rouba cenas como Duckie, o amigo leal e caricato, enquanto Annie Potts equilibra humor e ternura como a amiga punk que abandona temporariamente o visual radical para ajudá-la.
Apesar da direção convencional de Howard Deutch, o filme captura a essência dos anos 80, com sua trilha sonora new wave e críticas sutis às divisões sociais. O final feliz, embora previsível, consolida Pretty in Pink como um ícone do cinema adolescente.
JOÃO CANDIDO GALVÃO
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