TV-TUDO
Na Alemanha ganhou muito dinheiro na roleta (tenho um sistema matemático pra jogar, só perdi, até hoje, uma vez), e então comprou a máquina de filmar. Ele e Marieta se divertem muito criando enredos, filmando e montando depois. Já compraram todo o aparato de cinema, só não possuem o gravador com bobinas sonoras. A última é um jogo de cartas que pretendem jogar em grupo: cada um inventa um diálogo com ligação com outro, mas humor gostoso de jogar. Marieta adora piadas do tipo. Já riram e torceram muito de gente, mas o segredo não contam.
Sílvia é uma menina excepcional — com menos de dois anos ela faz perguntas incríveis numa linguagem mista com português, italiano (que aprende com a babá) e tatibitate; mesmo sem saber dizer cores, proposições, ela sabe o que é pequeno, grande e maravilhoso como poucos adultos conhecem.
“Sou consciente ao máximo com as duas. Um pai só pode educar um filho se não quiser que ele seja a sua cópia em pequenino. Pipa é o nome que Sílvia deu à irmãzinha.”
“PRA mim, o ideal era fazer minha música e com ela transmitir tudo para o público. Nela está o meu carinho, vai tudo que tenho a dar. Eu sei que não é só aqui — no mundo inteiro o artista não tem mais direito à vida particular, mas em nosso país isso virou obrigação. Isso é certo, é deplorável. Claro que você não pode lutar contra a fama. Mas, que entrevista não vira um fato novo pra falar? O fato de nascer uma filha, pra mim, é mais uma forma de cultuar minhas composições. É pena que as entrevistas, etc.) Não quero salvar a música popular brasileira. Fiz um samba porque a semente já vem com o risco, faço o que sinto e cada música nasce com a forma própria. Música e letra costumam nascer juntas. Pode ser um samba, pode ser uma marcha, dependendo da ocasião. Não estou propondo nada, não estou defendendo uma única linha da música brasileira. As pessoas não aceitam minhas explicações: “E a música não muda o nome?” É preciso ter consciência do que se faz. É uma vez que deixa de ser música e passa a ser folclore, mas mesmo folclore tem música original. Não sou revolucionário, sou compositor. Esse é o meu trabalho.”
Chico se confessa exausto. É um compositor sereno, pensa, pesa as palavras. Sofre acusações, não se diz salvador da música popular brasileira. Isso não quer dizer que ache que esse é o caminho da música popular brasileira. Ele é obrigado a fazer uns dois ou três shows por mês, dinheiro é mais imediato. Acabou de terminar um em São Paulo, na boate Di Mônaco, que foi bastante cansativo. Mesmo só trabalhando à noite, ele se sente cansado, não é um homem de boemia.
“Sou muito caseiro. Gosto de ficar em casa, brincando com as meninas, bolando joguinhos, filmando, bolando argumentos de novelas, de peças. Adoro nadar, passear com minhas filhas. Não tenho nenhuma vocação de homem de palco, embora seja fascinado por cinema, e tudo que é arte plástica. Me matriculei no curso de Desenho Livre no vestibular, e só passei porque provei em matemática e português; os desenhos não foram aceitos. Mas não insisti mais nisso”. Os filmes que faz não têm o menor vocacionamento de serem sérios, são brincadeiras apenas.
“SÓ ESTOU FELIZ EM CASA, PODENDO BOLAR NOVAS COISAS”
No caso especial de Chico Buarque, dá pra viver de composição — tem grande produção. Dá muito mais do que ele imagina; mas, qualquer necessidade maior tem de ser suprida com shows.
Legenda das fotos:
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Sílvia e Helena são as duas filhas do casal Marieta-Chico Buarque de Holanda. Helena é recém-nascida, mas Sílvia, vivíssima, com quase 2 anos, faz perguntas incríveis aos pais.
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