Na foto, Ferreira Gullar no Festival de Poesias do Colégio São José, Petrópolis, RJ, em 1983. O carinha feinho (com um bigode de gosto discutível) é o dono desse boteco. Na ocasião, Gullar foi o presidente do júri e foi ele quem me deu o troféu de primeiro lugar do certame. Eu estava no último ano do ensino médio.
O coordenador do festival, Paulo César Boarin, fez uma bela homenagem ao apresentar o poema Traduzir-se. O poema é de Ferreira Gullar e a música é do Fagner. Confira a letra e a música.
Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
De Na Vertigem do Dia (1975-1980)
Um comentário :
Adorei relembrar una época tão boa!!!!!!
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