Meu ultimo encontro com Lukas, no aniversário dele, em 31 de julho de 2011. Um mês antes de seu falecimento. |
Mas tudo bem. Vamos tentar entender esses anônimos. Mas esses ainda são péssimos capitalistas. Ou melhor, escravos frustrados. É que todo capitalista sabe que o valor do mercado, hoje em dia, é o talento. Cada um tem seu preço. Posso fazer mil cartuns em oito horas e não receber o suficiente pra isso. É porque não tenho talento para ser cartunista. Tenho que me conformar com isso e pronto.
Lukas diz que trabalha três horas. Mas ele é o Lukas. E Lukas só temos um. Logo, ele deveria ganhar, muito, mas muito mais. Porém ele prefere viver com o suficiente para ter aquilo que todos tem direito: uma casa digna, arvores com a boa fruta, cães felizes que não pedem nada em troca, uma esposa companheira, um fusca, uma bicicleta, papéis e nanquim.
É lógico que eu também gostaria de trabalhar apenas três horas. Mas no fundo, primeiro temos que ser Lukas para saber fazer tanto em tão poucas horas.
E outra coisa: ele não trabalha só três horas. São muitas horas por dia. Ou você acha que criar um cartuns é como fabricar caixas de sapato ou comentários anônimos? Ou você acha que artista bate cartão e tem capataz controlando a produção?
Sim , meu caro. Qualquer um pode trabalhar apenas três horas. Mas tem que ter talento. É como jogar bola: milhares jogam, alguns recebem por isso, outros recebem milhões, pois tem talento.
É que Lukas uma das pessoas mais inteligentes que conheci nessa cidade. E ainda teve um anônimo dizendo que ele não faz críticas em seus cartuns... Não há nada mais demolidor do que o humor e os cartuns do Lukas são o verdadeiro editorial de O Diário. E quem quiser mais, dê um pulo no blog dele.
Se ele é coerente? Bem, ainda não encontrei sequer uma pessoa coerente na minha vida. Até tentei encontrar coerentes na história universal, mas Jesus pecou e Hitler gostava de cães e de música.
Gente: vamos viver mais. A vida é curta, a felicidade também. Dinheiro não é bom nem ruim. É útil. Só isso.
E se ele tem casa, cães felizes, uma mansão em Patópolis e uma fazenda em Sabaúdia, tudo foi conquistado com o dinheiro dele. E com talento.
Bulga
("Um burguês" que também gosta de cachorro quente)
(*) texto escrito quando o cartunista era criticado pelos seus posicionamentos "incoerentes" e pela "vida burguesa". O título do post é uma alusão à magnífica composição "De Rosas e Coisas Amigas" de Ivor Lancellotti que retrata justamente um clima bucólico de amizade.
Um comentário :
Falou e dizeu...
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