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quinta-feira, março 17, 2011

Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô.


Nas artes há aqueles que criticam os que nada fazem. E aqueles que realmente fazem. É o caso de Eliton Oliveira, jovem corajoso que levou para as telas o documentário - 23.11.1967: Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô.
A história tem todos os elementos novelescos ou cinematográficos: um adolescente que foge da miséria do nordeste e vai tentar a vida no sul maravilha; a preocupação do tio-tutor e a união familiar; o trabalho duro e a acusação leviana de um suposto roubo; a tortura, o regime militar, a covardia, a morte; a comoção e a revolta do povo; a vingança do pai; a fuga e a prisão dos torturadores ; o julgamento polemico do pai e, enfim, o adolescente que acaba virando santo.
Uma historia e tanto para quem conhece essa novela pela primeira vez. Foi assim que pensou Eliton Oliveira , um jovem oriundo da publicidade com passagens por alguns longas e curtas. Sem apoio de qualquer lei de incentivo cultural, ele conseguiu patrocinadores, fortaleceu a parceria com consultor Miguel Fernando e correu atrás da principal força motriz de um documentário: gente.
E encontrou diversos depoimentos sinceros, excelentes, reveladores. Tem detalhes que muitos historiadores desconheciam. Eis o grande trunfo de 23.11.1967: Documentos do Caso Clodimar Pedrosa Lô .
A excelente trilha sonora e a voz do narrador Frambel mostram que estamos diante de um trabalho sério e corajoso. Mas a narração se ausenta na segunda parte do filme quando se prioriza os depoimentos. E repetimos: depoimentos importantes, intensos, densos. Percebe-se a dificuldade que teria sido a edição diante de tanta riqueza. Sim, há algumas redundâncias, uma ou outra coisa desnecessária, mas onde encontrar espaço para o corte seco?

Diante de tanta riqueza documental, o diretor deve ter lamentado a falta de mais recursos para a realização do documentário. Temos muitos depoimentos, muitos, importantes, intensos. Mas é o que temos.
Quem é de Maringá, conhece ou já ouviu falar do Caso clodimar. Quem não é dessas paragens, há de entender e se interessar. E é sob esse ponto de vista que podemos perceber se o filme capta esses olhares estrangeiros.
Não é a toa que o diretor prepara um longa metragem baseado nos fatos verídicos. É o próximo passo. Um passo que faltou no documentário. Cinema é imagem e a única tentativa de reconstituição dos fatos são alguns desenhos que tentam suprir essa carência.
Deu vontade de conhecer e saber como anda a terra natal de Clodimar. O espectador de olhar estrangeiro quer saber até quem é Maringá. No documentário, a cidade só aparece em filmes antigos ou nas imagens recentes no cemitério onde descansa (ou tenta descansar) o principal personagem da história.
Mas o resultado final em 84 minutos de filme é muito, mas muito positivo mesmo. Se a primeira parte do filme cativa o olhar estrangeiro, a segunda ganha o interesse dos nativos.
Pode não ser um excelente documentário, mas Caso Clodimar Pedrosa Lô é um extraordinário documento. Com muita coragem, diga-se de passagem.



Um filme interessante para os 'estrangeiros' e obrigatório para os maringaenses.
A partir do dia 18 de março o filme entra em cartaz no Cinesystem Cinemas de Maringá.


Sinopse: 
Retirante nordestino, Clodimar deixa a família no Ceará e vai morar com o tio em Maringá, Paranã. Trabalhava como carregador de malas no Palace Hotel. Um hóspede queixou-se de uma soma em dinheiro que desapareceu do seu quarto no dia 23 de novembro de 1967. Clodimar foi acusado pelo roubo e entregue à polícia que o torturou até a morte. O crime chocou não só a cidade de Maringá, mas todos os recantos do Brasil por onde a notícia se espalhou. Sua morte foi radiofonizada. A imprensa escreveu muito sobre o crime e uma segunda tragédia aconteceu. Em outubro de 1970, o pai de Clodimar, Sebastião, pressionado pela opinião pública, vingou a morte do seu filho. Começava então uma batalha de quase dois anos nos tribunais num dos casos jurídicos mais controversos da história. Hoje, o túmulo de Clodimar é o mais visitado no Dia de Finados.

2 comentários :

Anônimo disse...

Nesta época eu residia em Paiçandu, tinha um Programa na "Radia Atalaia" com o titulo aconteceu,foi radiofonizado, a angustia e a dor sofrida por este rapaz na tortura, dá pra se ter ideia como a ditadura protegia covardes, não se tem noticia que os policiais carrascos foram punidos pela justiça na época.Se algum historiador ou pessoa de outro seguimento tiver conhecimento, de que fim levou esses policiais, gostaria de saber.

David disse...

Eliton Oliveira's valor is inspiring.