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domingo, fevereiro 12, 2012

It´s Folk!


Fugindo do blues, perto do country, mas é folk.  Aqui temos o predomínio de Bob Dylan, seja por ele mesmo ou  com outros intérpretes (Byrds e Joan Baez). Tem até folk com um pé no rock progressivo (Renaissence) e no inglês (Donovan). Boa viagem!

01- Homeward Bound. – Simon & Garfunkel                                                         
02 - Leaving On A Jet Plane – Peter, Paul  & Mary                                
03 Lay Lady Lay – Bob Dylan                                                              
04 Atlantis - Donavan                                                                     
05 Fire and Rain – James Taylor                                                                
06 I Got A Name – Jim Croce                                               
07 Light My Fire - Jose feliciano                                               
08 - Me And You And A Dog Named Boo - Lobo                                              
09 Can you understand – Renaiscence                                                       
10 –Moonshadow – Cat Stevens                                                 
11 Blowin' in the Wind – Joan Baez                                                  
12 Rocky Mountain High – John Denver                                                
13  Big Yellow Taxi Joni Mitchell                                          
14  San Francisco  ( Be Sure To Wear Flowers In Your Hair – Scott Mckenzie
15 -Just A Song Before I Go -  Crosby Stills & Nash
16  Mr. Tambourine Man - The Byrds                                
17  Ventura Highway - America                                          
18 Give Me Love - George Harrison                                             
19  - Creeque Alley - Mamas & The Papas                                       
20 - American Pie – Don Mclean  

Agora é country!

 Depois do jazz e blues, vamos para o country, Na seleção, figurinhas já tarimbadas dividem faixas com bandas de estúdio : Dollar Co (com canções dos Beatles) e a banda bacana The Midnight Ramblers (de um vinil raríssimo). Essa banda faz medleys de músicas consagradas. Boa diversão no  Bar do Bulga

01 - Take Me Home, Country Roads - John Denver -
02 -Get Back  - Dollar Co
03 - Country Goes On - The Midnight Ramblers..
04 -Lucy In The Sky With Diamonds..- Dollar Co
05  Ring of Fire   - Jonnhy Cash
06  And The Devil Went Down To The Country Music -- The Midnight Ramblers
07-Help! -  - Dollar Co.    
08 Help Me Make Through The Night-Kris Kristofferson
09 - Sweet Memories -- The Midnight Ramblers
10-I want To Hold Your Hand - Dollar Co - ..
11 - Duelin´ Songs - - The Midnight Ramblers.
12-I Should Have Known Better  - ..Dollar Co
13-Hey JudeSomething  - Dollar Co..
14 -  Ghost Riders In the Sky Johnny Cash eWillie Nelson -
15 - Like In The Good Old Western..The Midnight Ramblers
17-With A Little Help From my Friends - Dollar Co
18- I Can´t Stop Singin´ These Songs -The Midnight Ramblers
18-Ob-La-Da - If I Needeed Someone.  - Dollar Co.
19  If I were a carpenter - Johnny Cash.
20- Country Music Is Knockin´ Your Door - The Midnight Ramblers

bom domingo!!


Eumir Deodato Also Sprach Zarathustra

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Murillo Battisti

Murilo Battisti: rumo ao Canadá
Mudanças na CBN Maringá. Battisti vai para o Canadá. Carina Bernardino será efetivada como reporter. E o novo estagiário é o promissor Carlos Emori, estudante de jornalismo do Cesumar. Vem de uma turma que promete:  tem Cibele Chacon, Paula Mariá, Johnny,Ana Verzola...

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Os dez mandamentos para jornalista nas redes sociais

Leonardo Sakamoto em seu blog.

Fico assustado com a quantidade deinformação mal checada e precipitada que circula pelas redes sociais, principalmenteem momentos de grande comoção. Fofoca sempre existiu, mas agora é transmitida emmassa por conta das novas tecnologias da comunicação. As redes sociais, principalmenteo Twitter, são plataformas que estão mudando o modo como nos comunicamos e fazemosfluir informação pela sociedade, alterando – consequentemente – as estruturas tradicionaisde poder. Mas se elas ajudam a formar, também desinformam.

Com a ajuda de alguns colegas jornalistas,fizemos uma breve lista com dez conselhos para quem assume a função de distribuirnotícias nas redes sociais. Alguns podem nos achar malas sem alça, outros bradarem que estamos fazendo o jogo de “x” ou de “y” com essas regrinhas que tolhem a liberdade. Bem, prefiro acreditar que uma informação errônea ao ser divulgada pode causar um impacto negativo contrário maior do que sua intenção. Ou pior, com o tempo, a credibilidadede quem divulga sem checar tende a ir para o ralo. Como já disse aqui anteriormente, acredito piamente que um diploma não faz um jornalista, mas sim o comprometimento e a ética que a pessoa assume ao exercer essa função.

Os dez mandamentos para jornalista nas redes sociais

1) Não tuitarás notícia sem antes checar a informação.

2) Não divulgarás notícias relevantes sem atribuir a elas fontes primárias de informação.

3) Tuítes “apócrifos”, sem fonte,jamais serão aceitos como instrumento de checagem ou comprovação.

4) Não esquecerás que informação precedeopinião.

5) Não matarás – sem antes checaro óbito.

6) Lembrarás que mais vale um tuíte atrasado e bem checado do que um tuíte rápido e mal apurado. E que um número grandede retuítes não garante credibilidade.

7) Serás assertivo apenas naquilo que tens certeza do que diz.

8 ) Não se esquecerás da apuração in loco, por telefone e/ou por e-mail.

9) Não terás pudores de reconhecer,rapidamente e sem poréns, o erro em caso de divulgação ou encaminhamento de informação incorreta.

10) Na dúvida, não retuitarás. Pois tu és responsável por aquilo que repassas. Ou seja, se der merda, você é culpado.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

A tragédia do Joelma - Arquivo do Bar do Bulga

Me lembro bem das imagens na TV. A famosa escada Magirus, usada pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, passou a fazer parte do vocabulário da turminha da rua. Todos ficaram experts em combate a incêndios. Na verdade foram duas tragédias. A primeira ocorreu meses antes no Edificio Andraus. Depois veio a do Joelma que acabou inspirando o filme norte americano Inferno na Torre. Também lembro de um outro fato trágico naquele periodo. Um prédio em Petrópolis, o Edificio Esperanto, tambem foi tomado pelas chamas em 14 de agosto de 1973. A causa teria sido um incendio que teve inicio numa loja de tintas localizada no térreo. "Os bombeiros de Petrópolis não tinham escada Magirus", eu repetia - no dia seguinte -  para os meu colegas de rua . Foi necessária a ajuda do Rio de Janeiro e da cidade de Caxias. Eu estava no apartamento da minha vó Noêmia. Ela e minha irmã Angela me levaram para o meio da multidão de curiosos. Teve vitimas fatais.
Revista Manchete - fevereiro de 1974 - Edificio Joelma, São Paulo
Posted by Picasa



Do arquivo do Bar do Bulga, descobrimos esse texto:
Um dia triste O dia mais triste do início da carreira do jornalista Aureliano Biancarelli foi uma sexta-feira, dia 1º de fevereiro de 1974. “Lembro que, apesar do estarmos no verão, a manhã estava encoberta, meio chuvosa, cinzenta e triste. E ficaria muito mais triste nas horas que se seguiriam”, começa a contar.
“Me recordo que estava saindo do banho, depois do café da manhã, quando o barulho das sirenes me chamou a atenção. Eu morava com colegas no sétimo andar de um prédio da Rua Dona Antonia de Queiroz, bem perto da Consolação. Sirene ali era um ruído cotidiano, mas naquele dia o barulho era tanto que alguma coisa muito grave deveria estar acontecendo.”
Já passava das 9h, e a Consolação começava a parar, tomada por carros da polícia, bombeiros e ambulâncias. Ele desceu a rua a pé, seguindo os helicópteros. Pelo caminho, as pessoas falavam de um grande incêndio no Joelma, um edifício até então desconhecido.
Conseguiu se aproximar descendo a escadaria que liga a Avenida Xavier de Toledo ao Vale do Anhangabaú, onde hoje fica a entrada do metrô. Passou pelos cordões de policiais, que impediam a aproximação das pessoas, até ter a primeira visão do prédio: “Mesmo ainda da escadaria, foi aterradora. O fogo já consumia a maior parte dos 25 andares, e dezenas de pessoas se amontoavam no telhado. Foi então que vi a primeira pessoa se jogar, cena que se repetiria seguidamente, a cada vez que o vento deslocava as grandes labaredas de um lado para o outro do prédio”, afirma.
A contagem feita dias depois vaticinou: dos 188 mortos, 18 tinham se jogado do edifício.
“Eu tinha acompanhado o incêndio do Andraus, dois anos antes. As pessoas correram para o teto, que permitia o pouso de helicóptero, e foram salvas. Dessa vez, as pessoas se lembraram daquelas notícias, mas lá em cima encontraram uma armadilha. O telhado era de madeira e as telhas de amianto. Para respirar, retiravam as telhas e ficavam sobre o madeiramento, arrancando as roupas e cobrindo os rostos para evitar a fumaça.”
E continua: “Em torno do prédio que queimava, milhares de pessoas se apertavam na passarela da Praça das Bandeiras e no Viaduto do Chá, chorando e esticando faixas, pedindo calma. Por volta do meio-dia, subi no teto de um prédio onde havia uma dessas lunetas usadas por turistas para observar a cidade. Foi a cena mais chocante: as pessoas estavam ali, ao alcance da minha mão, se contorcendo, se abraçando, morrendo, algumas já caídas, sem roupa. Um helicóptero tentava se aproximar, mas eram tantas as mãos tentando agarrá-lo que ele era obrigado a se afastar. Apenas jogava toalhas molhadas”.
Biancarelli conta que depois um sargento conseguiu se jogar de uma altura de quatro metros, de um helicóptero sobre o telhado, quebrando as telhas de amianto e o tornozelo. Augusto Carlos Cassaniga era o nome desse sargento, que fixou uma corda no telhado e lançou-a até o prédio vizinho, por onde atravessaria o capitão Hélio Caldas, que já tinha sido herói no Andraus.
“O capitão Caldas contou 64 corpos no telhado. Foi a último a sair. Ele diz que, ao tirar o uniforme em casa, encontrou vários bilhetes enfiados em seus bolsos. Eram rabiscos de pessoas se despedindo das famílias. Ele disse que não teve coragem de ler o que estava escrito.”
 “Foi certamente a edição mais sofrida e conturbada que já vivi. Eu tinha 23 anos na época e estava havia um ano na redação de ‘Veja’. Como era sexta-feira, tínhamos que fechar a edição naquela mesma noite. As mesas da redação foram cobertas por centenas de fotos. Mino Carta comandava o trabalho. A cada retranca que íamos escrever, faltavam detalhes. Os repórteres estavam esgotados. A edição foi fechada ao longo do sábado, e o número exato de mortos só foi definido na semana seguinte”, completa.
Foi um dia triste. Muito triste. Foi uma tragédia. Que poderia ter sido evitada. (15/06/2002)
Quando você é o seu Super-Homem... Na época em que eu andava de moto, meu tio - que também era motoqueiro - sempre dizia: "Quando você achar que está pilotando muito, deixe sua moto na garagem por uma semana, se não, você vai tomar um tombo daqueles". O que ele queria dizer é que o excesso de confiança tem conseqüências gravíssimas.
Analisando essa linha de raciocínio, chego à conclusão de que ele tem razão. Acidentes sempre ocorrem quando a gente acha que "isso acontece com os outros, não comigo!". Não preciso dizer que é adotando esse tipo de pensamento que mulheres ficam grávidas contra a vontade, pessoas adquirem doenças sexualmente transmissíveis ou sofrem acidentes automobilísticos.
Esse "excesso de confiança" estende-se para decisões tomadas por pessoas responsáveis por várias outras, como um governante ou um empresário. Talvez esta atitude inconseqüente tenha matado 188 pessoas e ferido 345 em um dos maiores incêndios que a cidade de São Paulo já viu, há 25 anos, no edifício Joelma.
Era 24 de fevereiro de 1974 e faltava um mês para a instalação de uma escada de incêndio no edifício, que não possuía saídas de emergência. Por volta das 09h, um suposto curto-circuito no sistema de ar condicionado iniciou o fogo.
Muita gente não teve como escapar. Talvez se a escada estivesse lá, como deveria estar, os números não tivessem sido tão alarmantes e nem a situação tivesse chegado ao ponto de as pessoas se atirarem das janelas. Mas no projeto do edifício, os responsáveis devem ter pensado. "Incêndio? Imagine, isso não vai acontecer com o meu prédio!" (05/03/2001)
Coragem sob fogo "How can I help you?" Foi com essa pergunta e um enorme sorriso que Lu Carvalho, 73 anos, me recebeu na sala de sua casa, no alto de Pinheiros, se desculpando pelo atraso em me atender. "Estava acabando de almoçar", disse com seu delicioso sotaque piauiense.
Reparei na prateleira cheia de porta-retratos com recordações de viagens, amigos e artistas como Roberto Carlos e Regina Duarte. "Essa do Roberto foi tirada durante um show beneficente que ele fez na creche onde trabalho. Esta outra tirei quando fui a Paris. Já viajei muito, visitei a Bélgica, Alemanha, Inglaterra. Estava na França durante a Copa de 98."
Lu estava maquiada e arrumada. Depois da entrevista, ia visitar sua irmã, que fica em uma casa de repouso perto dali. "Tenho uma vida bastante agitada. Além da creche, sou tesoureira do meu grupo de oração e trabalho no departamento de documentação do Colégio Santa Cruz, que providencia documentos para pessoas carentes." Lu faz natação e hidroginástica duas vezes por semana e caminha sempre que pode. Está participando de cursos de culinária francesa e italiana. Nos finais de semana, normalmente vai para casas de amigos no Guarujá, em Campos do Jordão ou no Rio de Janeiro. É ocupando seu tempo com essas atividades e tendo "muita fé em Jesus" que Lu preenche o vazio deixado pelas tragédias que pontuaram sua vida. Perdeu o pai aos 7 anos e a mãe aos 17. Seu casamento fracassou. Mas as passagens que deixaram marcas mais profundas foram sua presença no incêndio do Edifício Andraus, em 1972, e a morte do único filho, em 1987.
"No dia 23 de fevereiro de 72, eu estava de férias da Petrobras - cujo escritório era no Edifício Andraus (Rua Pedro Américo, 32, próximo à Praça da República) - e meu chefe me chamou para taquigrafar laudos, já que a pessoa que estava me substituindo não sabia realizar esse tipo de trabalho." Lu ficou na empresa até tarde naquele dia, mas não conseguiu terminar a tarefa.
No dia seguinte, estava novamente em seu escritório no 12º andar quando um colega entrou esbaforido e gritou que o prédio estava pegando fogo. Ela se lançou ao corredor e, pela janela de outra sala, pôde ver os rolos de fumaça refletidos no edifício vizinho.
"Ia entrar no elevador quando alguém me puxou dizendo que não poderia embarcar. Por meio de alto-falantes, os bombeiros davam ordens para a gente ir para o heliponto, no 29º andar. Encontrei uma colega e um engenheiro alemão e tentamos subir. Quando atingimos o 15º, umas pessoas estavam descendo aflitas, dizendo que o heliponto havia sido interditado, pois o piche do chão estava derretendo, tamanho era o calor."
Lu e os dois colegas voltaram para o 12o, esperando por um milagre. "Estava passando mal com a fumaça e o engenheiro tirou minha blusa, molhou com a água que os bombeiros jogavam e que entrava pela janela e colocou a blusa no meu rosto para eu conseguir respirar." No desespero, muitas pessoas tentavam pular para o terraço de um dos edifícios vizinhos, que era mais baixo do que aquele andar do Andraus, mas acabavam estateladas na calçada. Lu chegou a considerar a possibilidade de fazer o mesmo, mas foi desencorajada por seus colegas.
"Parecia uma guerra. O fogo, as explosões dos botijões das copas. Cheguei a pensar que morrer arrebentada seria melhor do que morrer queimada. Mas me lembrava de meu filho, que tinha só 3 anos, e pedia a Deus que me deixasse viver para que eu pudesse cuidar dele. Então, eu, minha colega e o engenheiro começamos a rezar o Pai-Nosso", conta Lu, que àquelas alturas tinha uma hemorragia, estava com a clavícula quebrada e com queimaduras pelo corpo causadas ao encostar nas paredes quentes.
Finalmente a escada Magirus chegou àquele andar. "Já estava muito fraca e, cada vez que tentava pegar a escada, alguém mais forte me empurrava e se salvava. Naquele momento era cada um por si." Amparada pelo engenheiro, conseguiu ser resgatada e foi para o Hospital das Clínicas. O terror não acabava ali. Lu carregou os traumas durante alguns meses. Passou a ter pavor de fogo, sirenes e tudo o que a lembrasse daquele dia. Ficou três meses em sonoterapia em uma clínica e depois freqüentou os cultos da filosofia oriental Seicho-No-Ie, o que a ajudou a superar seus traumas.
Em 1987, com a vida refeita e separada do marido, Lu Carvalho vivia com o filho Wilton - com quem se dava muito bem - e uma empregada. Wilton acabara de sair do Colégio Santa Cruz e ingressara no curso de engenharia da Universidade Mauá. "Era um menino inteligente, dedicado. Praticava rugby, capoeira, surf. Era um líder entre seus amigos, todos gostavam dele. Eu fazia de tudo para dar a ele um padrão de vida bom", lembra Lu, com os olhos embotados em lágrimas.
Numa madrugada daquele ano, Wilton voltava de uma festa no carro de um amigo. Garoava e o carro derrapou no cimento úmido, batendo no muro de um viaduto. Com a força da pancada, Wilton foi atirado para fora do carro, bateu a cabeça na calçada e morreu. "Na manhã seguinte, quando acordei e não o vi em casa, achei que tinha ido dormir na casa de um amigo. Ligaram para mim dizendo apenas que ele tinha sofrido um acidente. Quando cheguei ao hospital e soube a verdade, desmaiei."
Alguns dias depois, Lu foi levada a um grupo de oração e afirma ter visto Jesus com as mãos impostas sobre os ombros de Wilton dizendo "aqui está seu filho". A certeza de que ele ainda está vivo em outro lugar deu-lhe forças para continuar lutando. Até hoje, os amigos de Wilton reúnem-se de vez em quando na casa de Lu para jantar. O prato preferido da moçada é a lasanha que ela prepara. "Deus me poupou do sofrimento de ter um filho preso em uma cadeira de rodas, por exemplo, mas não me poupou da saudade. Hoje, eu vivo de fé."
O dia em que o Centro parou
No dia 1º fevereiro de 1974, a Câmara Municipal de São Paulo retomava suas atividades depois do recesso de fim de ano. Orlando Augusto Pinto, que então estava completando quatro meses trabalhando lá, conta que “os militares queriam ver a política parada o máximo que pudessem. Por isso os recessos eram grandes".
Naquele dia, ouvindo rádio antes de ir para o trabalho, soube que havia um incêndio no Centro da cidade. “Mas não prestei atenção, não sabia direito onde era. E o Joelma é vizinho da Câmara.” Ele morava na Avenida Rangel Pestana, no Centro, e ia a pé para o trabalho. “À medida em que me aproximava do local, a confusão aumentava nas ruas e nas calçadas.”
O incêndio havia começado às 8h30, no 12º andar, por causa de um curto-circuito no sistema de ar-condicionado. Por volta das 11h, horário em que Orlando começava seu expediente, o trânsito estava caótico e os bombeiros haviam interditado a entrada da Câmara, pois o heliponto do prédio estava sendo utilizado como pronto-socorro improvisado para as pessoas resgatadas pelos helicópteros. De lá, elas eram levadas pelos elevadores até o subsolo onde se encontravam as ambulâncias.
“No meio da confusão encontrei com a minha chefe. Era uma senhora tão caxias que gostava que todo mundo chegasse mais cedo.” Orlando conta que mesmo em meio ao caos ela parecia ignorar a gravidade da situação e queria entrar no edifício para trabalhar. “Como o prédio estava interditado, ela teve que se conformar e ir para casa.” Ele diz ainda que o zelador da Câmara teve o bom senso de mandar abrir todas as janelas do edifício. “Se ele não tivesse feito isso, os vidros teriam estourado com a pressão do ar.”
Ao contrário da multidão que se aglomerava em frente ao Joelma e nas imediações, Orlando não quis ficar para assistir ao desfecho do desastre. “Tem gente que gosta de ficar vendo esse tipo de coisa. Eu não gosto. Fui para casa.”
A Câmara ficou fechada por mais uma semana. “Houve uma paranóia com segurança na época, por causa do Joelma e do Andraus, que havia pegado fogo dois anos antes. Na própria Câmara, foi promovida uma semana de prevenção a incêndios, com palestras sobre o que fazer caso aconteça um acidente assim”, recorda.
Hoje, Orlando continua trabalhando na Câmara. É assessor técnico administrativo da comissão de educação, cultura e esporte. Vai de carro trabalhar e deixa-o no Joelma (hoje Edifício Praça da Bandeira), onde há estacionamento nos primeiros andares. “Com o passar do tempo, parece que os cuidados a serem tomados para se evitar incêndios foram sendo esquecidos. Quantos prédios existem por aí sem as mínimas condições de segurança?” Ele cita a própria Câmara como exemplo do descaso. “Se você for ao 13º andar vai ver um emaranhado de fios expostos”, diz, referindo-se aos fios que saem pelo vão das lajes de gesso que caíram. “Aqui é o local onde as leis da cidade são feitas, deveria ser o primeiro local a respeitá-las."
"Não somos heróis" No dia 24 de fevereiro de 1972, Edson Faroro, então bombeiro do Batalhão da Praça Clóvis (Centro), foi designado para ir até o Banespa para trocar a lâmpada vígia (a luz vermelha que os prédios têm no topo como sinalização para aeronaves). “Como os bombeiros estão familiarizados com altura, eles são muitas vezes requisitado para esse tipo de serviço”, conta.
De lá de cima ele avistou um foco de incêndio. Avisou o batalhão pelo rádio e foi para o local. Era o Andraus - conhecido também como “prédio da Pirani” por ser ocupado em boa parte pela loja de departamentos Casas Pirani - que pegava fogo. O acidente começou supostamente com um foco nos cartazes publicitários da loja.
“Por causa do vento forte houve uma propagação muito rápida”, diz, explicando que com a pressão do ar quente, os vidros se quebram e o fogo passa para o andar superior, normalmente pelas cortinas. É o que os bombeiros chamam de “propagação vertical”.
Chegaram os reforços requisitados por ele, que logo entrou no prédio. Com a mangueira em forma de chuveiro, formava uma cortina d’água para resfriar as escadas e liberá-las. Enquanto isso, outros bombeiros combatiam o fogo jogando água por fora e os helicópteros resgatavam as pessoas que estavam no heliponto. “Tivemos o apoio da aeronáutica e de particulares, que ajudaram enviando helicópteros”, relata Faroro. A operação exigiu o esforço de quase todos os bombeiros da cidade e alguns de Santo André.
Durante o salvamento, o bombeiro entrou e saiu do prédio diversas vezes. “Vi coisas horríveis. Uma mulher foi tentar pular para o terraço do prédio vizinho – que era mais baixo que o andar onde ela estava – imitando algumas pessoas que pularam antes dela e alcançaram o local. Mas ela bateu no parapeito do prédio e caiu. Um outro homem tentou descer pelo cabo do pára-raios, que era embutido e não chegava até o chão. Ele também caiu.”
No final do dia, Faroro estava com as orelhas cheias de bolhas e as pontas dos dedos queimadas, ferimentos causados pelo calor. Dezesseis pessoas morreram, uma, vítima de problemas no coração, sete queimadas e oito que caíram ou se lançaram de cima do Edifício. “Mas ninguém morreu nos elevadores, como foi relatado na época. Eu mesmo fui verificá-los e os desliguei.”
Depois do incidente, os bombeiros exigiram melhorias nos equipamentos. Alguns novos materiais foram comprados, mas não era o suficiente para atender à demanda de um incêndio como o do Andraus. Em 1o de fevereiro de 1974, ou seja, dois anos mais tarde, outro incidente aconteceria, com conseqüências muito mais graves.
O Edifício Joelma, localizado próximo à Câmara Municipal, teve uma suposta sobrecarga elétrica no sistema de ar-condicionado, o que causou um curto-circuito que teria sido a causa do incêndio. O problema da propagação vertical foi ainda maior porque a fachada do edifício era toda envidraçada. “Havia muitos botijões de gás nas copas das empresas, que explodiam e lançavam blocos de paredes para baixo”, diz Faroro.
Os 80 metros do prédio dificultavam o resgate das pessoas dos andares mais altos, pois a escada Magirus (escada de resgate dos bombeiros) só alcançava 44 metros. “Algumas pessoas que estavam mais próximas dos andares onde a escada chegava se jogavam na tentativa de agarrá-las. Algumas conseguiram, outras caíram. Até hoje ouço o som retumbante das pessoas se chocando contra a laje dos primeiros andares.”
Muita gente lembrou-se que no caso do Andraus a salvação de vários sobreviventes veio com os helicópteros. Ao invés de descer, elas subiram para o terraço. Mas no topo, o Joelma era coberto por uma telha de amianto, o que tornava a descida dos helicópteros impossível e ainda aumentava o calor. Faroro conta que o comandante da operação Hélio Caldas passou de um prédio vizinho para a laje do Joelma por uma corda. “Ele disse que conversava com as pessoas, tentando dar o apoio necessário. Quando uma pessoa parecia sob controle – até alargava o colarinho ou acendia um cigarro - o comandante ia socorrer outra. De repente, o primeiro se jogava.” Sessenta pessoas (“eu mesmo contei”) acabaram literalmente cozidas embaixo das telhas.
 “O calor era tanto no interior do prédio que o latão do registro do hidrante derreteu. Cheguei a encontrar pedaços de alumínio e vidro fundidos, sendo que o ponto de fusão do alumínio é 600o e o do vidro, um pouco mais alto.”
Apesar da tragédia, ele se recorda também de histórias bem sucedidas e até interessantes, como a de um homem que desceu pulando de um parapeito para o outro. Até que ele chegou a um andar onde uma mulher aguardava socorro. “Em uma demonstração de cavalheirismo, ele ficou com ela até os dois serem resgatados.”
O bombeiro atribui uma parcela do que aconteceu à falta de informação da época em casos como esses. “Sempre digo que quanto mais se corre do fogo, mais ele aumenta. Se alguém tivesse combatido os primeiros focos de incêndio, talvez o fogo não tivesse causado tantos estragos e perdas. Também vi gente pegando o elevador, coisa que é extremamente perigoso.” Ele diz que hoje em dia há mais conhecimento sobre o que fazer em caso de incêndio. “Nos próprios andares, há uma plaquinha ao lado do elevador dizendo ‘Em caso de incêndio não utilize o elevador’.”
Quanto às causas dos dois acidentes, ele afirma que é difícil saber quais foram com exatidão. “Em matéria de perícia de incêndios nós engatinhamos até hoje.”
Nos dois episódios, a opinião pública e a imprensa declararam os bombeiros como heróis. “Herói é quem faz algo para o que não foi treinado. Se uma pessoa salva outra sem ter recebido treinamento para aquilo, essa pessoa é um herói. Bombeiros não são heróis, são homens comuns que fazem um trabalho para o qual foram treinados”, finaliza Faroro, que hoje tem 54 anos, é coronel da reserva e tem uma consultoria em segurança de incêndio

Joelma folha de são paulo


São Paulo, sexta-feira, 1º de fevereiro de 1974  

  De novo, e muito pior

  Até 17h: 70 mortos  
 
Todo o drama que a cidade viveu no dia 24 de fevereiro de 1972, na tragedia do Edificio Andraus, repetiu-se hoje - em escala maior - no incêndio que destruiu o Edificio Joelma, de 26 andares, localizado no nº 225 da avenida Nove de Julho (Praça da Bandeira), cujos fundos dão para a rua Santo Antonio, 184, no centro da cidade.

Não fosse a maior gravidade da catástrofe - até as 17 horas tinham sido contados cerca de 70 cadaveres no Instituto Medico Legal e 83 feridos eram atendidos em postos de emergencia e hospitais diversos - ter-se-ia ontem um autentico video-tape da tragedia do Andraus: as grossas labaredas que irrompiam do enorme edificio, dezenas de pessoas em pânico no terraço, bombeiros tentando alcançar os andares mais altos com suas "magirus", atos heroicos de salvamento aqui e ali, a multidão postada nas adjacências acompanhando os lances mais dramaticos - e todo o centro da cidade praticamente paralisado.

Acima de tudo - em sentido literal - pairavam, novamente, as grandes vedetes do incendio: os helicopteros que conseguiram, mais uma vez, salvar dezenas de pessoas que, em desespero ou muito feridas, postavam-se no terraço do Joelma ou eram levadas para o posto de emergencia montado, com rapidez e dedicação, na Camara.

No edificio da Camara Municipal, em cujo teto há um heliporto, montou-se o dispositivo inicial para socorro às vitimas. Medicos, enfermeiros e doadores de sangue acorreram em grande numero para esse local, onde chegavam, constantemente, cobertores, tubos de oxigenio e tranquilizantes enviados por uma "corrente da amizade" que logo se formou.

No predio que se incendiou, funcionava o Banco Crefisul de Investimentos S.A. e ali trabalhavam cerca de 600 pessoas, numero aumentado por aqueles que eventualmente procuravam o predio para seus negocios e, tambem, pelos motoristas que estacionavam seus carros na garagem que ocupa os 6 primeiros andares.

Segundo as primeiras informações, o fogo deve ter se originado num curto-circuito ocorrido num aparelho de ar condicionado, instalado no 12º andar. Um ex-diretor da Crefisul disse que havia muita madeira por causa de obras que se realizam no edificio.

Até às 15 horas, tinham sido identificados os seguintes mortos: Antonio Camargo Rosa, William Franz, Paulo Aparecido Salles, João Alberto Gravini, José Neves de Almeida, Rodolfo Kelsing, Sidney Morelli, João Nunes Borges e Margarida de Lauro.

Continuavam chegando mais cadaveres.

  
  Drama na 9 de Julho, nº 225  
 
Vi mais de dez corpos carbonizados entre a garagem e o restante do edificio. Cheguei também a tempo de ver outros dez jogarem-se lá do alto. Não tenho duvidas, esta tragédia matou mais de 30 pessoas" - foi que afirmou o tenente Bueno de Lima que conseguiu chegar pelas escadas do Corpo de Bombeiros até o sétimo andar, onde acaba o estacionamento de carros.

O edificio com 26 andares, segundo o funcionario Odemar Ivan, era todo ocupado pelo Banco Crefisul de Investimentos SA. Apenas os dois ultimos pavimentos encontravam-se desocupados e hoje começariam a serem ocupados pela corretora da empresa. Odemar Ivan tinha os olhos vermelhos e garantiu que, no prédio, trabalhavam de 600 a 700 pessoas. "Quero ver meus amigos" - gritavam pisando numa poça de sangue.

O prédio que fica na Av. Nove de Julho, 225, chama-se Joelma, e os fundos dão para o no 184 da Santo Antonio. Até o meio-dia embora os megafones se fizessem ouvir, garantindo não mais haver fogo, ainda se podia ver da praça da Bandeira, labaredas em varios compartimentos.

De ambos os lados do predio podia-se ver revestimentos de ferro retorcidos, calhaus, objetos, roupas, marcas de sangue, madeira que ainda caiu do predio, com a fuligem.

  
  Talvez 40 mortos  
 
O bombeiro Irineu Tamarino, que mais tarde conseguiu entrar na garagem e se refazia da fumaça, disse ter visto também dez corpos entre os escombros dos primeiros andares. Um calculo ainda prematuro feito pelos oficiais do Corpo de Bombeiros faz supor que 40 pessoastenham morrido na tragedia, entre aquelas que se jogaram do edificio ou ficaram lá dentro presas entre as chamas.

O panico que se estabeleceu na confusão obrigou a que cavalos da Policia Militar fossem utilizados para afastar a multidão. Todos queriam ver de perto o fogareu e postavam-se nas escadarias da Ladeira da Memória ou mesmo nos degraus do Teatro Municipal. A rua Xavier de Toledo, bem afastada, estava intransitável.

  
  Na praça   
 
Vários helicopteros sobrevoavam o local, mas o primeiro que logrou aproximar-se e mesmo descer na quina do edificio foi o aparelho 36 da FAB. Antes do meio dia já pousara sete vezes, inclusive levando bombeiros para averiguar a extensão da tragedia.

O helicoptero, com ajuda de uma corda, ergueu no ar o capitão Indalécio. Este chegou a encostar-se junto a um homem que permanecia isolado no 16o andar, e dava mostra de completa exaustão. Lá estava desde que começara o fogareu, encostando-se à janela, com um lenço nos olhos. De baixo, na praça, uma funcionaria da Secretaria de Promoções gritava para que retirasse as roupas. O homem de terno cinza e oculos, com um relogio rebrilhando, manteve-se por varias horas na mesma posição, sem tirar o paletó.

Quando o capitão Indalécio aproximou-se para ajudá-lo, com a corda fixa à barriga, o homem recusou-se. O helicoptero fez outro giro e aproximo-se do homem, mas este novamente recuso-se talvez por sentir-se incapaz de segurar-se ao corpo do militar.

"Não posso compreender o que está acontecendo lá em cima. Este quer morrer sufocado ou jogar-se lá do alto a qualquer instante".

A medida que o aparelho aproximava-se a multidão prendia a respiração tomada de um medo-panico. Em dado momento a impressão era de que, afinal, se agarraria ao corpo do Capitão Indalécio. Mas foi inutil. É certo que mantiveram um dialogo qualquer numa tentativa de fazê-lo sair da janela onde se escorava. Quando lançou o paletó, a multidão pensou que ele se decidira pela solução derradeira. Uma mulher desmaiou.

O homem que se recusara a amparar-se no corpo do capitão Indalécio, preso por uma corda ao helicoptero, a despeito de tudo dava a impressão de calma. Alguém garantiu que rezava. Eram 10h30m, e êle continuava lá, dando apenas a impressão de que já respirava com dificuldade.

- É meu filho, tenho certeza que é meu filho - disse o advogado Diogo Garcia Filho, aparentando 50 anos, incapaz de articular as palavras.

- "Tenho certeza agora que é meu filho. Usa oculos como eu e liguei para casa. Disseram que ele vestia um terno cinza. Chama-se Celso Garcia.

O advogado não se tranquilizou, nem mesmo quando um fotografo emprestou-lhe a lente de alcance, para que pudesse ver melhor o homem que se escorava lá no alto, passando a mão nos olhos e o lenço. "Não suporto mais, esta emoção. Agora tenho dúvidas. Será mesmo meu filho. Vou para casa. Ligue para 299-0774. Não tenho coragem de ficar mais por aqui".

A multidão teve que ser afastada à força do viaduto que passa sobre a praça da Bandeira. Ali pousou o primeiro helicoptero que, antes decolar do alto do prédio da Camara Municipal. Uma árvore foi cortada para que a aterragem se fizesse melhor e as ambulâncias também se aproximassem para levar os feridos.

- Quem pode doar sangue? Quem pode doar sangue? - gritava um enfermeiro diante da multidão. E, de pronto, uma fila se formou e seguiu para as imediações do Hotel Cambridge, onde se achava uma ambulancia especial para receber as doações voluntárias.

  
  Outro apelo   
 
Antes do meio-dia se fez outro apelo dramatico aos moradores das vizinhanças por intermédio dos megafones:

"Quem tiver água e possa trazê-la até aqui num balde, por favor, façam com urgência. Estamos precisando de água. Atenção, moradores, tragam água em baldes.

Os moradores, do outro lado da Av. Nove de Julho, que acompanhavam os socorros, desapareceram de suas janelas, atendendo ao apêlo.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Big Brother 2002 - 2012

Um texto que fiz para O Diário do Norte do Paraná, em 2002, sobre o primeiro Big Brother, é agora comentado no portal Educar Brasil :Após levantar essas questões sugira aos estudantes lerem o comentário feito pelo jornalista Marcelo Bulgarelli que está indicado no site educativo Reality Show e a banalização da sociedade. O comentário postado em um blog busca entender como o sucesso dos realities shows tem mostrado a banalização do pensamento crítico da sociedade. Ele nos mostra que a “baixa cultura” tem se tornado cada dia maior na sociedade contemporânea, uma vez que as pessoas têm deixado de lado o poder de reflexão para com a sociedade.

Reality-show e a banalização da sociedade
Psicóloga e sociólogo analisam reality-shows como Big Brother e Casa dos Artistas; programas são considerados como “fábricas que forjam a realidade”, anulando

Marcelo Bulgarelli
O Diário - 2002


Quanto mais próximo da verdade, tudo mentira. Ratinho não precisa mais recrutar indivíduos em bairros pobres da Grande São Paulo para gravar cenas de falso flagrante em troca de cachê. Vivemos hoje o sucesso dos reality-shows, ou “a vida como ela é”. E não é.

Programas como Casa dos Artistas e Big Brother Brasil estão sendo analisados com atenção por psicólogos e cientistas sociais. Em recente palestra no auditório Hélio Moreira, a psicóloga clínica Ângela Maria Pires Caniato – junto com uma platéia de alunos da área – dissecou todo o conteúdo ideológico embutido nesses reality-shows.

Não foram tratados como meros programas de entretenimento, mas ferramentas que reforçam a manutenção das castas sociais, anulam a solidariedade sem deixar chances para a verdadeira realização do indivíduo: o direito à felicidade.

Para compreender o Big Brother e programas do gênero, é necessário entender como é a relação mídia-indivíduo. Hoje, a angústia do homem contemporâneo está justamente nessa incapacidade de discernimento diante da bateria de informações despejadas diariamente pela mídia. Esse excesso estrangula a capacidade de reflexão, de reação, do senso crítico.

O bombardeio de informação cria uma nova censura pois todas as questões apresentadas ficam no nível da superficialidade. Não há tempo hábil para raciocinar. Freud chamaria isso de regressão primitivas do pensar humano. “É o pensamento irracional tal como a tevê veicula. O excesso impede o raciocínio”, sintetiza Caniato.

SEM VALORES

Portanto, pode-se observar essa anulação do indivíduo proposta pelos reality-shows, considerados como fábricas de forjar a felicidade. Caniato entende os programas como uma distorção da busca do ser humano que tanto lutou pela vida plena, pela realização afetiva e sexual. Nos programas, esses valores são abandonados. Fatores íntimos como desejo e gozo são agora encenados, são farsas.

Ainda assim, o telespec-tador tem a ilusão de interação. Mas ele não possui contato com o outro lado, o mundo da tevê. A interação é abstrata, ilusória. “É um telespectador na sua solidão, na tentativa louca de buscar um companheiro que não conhece ele, personagens que estão representando ou aparentando espontaneidade, como é o caso do Big Brother”, analisa.

COMPETIÇÃO

Em outro programa semelhante, No Limite, também é explicitada a banalização do mundo competitivo da sociedade atual. Essa competi-tividade é apresentada pela mídia como se fosse algo inerente à natureza humana. Dá a idéia de que é normal viver em uma sociedade em que só haverá um vencedor, sem lugar para todos.

E quem será esse vencedor do Big Brother, o herói que vai sair do programa com 500 mil reais? Será, obviamente, aquele disposto a realizar todas as tarefas, o que for mais hábil em todas as áreas, sem limites humanos. Aqui o culto do herói seria também o culto do sofrimento. Mais uma vez a mídia quer mostrar que a exclusão é um processo natural, não um fenômeno de uma sociedade excludente. Valoriza-se a exclusão e não a inclusão.

Um dos fatores que levaria essas pessoas a se exporem diante de milhões de telespec-tadores é o desejo de mostrar algo que elas não tem. Caso contrário, não precisariam dos holofotes do SBT ou da Globo. Aspas para Caniato: “esse é o narcisismo patológico da atualidade. Se há ânsia de querer mostrar, é porque não tem. É o vazio que se transformou a vida das pessoas e a intimidade de cada um”.

“PAREDÃO”

Em suma, a sociedade quer todos em palco comum, escravos de padrões estéticos e ideológicos e não como indivíduos diferentes dos demais. Nesse ínterim, surge a figura do dedo-duro oficializado, representado pelo participante do programa com direito a escolher quem será o próximo adversário a ser julgado pelos telespectadores. É hora do “paredão”.

Ou seja, o dedo-duro entrega para a sociedade todo o processo de exclusão, mas que na verdade já foi feito anteriormente pelo grupo. É como se o dedo-duro denunciasse para a sociedade a “incompetência” do colega. Aqui ocorre mais uma banalização, desta vez, a cultura da exclusão. E ninguém tem vergonha de ser humilhado. Caso tivesse, reagiria.

Sob o ponto de vista afetivo, os reality-shows mostram o trágico do vazio. São homens e mulheres sem compromisso, sem vínculos afetivos. Ninguém se une. A solidariedade é uma falácia e todos passam a aceitar a idéia vendida pelo Big Brother.

Se mudar de canal, percebe-se que o SBT busca a audiência apelando para o sexo. A vulgaridade torna o programa quase um filme pornográfico, descaracterizando o vínculo homem - mulher do prazer amoroso, sensual. Não há espaço para o afago, a sensualidade e os rituais. A sexualidade, também banalizada, é agora algo trivial para ser mostrado publicamente.

Caniato, por fim, explica que vivemos numa sociedade que de fato estimula a competição para separar e depois dominar. Exige a conformação da infelicidade pelo indivíduo. Ele não pode mais se indignar, reagir, pensar. Resta o sofrimento na frente e atrás das câmeras.

SOLIDÃO

Fabio Vianna Ribeiro, professor do Departamento de Ciências Sociais da UEM e doutorando pela PUC (SP), analisa sociologicamente o fenômeno dos reality-shows mostrando que a tevê sempre buscou - desde os anos 50 - ter a aparência da realidade, apesar de tudo ser um “faz de conta”. É como um filme que imita a realidade com a diferença de que o herói nunca morre.

Nos reality-shows, mistura-se a grande farsa com altas doses de cinismo. É um jogo. Perverso. Ribeiro vê a Casa dos Artistas como uma oportunidade para os participantes alavancarem suas carreiras. No Big Brother a crueldade é mais explícita: é tudo ou nada. É melhor enfrentar a humilhação de ser julgado nacionalmente na frente de milhares de telespectadores do que ser apenas um anônimo, um cidadão comum.

Ribeiro faz uma análise da geração que cresceu nos últimos 40 anos junto com a televisão. Chegou um momento em que as as pessoas não se aproximam mais. É o mundo da incomunicabilidade. Não é fácil a aproximação. Daí o sucesso desses programas, um arremedo do que seria a vida real: ter amigos. As salas de bate-papo da internet são uma prova disso.

O sociólogo, porém, não acredita que meios de comunicação de massa tenham o poder de controlar totalmente a vida das pessoas. “Há espaço de negociação entre as pessoas e os meios de comunicação’’, atenua. Mas de todos os ângulos,

a televisão encontrou o meio de enganar mostrando a verdade. Até nos telejornais. Basta tremer a câmera para dar o impacto necessário do flagrante jornalístico. Ou criar “mise-en-scène” em reportagens tratadas como documentais. Se quiser mostrar a verdade, invente uma linguagem. E junto com a linguagem, as pessoas. Já não há mais tempo para pensar.

Desastre: o guincho errado!




Via Xpock

Hoje é sexta-feira!!!

quarta-feira, janeiro 25, 2012

A Paisagem de Angelopoulos


Noticia da Reuters: -O premiado diretor grego Theo Angelopoulos morreu aos 77 anos em um hospital de Atenas nesta terça-feira, horas depois de ter sido atingido por uma moto enquanto rodava um filme sobre a crise que afeta o país.

Vencedor de prêmios como a Palma de Ouro de Cannes, em 1998, por "A Eternidade e um Dia" e o prêmio do grande júri de Cannes em 1995 por "Ulysses' Gaze", Angelopoulos iniciou os trabalhos de seu novo filme, "The other sea", neste mês.

O filme era sobre o impacto da crise na vida cotidiana na Grécia.

Angelopoulos estava atravessando uma rua quando foi atropelado pela moto. Ele foi levado imediatamente a um hospital.

"Ele estava no meio da filmagem quando a moto atingiu ele. Ele sofreu múltiplos ferimentos no cérebro e hemorragia interna", afirmou uma autoridade policial que não quis revelar seu nome. A moto pertencia a um policial que estava de folga, disse.

Abaixo, eu havia aproveitado imagens da obra-prima Paisagem na Neblina - do Angelopoulos - com a música "Marinheira" junto com fotos de Buenos Ayres.
Engraçado quando morre alguem que a gente admira o trabalho. Um luto melancólico.

Façam suas apostas!!

Os indicados ao Oscar  -  (* nosso palpite)

Melhor filme
Cavalo de guerra
O artista
O homem que mudou o jogo
Os descendentes
A árvore da vida” (*)
Meia-noite em Paris
Histórias cruzadas
A invenção de Hugo Cabret
Tão forte e tão perto
Atriz coadjuvante
Berenice Bejo, “O artista” (*)
Jessica Chastain, “Histórias cruzadas”
Melissa McCarthy, “Missão madrinha de casamento
Janet McTeer, “Albert Nobbs
Octavia Spencer, “Histórias cruzadas”
Ator coadjuvante
Kenneth Branagh, “Sete dias com Marilyn
Jonah Hill, “O homem que mudou o jogo”
Nick Nolte, “Guerreiro
Christopher Plummer, “Toda forma de amor
Max von Sydow, “Tão forte e tão perto” (*)
Melhor atriz
Glenn Close, “Albert Nobbs”
Rooney Mara, “Os homens que não amavam as mulheres
Viola Davis, “Histórias cruzadas”
Meryl Streep, “A Dama de Ferro
Michelle Williams, “Sete dias com Marilyn” (*)
Melhor ator
Demian Bichir, “A better life
George Clooney, “Os descendentes”
Jean Dujardin, “O artista”
Gary Oldman, “O espião que sabia demais” (*)
Brad Pitt, “O homem que mudou o jogo”
Melhor diretor
Michel Hazanivicus, “O artista”
Alexander Payne, “Os descendentes”
Martin Scorsese, “A invenção de Hugo Cabret”
Woody Allen, “Meia-noite em Paris”
Terrence Malick, “A árvore da vida” (*)
Melhor roteiro original
Michel Hazanivicius, “O artista” (*)
Kristen Wiig and Annie Mumulo, “Missão madrinha de casamento”
Woody Allen, “Meia-noite em Paris”
J.C. Chandor, “Margin Call
Asghar Farhadi, “A separação
Melhor roteiro adaptado
Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash, “Os descendentes”
John Logan, “A invenção de Hugo Cabret” (*)
George Clooney, Beau Willimon e Grant Heslov, “Tudo pelo poder
Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin, “O homem que mudou o jogo”
Bridget O'Connor e Peter Straughan, “O espião que sabia demais”
Melhor filme de língua estrangeira
Bullhead”, Bélgica
Footnote”, Israel
In Darkness”, Polônia (*)
Monsier Lazhar”, Canadá
“A separação”, Irã
Melhor filme de animação
Um gato em Paris” (*)
Chico & Rita
Kung Fu Panda 2
Gato de Botas
Rango
Direção de arte
“O artista” (*)
Harry Potter a as Relíquias da Morte - Parte 2
“A invenção de Hugo Cabret”
“Meia-noite em Paris”
“Cavalo de guerra”
Fotografia
“O artista” (*)
“O homem que não amava as mulheres”
“A invenção de Hugo Cabret”
“A árvore da vida”
“Cavalo de guerra”
Figurino
Anônimo
“O artista”
“A invenção de Hugo Cabret” (*)
Jane Eyre
W.E. - O romance do século
Documentário
“Hell and Back Again”
“If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front”
“Paradise Lost 3: Purgatory” (*)
“Pina”
“Undefeated”
Curta-metragem documentário
“The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement”
“God Is the Bigger Elvis”
“Incident in New Baghdad”
“Saving Face”
“The Tsunami and the Cherry Blossom” (*)
Montagem
Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius, “O artista” (*)
Kevin Tent, “Os descendentes”
Kirk Baxter e Angus Wall, “O homem que não amava as mulheres”
Thelma Schoonmaker, “A invenção de Hugo Cabret”
Christopher Tellefsen, “O homem que mudou o jogo”
Maquiagem
Martial Corneville, Lynn Johnston e Matthew W. Mungle, “Albert Nobbs”
Edouard F. Henriques, Gregory Funk e Yolanda Toussieng, “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2”
Mark Coulier e J. Roy Helland, “A Dama de Ferro” (*)
Trilha sonora original
John Williams, “As aventuras de Tintim
Ludovic Bource, “O artista” (*)
Howard Shore, ““A invenção de Hugo Cabret”
Alberto Iglesias, “O espião que sabia demais”
John Williams, “Cavalo de guerra”
Canção original
"Man or Muppet" de “Os Muppets”, Bret McKenzie
"Real in Rio" de “Rio”, Sergio Mendes, Carlinhos Brown e Siedah Garrett (*)
Edição de som
Drive
“Os homens que não amavam as mulheres”
Transformers: O lado oculto da lua” (*)
“Cavalo de guerra”
Mixagem de som
“Os homens que não amavam as mulheres”
“A invenção de Hugo Cabret”
“O homem que mudou o jogo”
“Transformers: O lado oculto da lua” (*)
Efeitos visuais
“Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2”
“A invenção de Hugo Cabret” (*)
Gigantes de aço
O Planeta dos Macacos: A origem
“Transformers: O lado oculto da lua”
Curta-metragem de animação
“Dimanche/Sunday”
“The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore”
“La Luna” (*)
“A Morning Stroll”
“Wild Life”
Curta-metragem
“Pentecost”
“Raju”
“The Shore”
“Time Freak”
“Tuba Atlantic”  (*)

domingo, janeiro 22, 2012

O que aconteceu com o Um que Tenha?


Todo mundo já deve ter notado que o Um que Tenha está fora do ar.
Segundo o Fulano Sicrano, proprietário do blog, foram dois os problemas:
1) Ele teve um problema com um HD e boa parte do acervo do UQT ficou comprometido. O equipamento foi levado a uma especializada para tentar recuperá-lo.
2) Mas esse não foi o único problema. No dia 16/01 ele recebeu um aviso do servidor de hospedagem norte-americano, dizendo que o UQT tem algum script que está ocasionando uma sobrecarga qualquer e que até que isso seja corrigido o site ficará fora do ar. Mas ele não sabe se este é realmente o problema ou se é apenas uma desculpa tendo em vista a nova legislação americana de direitos autorais.
Ainda segundo o Fulano, todo o conteúdo está becapeado e os arquivos protegidos. O que temos a fazer, agora, é aguardar. (http://orfaosdoloronix.wordpress.com)

Etta James



A cantora Etta James, famosa por hits como The Wallflower, Something's Got a Hold on Me e At Last, morreu sexta-feira, aos 73 anos, confirmou a sua empresária Lupe de Leon. Ela morreu após ter complicações de saúde decorrentes da leucemia, doença com a qual foi diagnosticada em 2010. Também sofria de demência e hepatite C. A cantora, que completaria 74 anos na quarta-feira, morreu ao lado do marido, Artis Mills, e seus filhos, num hospital de Riverside, na Califórnia. "Esta é uma perda tremenda para a família, amigos e fãs ao redor do mundo", disse de Leon. "Nós trabalhámos juntas por mais de 30 anos. Ela era minha amiga e sentirei a falta dela."




Etta nasceu em Los Angeles em 1938 e mudou-se para São Francisco em 1950, onde formou um grupo chamado The Peaches. Ficou famosa ainda adolescente, quando a sua interpretação da música The Wallflower (Roll With Me, Henry) atingiu o topo dos Tops nos Estados Unidos, em 1955. Ela assinou contrato com a gravadora Chess em 1960 e não parou de produzir hits do r&b e do pop, retornando em 1967 com músicas mais ao estilo da Soul Music. Lutou durante muitos anos contra o vício em heroína. Foi internada duas vezes em clínicas de habilitação - o primeiro tratamento foi realizado nos anos 1970 e o segundo, nos anos 1980, quando ela conseguiu restabelecer-se e voltar a fazer sucesso.
Em 2008, Etta foi interpretada pela cantora Beyoncé no filme Cadillac Records, que conta a história da gravadora Chess. A morte da cantora foi anunciada junto com uma infeliz coincidência: o cantor Johnny Otis, responsável por descobrir o talento de Etta James e conhecido pela música Willie and the Hand Jive, morreu na última terça-feira, aos 90 anos.


Fonte: Veja abril Br.




quinta-feira, janeiro 19, 2012

Retrô

A Piramide foi moda nos anos 70. Meu irmão teve uma. Para conseguir os "efeitos energéticos", uma das extremidades deveria ficar apontada para a direção norte. Assim, se você instalasse a pirâmide sobre a sua cama, é provável que ela teria que ficar enviesada no quarto. Hilário.
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Image from ‘The Guide to Pyramid Energy’, 1975