ABC da Greve cobre os acontecimentos na região do ABC paulista, acompanhando a trajetória do movimento de 150 mil metalúrgicos em luta por melhores salários e condições de vida. Sem obter êxito nas suas reivindicações, decidem-se pela greve, afrontando o governo militar. Este responde com uma intervenção no sindicato da categoria. Mobilizando um numeroso contingente policial, o governo inicia uma grande operação de repressão. Sem espaço para realizar as suas assembleias, os trabalhadores são acolhidos pela igreja. Passados 45 dias, patrões e empregados chegam a um acordo. Mas o movimento sindical nunca mais foi o mesmo.
Em 1979, enquanto escrevia com Gianfrancesco Guarnieri o argumento do filme Eles não usam black‐tie (1981), Leon Hirszman viu-se surpreendido com a primeira greve geral depois da implantação do AI‐5 pelo regime militar. No dia 13 de março, véspera da posse do general Figueiredo à presidência, cerca de 150 mil operários cruzaram os braços e interromperam a produção metalúrgica: conduzidos pelo sindicato, reivindicavam, principalmente, um ajuste salarial maior do que aquele proposto pelos órgãos oficiais do governo e das indústrias. Como cineasta comprometido desde cedo com as causas populares, percebendo a importância de um movimento grevista forte o suficiente para se opor aos militares no poder, Hirszman decidiu interromper os trabalhos preparatórios de Black‐tie para se envolver no registo cinematográfico da mobilização operária.
Em entrevista concedida no dia 3 de abril de 1979, publicada apenas em 1990 com o título “O espião de Deus”, Hirszman explica que a realização do documentário, além de ajudar na composição dos personagens e situações de Eles não usam black‐tie, tinha por objetivo principal servir à causa dos grevistas, à classe popular que, em sua opinião, adquiria naquele momento consciência inédita da sua força política. Ao fazer do seu filme a memória da greve geral, o realizador procurava integrar-se no próprio processo de mobilização política, desejando que o seu documentário, posteriormente chamado de ABC da greve, mobilizasse o debate público na passagem para a década de 1980.
Infelizmente, o filme não foi acabado antes da morte prematura de Leon, em 1987. Entre 1989 e 1990, seguindo as indicações deixadas pelo falecido e regressando a edição que iniciara há alguns anos, o fotógrafo inglês Adrian Cooper concluiu o projeto. Lançado em 1991, na Cinemateca Brasileira, o filme, que não seria exibido no circuito comercial das salas de cinema, perdeu a intenção inicial de provocar o debate público no tempos de abertura para se transformar em registo de um passado recente, para vir à tona em um momento no qual o “novo sindicalismo” adquiriu projecção nacional com o Partido dos Trabalhadores e a primeira
disputa de Lula à presidência. AQUI
A Classe Operária Vai ao Paraíso
Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, A Classe Operária Vai ao Paraíso é a obra-prima de Elio Petri (Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita) e um dos grandes filmes do cinema político italiano. A Versátil apresenta esse clássico em versão restaurada. O ator Gian Maria Volontè está inesquecível como Lulu, um operário-padrão italiano, que perde um dedo em um acidente de trabalho e é envolvido num movimento de protesto. Ele fica dividido entre as tentações da sociedade de consumo e o movimento sindical, numa radiografia do impasse ideológico de muitos trabalhadores. Ao som da brilhante trilha sonora de Ennio Morricone, Elio Petri constrói um estudo seminal sobre as relações de trabalho no capitalismo. Um filme perturbador e muito atual. AQUI
Elenco
Gian Maria Volonté (Lulù Massa)
Mariangela Melato (Lidia)
Gino Pernice (Sindacalista)
Luigi Diberti (Bassi)
Donato Castellaneta (Marx)
Giuseppe Fortis (Valli)
Corrado Solari
Flavio Bucci (Operaio)
Ficha Técnica
Título Original: La classe operaia va in paradiso
País de Origem: Itália
Gênero: Drama
Classificação etária: 18 anos
Tempo de Duração: 125 minutos
Ano de Lançamento: 1971
Direção: Elio Petri
Eles não usam Black-tie - 1981
“Em São Paulo, em 1980, o jovem operário Tião e sua namorada Maria decidem casar-se ao saber que a moça está grávida. Ao mesmo tempo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, Otávio, um velho militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar.”
Diretor: Leon Hirszman
Duração: 122 minutos
Norma Rae - 1979
Verão de 1978. Em Hinleyville, uma pequena cidade no sul dos Estados Unidos, a maioria da classe operária trabalha numa fábrica têxtil, cujas condições de trabalho são intoleráveis. Lá também trabalha Norma Rae (Sally Field), uma mãe solteira que mora com os pais, que também são operários na fábrica. De repente, de Nova York chega Reuben Warshowsky (Ron Leibman), um sindicalista que, ao tentar arranjar um quarto, conhece Vernon Witchard (Pat Hingle), o pai de Norma. Vernon trata mal Reuben, assim como a maioria da cidade, mas isto não o impede de dizer que Vernon é mal pago e está a ser muito explorado. Entre Norma e Reuben surge uma amizade que cresce com o envolvimento de Norma na luta sindical, que se inicia quando ouve um discurso de Reuben mostrando as vantagens de serem sindicalizados.
Norma Rae é baseado na história real de Crystal Lee Sutton, que liderou uma campanha contra as condições de trabalho oferecidas pela empresa J.P. Stevens Mill. Oscar e Palma de Ouro de Melhor Actriz para Sally Field. Oscar para a belissima canção "It Goes Like It Goes". "Norma Rae" também concorreu à Palma de Ouro de Melhor Filme em Cannes. Realizado por Martin Ritt. AQUI