Acabei de ver o primeiro episódio de 'American Horror Story' pela Fox HD. Me decepcionei um pouco. A critica abaixo e os comentários mostram que o seriado, pelo menos no início, ainda tem aqueles cliches irritantes do cinema de horror atual. Por outro lado, o primeiro episódio nos deixa curioso pelo seguimento. Esperar pra ver.
GABRIEL PERLINE (do Terra)
Estreia nesta terça-feira (8), às 23h, na FOX a série American Horror Story, mais um produto das mentes criativas de Ryan Murphy e Brad Falchuk, responsáveis pelo fenômeno Glee. Contrastando com a comédia musical e os corredores da high school, a nova trama, como o título prevê, invade o universo do terror, embora não tenha deixado explícito em seu primeiro episódio por qual linha será conduzida.
A trama retrata a vida do casal Ben (Dylan McDermott) e Vivien Harmon (Connie Britton), que se muda de Boston para Los Angeles com a filha, Violet (Taissa Farmiga), para deixar no antigo endereço algumas tristes lembranças que marcaram a história da família.
Instalados na nova residência, um casarão sombrio e com um histórico aterrorizante, os novos moradores passarão a ser perturbados pelos mistérios que pairam no local, além de começarem a ser abordados por pessoas pouco convencionais, como a governanta Moira O'Hara (Frances Conroy), a vizinha Constance (Jessica Lange) e um dos antigos moradores da propriedade, Larry (Denis O'Hare).
ALERTA SPOILERS!
Ben e Vivien decidem abandonar a antiga casa em Boston na tentativa de deixar nela as lembranças que quase os levaram ao divórcio, além de ser responsável pela morte do segundo filho do casal. Ela estava grávida de sete meses e sofreu um aborto espontâneo ao ver o marido na cama com uma aluna de 21 anos. O destino da dupla, juntamente com a filha Violet, é Los Angeles.
Eles encontram um casarão com ares de castelo, bastante arborizado - características clichês nas tramas que possuem como mote casas mal assombradas -, construído em 1920 e vendido por um preço quatro vezes mais barato que qualquer moradia de estrutura inferior da região. O motivo é logo esclarecido pela corretora de imóveis: os antigos proprietários, um casal gay, morreram no local. Segundo consta, problemas financeiros motivaram um dos rapazes a matar seu parceiro e a se suicidar logo em seguida.
Após titubearem, eles decidem ficar com a mansão e quem dá o veredicto é a adolescente Violet, que descobre uma passagem para o porão da casa e se encanta com a possibilidade de ter um reduto secreto no novo lar.
Já instalados, algumas falhas são percebidas na história. A primeira delas é quando Vivien encontra quadros pendurados nas paredes cobertos por papéis decorativos. Ela passa a retirar os bloqueios das obras de arte e descobre as pinturas, todas relacionadas a sacrifícios de humanos e encontra algo de reconfortante nelas. Ben, que a todo custo tenta quebrar o gelo com sua mulher, que ainda sente certa ojeriza ao toque do psiquiatra, se impressiona com o gosto peculiar e não a impede de manter as artes. Outra falha é perceptível na cena em que Vivien ouve barulhos na casa e decide ir até o porão. Lá ela encontra armaduras de couro e se assusta, mas o marido a acalma e deduz pertencer aos antigos proprietários, que utilizavam os objetos em seus momentos de intimidade. A pergunta que fica no ar é: como alguém compra uma casa e se muda para ela sem saber o que há em cada cômodo?
Adelaide, uma mulher com síndrome de down, surge na casa e assusta Vivien, anunciando que ela morrerá. A personagem é uma das primeiras a aparecer no episódio, que se inicia em 1978. A então pequena Addy - apelido da personagem - vê dois irmãos gêmeos entrando na mansão mal assombrada e, após ser ameaçada pelos garotos, ela os avisa que morrerão caso entrem no local. Eles ignoram a recomendação e a profecia se realiza. Já nos tempos atuais, ela mantém o hábito de invadir a residência misteriosamente e brinca com os espíritos dos meninos assassinados.
Vivien convoca a estranha Constance, mãe de Adelaide, e pede para que não invada mais sua casa sem autorização. Durante a conversa, a vizinha fica impressionada com os brincos de diamantes, presenteia a nova colega de bairro com sálvia para defumar o lar, além de proteger dos maus espíritos, e se despede ameaçando quebrar seus braços caso volte a encostar em sua filha.
Outra personagem curiosa surge na trama: a governanta Moira O'Hara, uma senhora ruiva, cega de um olho, que assusta Vivien no quintal da mansão, enquanto executa alguns afazeres domésticos, e se oferece para trabalhar no local com o pretexto de conhecer cada canto da casa, pois havia servido os antigos proprietários. Já na cozinha, na finalização do acordo das tarefas que a nova funcionária da família executará, Ben interrompe a dupla e se surpreende ao ver uma linda ninfeta com sua mulher.
A garota em questão é a própria Moira, que está morta e se revela uma espécie de "zumbi metamorfo", já que consegue reproduzir diferentes formas simultaneamente às pessoas. Ela é responsável por perturbar Ben, tentando-o seduzir. Ele, em um determinado momento, vê a governanta se tocando intimamente e corre em direção ao banheiro para se masturbar. Ao final, chorará copiosamente, com sentimento de culpa por ter "traído" novamente sua mulher. Aliás, vale ressaltar que o dorso esculpido do ator Dylan McDermott é exibido nu duas vezes. A exploração do corpo masculino é característico da obra de Ryan Murphy. Basta lembrar que na segunda temporada de Glee ele explorou bastante o corpo malhado de Chord Overstreet, intérprete de Sam.
Por falar em Ben, ele é o primeiro a sofrer com os mistérios da casa. Há uma cena que ele se levanta da cama completamente sem roupa, caminha em direção à sala e acende a lareira. Abordado por Vivien, o psiquiatra mostra sinais de sonambulismo, que se confundem com possessão espiritual. Em outro momento, quando sua mulher transa no quarto com um homem misterioso - que ela acredita ser seu marido fantasiado -, Ben também está fora de si e vai até a cozinha, acende o fogão e encosta suas mãos nas chamas, mas é interrompido pela sombria Constance, que surge no local sem explicações, e orienta o rapaz, completamente fora de si, a não se queimar.
Há ainda dois personagens curiosos apresentados no episódio de estreia. O esquisito Larry, que possui parte do rosto deformado, vítima de um câncer cerebral incurável, que já morou na mansão e passou alguns anos preso após matar a mulher e suas duas filhas. Ele relata a Ben que se sentiu dominado por forças estranhas e acabou orientado a incendiar o local, assassinando sua família.
Por último, Tate, um adolescente psicótico, paciente de Ben, que relata suas vontades de cometer assassinatos e acaba se apaixonando por Violet ao vê-la cortando os pulsos. Eles se tornam amigos e o garoto ajuda a jovem a pregar um susto em Leah, desavença da escola que lhe faz sofrer bullying. Ao descobrir que a rival é viciada em cocaína, a filha de Vivien diz ter a droga em sua casa. A menina desce até o porão e se depara com Tate sentado em uma cadeira. A luz se apaga e zumbis atacam a histérica estudante, que sai do local com o rosto sangrando. Violet acende a luz e expulsa o rapaz do local, detectando algo de anormal com ele.
O primeiro episódio de American Horror Story apresenta alguns clichês clássicos do gênero, como a aplicação de músicas angustiantes nos instantes anteriores às cenas "assustadoras", locação pouco iluminada e personagens esquisitos. No entanto, o fato de não estar clara a natureza dos seres bizarros desta história, se vivos ou mortos, além de deixar no ar qual a linha de terror será mantida na trama, justificam a ansiedade pelo segundo episódio, na expectativa de obter mais detalhes sobre os mistérios que pairam no casarão.
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