Por Josemir de Medeiros (01-03-02)
O austríaco Stefan Zweig subiu a serra em 1942, fugindo do nazismo e acabou suicidando-se em Petrópolis, há exatos 60 anos. A poeta chilena Gabriela Mistral recebeu aqui a notícia de que havia sido escolhida como ganhadora do Prêmio Nobel, em 1945. Outra poeta, a norte-americana Elizabeth Bishop, refugiava-se numa casa no bairro da Samambaia e a cidade ainda mereceu a atenção de nomes como o de Manoel Bandeira, que escreveu sobre o bairro onde passava temporadas, “Noturno da Mosela”, localidade escolhida também pelo pensador católico Alceu de Amoroso Lima.
Stefan Zweig, que nasceu em Viena, na Áustria, em 1881, era acima de tudo um humanista, ousando defender suas idéias humanitárias até mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, o que acabou lhe obrigando a fugir do Nazismo na Europa, desembarcando no Brasil, sendo acolhido pelo governo de Getulio Vargas.
Ao lado de sua mulher Lotte, escolheu viver em Petrópolis numa casa do bairro Valparaíso. Aqui produziu sua obra mais conhecida no país e também a mais polêmica: “Brasil, País do Futuro”, que muitos julgam ter sido feita sob encomenda do governo Vargas, como “pagamento” pela sua acolhida brasileira. Esta é apenas uma das muitas indagações sobre Zweig que continuam sem resposta, assim como a sua própria morte, no dia 23 de fevereiro de 1942, na casa do Valparaiso. Apesar de aparentemente se tratar de um suicídio - Zweig e a mulher Lotte morreram abraçados ao lado de um vidro de veneno e havia um bilhete de despedida - muitos acreditam que o escritor austríaco pode ter sido assassinado pela polícia secreta alemã.
Na rua Mosela, 289 fica a casa de Alceu de Amoroso Lima, o articulista e crítico literário que assinava seus trabalhos sob o pseudônimo de Tristão de Athayde. Bacharel em direito, Alceu de Amoroso Lima veio a falecer em sua casa de Petrópolis, em 1983, aos 90 anos de idade e a casa da serra onde passava os verões, acabou transformada no Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (CAAL), entidade que tem a finalidade principal de divulgar a obra do seu antigo morador, que foi um incansável lutador em prol da liberdade ousando questionar regimes autoritários como o governo de Vargas, em 1940 e os militares de 1964.
Ainda na lista de escritores famosos que escolheram Petrópolis para morar, a norte-americana Elizabeth Bishop que se dividia entre um sítio no bairro da Samambaia e um apartamento de frente para o mar, no Leme, Rio de Janeiro. Ao lado da arquiteta Carlota Macedo Soares, a Lota, que projetou o Parque do Flamengo, no Rio, a poeta americana vivia um assumido relacionamento homossexual e gostava tanto do seu refúgio petropolitano, uma casa projetada pelo arquiteto Sérgio Bernardes e premiada em 1954, que lamentava profundamente ter que sair da Samambaia para ficar no apartamento do Rio.
Um comentário :
Bulgarçom, lendo seu belo post a gente fica pensando em como o Brasil é maravilhosamente acolhedor a quem venha de fora, não? Pena que o mundo lá fora não seja assim... abs
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