segunda-feira, outubro 24, 2011
Assombrações em Maringá
Historiador João Laércio Lopes Leal, do Patrimônio Histórico Municipal, departamento da prefeitura, sempre se interessou pelo tema e coleciona diversos casos, registrados em relatos orais gravados com pioneiros, em matérias publicadas em jornais, livros e em conversas informais com alunos, professores e amigos.
Um dos casos apresentados por Leal e que está registrado em livro é um exorcismo realizado no bairro do Guaiapó e que está descrito pelo próprio exorcista, o ex-padre Benno Wagnerno livro "Maringá, Cidade Canção - Volta às raízes".
Em 1955, Wagner era padre jesuíta. Ele foi um dos fundadores do Colégio Santo Inácio e um dos primeiros párocos da Igreja São José Operário, na Vila Operária.
Em 1955, cinco irmãos italianos mataram o cunhado em uma casa de madeira no Guaiapó. Pouco tempo depois, a casa toda começou a tremer.
"O padre foi na casa, realizou todos os rituais e a situação acalmou. Mas no dia seguinte, as outras casas em volta começaram a tremer. Ele teve que voltar e exorcizar todas elas, com as pessoas rezando para mandar o espírito do cunhado embora. Isso tudo está registrado no livro desse ex-padre, que depois largou a batina, casou e hoje mora em Curitiba", diz Leal.
Um local famoso por ter sido palco de assombrações é o Cemitério dos Caboclos, localizado entre o distrito de Floriano e Paiçandu. Leal explica que a região de Maringá era habitada por mestiços de índio e branco ¿ os caboclos ¿ antes da chegada dos pioneiros trazidos pela Companhia Melhoramentos.
Eles moraram na região até meados dos anos 50 e enterravam seus mortos nesse cemitério, que hoje está abandonado, mas muita gente ainda o utiliza para realizar práticas de candomblé, magia ou para fazer oferendas aos mortos.
"Existem muitos relatos de pessoas que dizem que viram vultos nesse cemitério. É um local assombrado já famoso em Maringá", diz o historiador.
Também houve relatos de incidentes , registrados na imprensa local, de casas apedrejadas sem que os moradores e nem mesmo a polícia encontrassem sequer pistas dos agressores.
Os casos aconteceram em 1991, no Jardim Alvorada, e em 1988, na Vila Emília. No primeiro, os ataques só pararam após a visita de um padre, que benzeu a casa. No segundo, foi necessária a intervenção de um pastor.
Na Vila Operária aconteceu um caso que ficou famoso em Maringá em meados dos anos 60 e ganhou até as páginas dos jornais.
Durante seu próprio velório, uma mulher acordou, levantou e deu um grande susto em todos os familiares, que já velavam o corpo. Ela havia sido dada oficialmente como morta, com atestado de óbito assinado pelo médico e tudo.
Ainda na Vila Operária, houve o caso de Saruê, um bandido famoso na década de 60 e que morava no bairro. Como ele só roubava em outras regiões da cidade e sempre ajudava as pessoas do bairro, era querido e protegido pelos moradores da Operária.
Pela forma como conseguia sempre fugir da polícia, os moradores do bairro acreditavam que Saruê tinha poderes mágicos. Diziam que ele podia se transformar em árvores, animais e qualquer tipo de objeto.
Os poderes funcionaram até o final dos anos 70, quando Saruê foi morto pela polícia.
Leal também conta histórias de relatos de fantasmas e aparições no
Parque do Ingá, no Cesumar e na antiga Delegacia (onde atualmente funciona o Detran). O historiador conta que o Parque do Ingá servia de ponto de desova de cadáveres de gangues.
"Tem muitas histórias de pessoas que iam passear pelo Parque do Ingá e viam vultos estranhos."
Leal também coletou histórias fantásticas acontecidas no Cesumar. O local, até o final dos anos 80, era um lixão e era usado como ponto de desova de fetos de abortos clandestinos. "Muitos alunos e até professores me contaram que viram vultos de crianças brincando no parque."
O antigo cadeião também coleciona histórias de assombração, pois ficou famoso como local de tortura e morte de prisioneiros até os anos 70.
"Existem relatos de pessoas que viram vultos e até ouviram gritos vindo do antigo cadeião muito tempo depois dele ter sido desativado. Sons estranhos que eram ouvidos mesmo durante o dia", diz Leal. Em Maringá, os fantasmas não tem hora para circular.
Fonte: Fábio Massalli - O Diário de Maringá
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