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sábado, maio 22, 2010

O dia do touro



Li na Casa do Noca o post sobre o toureiro e não resisti. Deu trabalho resgatar esse vídeo, mas vale o registro. A jornalista Sandra Moreira fala da crônica do pai, Sandro Moreira, sobre uma tourada em Sevilla durante a Copa do Mundo de Futebol na Espanha em 1982 - Vídeo gravado em 1987 na ABI - Associação Brasileira de Imprensa - em 1987 - durante a formatura da turma de jornalismo da Faculdade Hélio Alonso (Facha), Rio de Janeiro. Grande jornalista carioca e torcedor fanático do Botafogo, Sandro Moreira nasceu em 1918 e faleceu em 29 de agosto de 1987. No vídeo eu coloquei Madri, mas o fato se deu em Sevilla.



Trecho da crônica de Sandro Moreira:
'O toureiro, solene e grave, com sua longa capa vermelha atirada aos ombros, entrou na arena e dirigiu-se à tribuna de honra. Lá, curvando-se num gesto elegante, atirou o seu solidéu, barrete ou que nome tenha, a uma dama, certamente ilustre. Em seguida, com a mesma pompa, voltou-se para o público e em galante reverência curvou-se numa saudação fidalga. E ainda estava curvado quando das arquibancadas estourou uma gritaria bem brasileira, forte e cadenciada: – Um, dois, três, quatro, cinco, mil, eu quero que o toureiro vá pra puta que o pariu!'

'Na monumental praça de touros de Sevilha, um deslumbrado torcedor brasileiro ao ver passar o toureiro à sua frente, ovacionado pela multidão que lhe atirava flores, leques e mantilhas, jogou-lhe, como suprema homenagem, o pé direito de sua surrada e malcheirosa conga. Foi um episódio de uma tarde inesquecível, em que os canarinhos brasileiros avacalharam completamente essa secular e sagrada instituição espanhola que são as touradas.'
(...)
Bastou o belo animal entrar na arena para ser aplaudido pela turma das camisas amarelas e, quando o picador, a cavalo, cravou uma lança no corpo do touro, fazendo jorrar um sangue grosso e vermelho, 'uma tremenda vaia explodiu pelo estádio que se misturou aos gritos compassados de filho da puta e de pilhas de rádio atiradas em sua direção, fazendo o picador fugir espavorido'. Aí sobrou para o moço das bandeirilhas, de calças justas e bolero bordado. 'Bastou ele dar uma corridinha, na ponta dos pés, e os gritos de 'bicha, bicha, bicha' acompanharam todo o seu trajeto.'

Um comentário :

Anônimo disse...

Ler crônicas de craques como Sandro Moreira, Armando Nogueira, João Saldanha e tantos outros gênios que nos deixaram obras primas do nosso saudoso futebol encantador e vitorioso do passado, fica a esperança que apareçam nos meios de comunicação jornalistas ávidos por contar histórias ou "estórias" com bom humor e irreverência como naqueles anos dourados dos gramados pelo nosso país. Será que faltam profissionais que tenham a paixão pelo esporte, ou o esporte precisa se reinventar para que renasçam grandes mentes para a crônica esportiva.

Forte abraço!