"Martim Cererê" (1928), do poeta modernista brasileiro Cassiano Ricardo. Essa obra é um dos grandes exemplos do nacionalismo mítico e da valorização das raízes culturais brasileiras na literatura modernista.
Trecho Selecionado (parte do poema):
"Martim Cererê,neto das águas,irmão da noite e do dia,Martim Cererê,tu que és o dono do vento,o senhor dos segredos,o pai dos mistérios,vem cá, vem cá,contar teus casosà minha gente..."
Martim Cererê é uma criação poética de Cassiano Ricardo, um símbolo do Brasil mestiço, que une elementos indígenas, africanos e europeus.
Ele é descrito como um ser cósmico ("filho do Sol e da Lua"), ligado à natureza e aos ciclos da vida.
A repetição de "Martim Cererê" e a estrutura paralela ("filho do...", "neto das...", "irmão da...") remetem a cantigas populares e a narrativas orais indígenas.
O poema mistura referências indígenas (Cererê lembra "Curupira" ou "Saci"), afro-brasileiras (elementos míticos) e universais (Sol, Lua, noite, dia
Diferente do ufanismo tradicional, Cassiano Ricardo busca um Brasil profundo, ligado às suas raízes mágicas e ancestrais.
Martim Cererê foi publicado em 1928, durante a fase heroica do Modernismo brasileiro.
O poema reflete o manifesto Verde-Amarelo (do qual Cassiano Ricardo fez parte), que defendia um nacionalismo baseado na cultura popular e no folclore, em oposição ao cosmopolitismo de Oswald de Andrade.

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