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terça-feira, agosto 05, 2025

Kris Schornobay

Kris Schornobay  e Marcelo Bulgarelli





Quem vê a Kris Schornobay hoje, jornalista experiente e articulada, talvez nem imagine que tudo começou meio por acaso, com um vestibular feito nas férias, sem muita pretensão. Nascida em Foz do Iguaçu, ela cresceu ouvindo três idiomas e convivendo com turistas, exilados e todo tipo de história de fronteira. “Eu só percebi o estigma de Foz quando saí de lá”, contou. Mas, apesar da fama da cidade, ela se orgulha profundamente de suas raízes.

A entrada no jornalismo veio depois de uma tentativa frustrada de cursar psicologia. O curso na UEPG, com foco mais voltado para o impresso, não impediu Kris de seguir para a televisão – onde, aliás, construiu praticamente toda a sua carreira. “Eu sempre me considerei jornalista, não só repórter ou produtora”, disse, destacando que o jornalismo de TV muitas vezes peca pelo personalismo e pela aparência, especialmente no caso das mulheres. E ela falou disso com muita franqueza: “As pessoas não ouviam o que eu dizia, só reparavam na cor da blusa”.

A passagem por várias cidades, como Guarapuava, Ponta Grossa e, claro, Maringá, foi recheada de histórias. Foi em Maringá, inclusive, que ela se estabeleceu com o companheiro, também da área, e conciliou maternidade com redação. Seu filho literalmente cresceu no meio da equipe de TV. Mas nem tudo são flores: Kris também falou com coragem sobre o ambiente machista e tóxico das redações. “Eu era tida como brava, mas era o meu jeito de me proteger”, explicou.

A entrevista também teve espaço para reflexões mais profundas sobre o atual momento do jornalismo. Kris criticou o modelo do vídeo repórter, que acumula funções em nome da economia, e falou com propriedade sobre os perigos dessa precarização. “Tem jornalista sendo assaltado ao vivo. Isso não é normal, não é seguro”. E ela defende a regulamentação da internet com argumentos firmes, especialmente quando o tema envolve a exposição de crianças.

Para fechar, Kris falou de saúde mental na profissão – assunto que conhece bem, inclusive por experiência própria. “Você se protege de um lado e se expõe de outro”, disse, ao comentar como lidava com o assédio e a pressão no trabalho. A jornalista deixou claro que, apesar de tudo, ainda acredita na importância do bom jornalismo, com ética, conteúdo e responsabilidade social. Uma conversa potente, humana e cheia de histórias que merecem ser ouvidas.

Encontros com a Imprensa” é um programa semanal que reúne jornalistas, repórteres, fotógrafos, radialistas, cinegrafistas e colunistas para celebrar suas histórias mais marcantes. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras, às 13h, e aos sábados, às 16h, na rádio UEM FM 106,9, no YouTube da UEM TV e no Spotify.

Renato Canini e Zé Carioca:

A Revolução Brasileira nos Quadrinhos Disney



A relação entre Renato Canini (1936-2013) e o personagem Zé Carioca marcou uma das fases mais autênticas e culturalmente ricas dos quadrinhos Disney no Brasil. Canini, um gaúcho de Porto Alegre, não apenas desenhou o malandro carioca como redefiniu sua identidade, tornando-o um símbolo do humor e da brasilidade.


Quem foi Renato Canini?

  • Formação: Começou como ilustrador de publicidade e chargista político, com traço ágil e expressivo.

  • Entrada na Disney: Em 1971, foi contratado pela Editora Abril, onde trabalhou ao lado de nomes como Carlos Edgard Herrero e Ivan Saidenberg.

  • Estilo Único: Misturava o cartum com detalhes realistas, cores vibrantes e cenários repletos de referências ao Rio de Janeiro.


Canini e Zé Carioca: A Reinvenção de um Ícone

  1. Do Americanizado ao Genuíno

    • Antes de Canini, Zé Carioca era um personagem "exportado", com sotaque e maneiras mais próximas do estereótipo latino de Hollywood.

    • Canini devolveu-lhe o samba no pé: seu Zé Carioca falava gírias cariocas ("coisa fina!", "é mole?"), frequentava botequins e tinha a malandragem típica do subúrbio do Rio.

  2. Cenários e Cultura Popular

    • Canini enchia as HQs de paisagens cariocas (Praça XV, Lapa, favelas) e figuras como sambistas, camelôs e torcedores de futebol.

    • Introduziu personagens secundários marcantes, como o compadre Queco (um parceiro do Zé) e a Rosinha (sua namorada), dando profundidade ao universo do papagaio.

  3. Crítica Social com Humor

    • Em histórias como "O Tesouro do Arco-Íris" (1975), Canini usava o Zé para satirizar a burocracia, a corrupção e as desigualdades sociais, sempre com leveza.


O Legado da Dupla

  • Influência: Canini inspirou uma geração de artistas brasileiros, como Flávio Colin e Primaggio Mantovi, a valorizarem a cultura local nos quadrinhos.

  • Reconhecimento: Em 2007, ganhou o Troféu HQ Mix por sua contribuição aos quadrinhos nacionais.

  • Fim de uma Era: Com a saída de Canini da Abril nos anos 1980, Zé Carioca perdeu parte de sua essência, mas as histórias clássicas continuam sendo reeditadas e celebradas.


Curiosidades

  • Canini nunca morou no Rio, mas capturou sua alma como poucos, graças a pesquisas e paixão pela música popular.

  • Em 2019, o documentário "Zé Carioca: O Brasileiro da Disney" destacou o trabalho de Canini como fundamental para a identidade do personagem.


Canini e Zé Carioca provaram que os quadrinhos Disney poderiam ser universais e locais ao mesmo tempo. Se o Zé foi criado nos EUA nos anos 1940, foi nas mãos de um gaúcho que ele virou, de fato, um herói brasileiro.

"Canini não desenhava o Zé Carioca — ele o sambava no papel." — Lourenço Mutarelli, quadrinista.

segunda-feira, agosto 04, 2025

Cristina Buarque de Holanda

Maria Christina Buarque de Hollanda (São Paulo, 23 de dezembro de 1950 –
 Rio de Janeiro, 20 de abril de 2025)
TV CONTIGO

Reportagem: Ézio Ribeiro/Texto: Benê Pompílio/Foto: Paulo Salomão

Seguindo o mesmo caminho de seu famoso irmão, Chico Buarque, ela começa a se tornar bastante popular. E já faz o lançamento de seu 4.º LP.

Ela é mais dona-de-casa que cantora. Pouco viaja para fazer shows. Não badala, não dá entrevistas escandalosas e nem faz grandes promoções de suas músicas. No entanto, acaba de lançar seu 4.º LP com sucesso de crítica e público! Ela é Cristina, irmã de Chico Buarque de Holanda, que também sofre do mesmo “mal de família”, fazer sucesso na música. Mas, daqui pra frente, ela promete uma mudança radical na carreira: — Meus cinco filhos são uma turminha que brinca e briga ao mesmo tempo. Por isso, até hoje dei mais atenção a eles que a mim mesma. Agora, o mais novo tem 2 anos. Estão todos crescidinhos, já não neces-

Seu gênero
é o bom samba de partido alto

sitam que eu fique o dia inteiro com eles. Cristina acrescenta que amadureceu por completo. Como mãe e compositora: — Ando tão exigente comigo mesma que não consigo mais ouvir os discos que gravei antes deste! Os amigos concordam. Se Cristina já era uma boa intérprete, neste quarto LP está surpreendente. A linha é a de sempre. Música popular, mas popular mesmo! Samba de morro, de partido alto. Com sabor e ginga brasileiros. O nome: Vejo Amanhecer.

TV contigo

domingo, agosto 03, 2025

Perros sin pelo em Trinidad, Cuba


 As estátuas de cachorros pelados (perros sin pelo) em Trinidad, Cuba, são esculturas de bronze que prestam homenagem a uma raça canina nativa da ilha: o perro sin pelo cubano, também conhecido como perro chino cubano. Essas estátuas são bastante emblemáticas e chamam a atenção de turistas que passeiam pelo centro histórico da cidade, patrimônio mundial da Unesco.

Elas simbolizam resistência, identidade cultural e história.

O "perro sin pelo" era um cão doméstico típico nas casas cubanas durante os séculos XVIII e XIX, especialmente entre famílias abastadas.

Com o tempo, a raça foi desaparecendo, tornando-se quase extinta. As estátuas servem como uma forma de preservar a memória desse animal singular.

As estátuas podem ser encontradas próximas à Plaza Mayor, o coração colonial de Trinidad. Costumam ficar nas calçadas ou degraus das casas históricas, em poses tranquilas e curiosas, como se estivessem observando a vida passar

Elas são um dos pontos turísticos mais fotografados da cidade e muitas vezes confundidas com cães reais, devido à riqueza de detalhes e ao acabamento realista do bronze.

sábado, agosto 02, 2025

Antonio Carlos Moretti

 

 



 Antônio Carlos Moretti foi o convidado de uma edição especial do Encontros com a Imprensa, na Rádio UEM FM, e entregou uma verdadeira viagem no tempo. Nascido na zona rural de Maringá, ele relembrou com carinho a infância na Placa Hiller, os primeiros contatos com o jornalismo ainda criança – quando entrou pela primeira vez em uma redação acompanhando o pai – e como o cheiro da tinta e as máquinas barulhentas o marcaram para sempre.

Moretti não começou no jornalismo de cara. Antes, sonhava em ser arqueólogo e até trabalhou como pacoteiro na Pernambucana, onde teve seu primeiro contato com a comunicação ao operar o sistema de som da loja. Mas foi na diagramação de jornais impressos que ele fincou pé. Ainda assim, o gosto pela escrita nunca o deixou, e ele precisou batalhar muito para sair da “caixinha do diagramador” e assinar suas primeiras matérias.

Com o tempo, virou referência na cobertura política e social, especialmente ao retratar os conflitos de terra envolvendo o MST no Paraná, nos anos 1990. Sua dedicação rendeu furos importantes — como a denúncia de tráfico de armas com envolvimento da polícia militar — e também momentos tensos, como ameaças de morte e tentativas de cooptação. Apesar disso, ele afirma: nunca foi censurado pelos jornais em que trabalhou, incluindo a Folha de Londrina e o Estado do Paraná.

Moretti também esteve presente em um dos momentos mais emblemáticos do jornalismo investigativo local: a série de denúncias de corrupção envolvendo a prefeitura de Maringá nos anos 2000, em parceria com nomes como Marta Medeiros e Paulo Pupim. As matérias foram decisivas e mostraram a força da imprensa local quando ela se une e enfrenta os riscos com ética e coragem.

Hoje, ao olhar para trás, Moretti valoriza cada experiência e acredita que a paixão pela verdade e pela justiça foi o que o manteve firme na profissão. Para ele, contar a história de quem está à margem, como os agricultores e sem-terra, é também contar a sua própria história — de quem nasceu no campo, enfrentou as dificuldades e escolheu fazer do jornalismo sua forma de escavar realidades ocultas.

Encontros com a Imprensa” é um programa semanal que reúne jornalistas, repórteres, fotógrafos, radialistas, cinegrafistas e colunistas para celebrar suas histórias mais marcantes. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras, às 13h, e aos sábados, às 16h, na rádio UEM FM 106,9, no YouTube da UEM TV e no Spotify.

sexta-feira, agosto 01, 2025

Valdete da Graça —

 


Na edição mais recente do Encontros com a Imprensa, da Rádio UEM FM, quem deu o ar da graça foi a jornalista Valdete da Graça — e o papo com o Marcelo Bugarelli rendeu boas histórias! Natural de Santos, ela chegou a Maringá nos anos 1980 para jogar basquete, mas logo o jornalismo entrou em cena. O início foi na assessoria de imprensa da Prefeitura, e já no primeiro dia rolou uma saia-justa digna de roteiro de comédia: ela comentou sobre a esposa do chefe sem saber que... adivinha? A própria estava na sala! Sorte que tudo terminou bem — tão bem que virou amizade.

Valdete contou também sobre sua formação na Metodista e os primeiros passos na imprensa escrita. Em Campo Mourão, trabalhou sem ganhar nada só pra ganhar experiência — e deu certo: virou editora da Tribuna do Interior por ser a única jornalista formada da redação. Na TV, passou por um monte de emissoras: Tibagi (hoje Rede Massa), Cidade, Manchete, Record, RPC... Cobriu de tudo um pouco, mas sempre teve um carinho especial pelo jornalismo esportivo. Já nas pautas policiais, apesar do peso, mandava ver — como ela mesma disse, “era o que tinha que fazer”.

Teve também aquelas histórias de bastidores que só quem vive rádio entende. Numa delas, uma entrevistada ouviu comentários indesejados feitos por uma colega, tudo por conta de um vacilo técnico — o famoso "esqueceu o microfone aberto". Na CBN Maringá, onde ajudou a montar a equipe, ela se encontrou de verdade: agilidade, dinamismo e aquele corre que só o rádio tem. E claro, falou também sobre o machismo nas redações, especialmente na hora de dividir pautas — homem na política, mulher na “pauta leve”? Não com ela!

Hoje, Valdete está longe de ser uma ex-jornalista parada. Aposentada, voltou com tudo para as quadras e joga na categoria 60+ de basquete — representando o Paraná e se preparando para competir na Suíça! Como se não bastasse, ainda arranjou tempo pra fazer um curso de gastronomia. Energia não falta.

A entrevista foi leve, divertida e cheia de ensinamentos. Valdete mostrou que é daquelas mulheres que fazem, transformam e seguem em frente com humor, coragem e muita história pra contar. Do jornalismo ao esporte, ela continua escrevendo — agora com a bola nas mãos, mas o mesmo brilho no olhar.

Encontros com a Imprensa” é um programa semanal que reúne jornalistas, repórteres, fotógrafos, radialistas, cinegrafistas e colunistas para celebrar suas histórias mais marcantes. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras, às 13h, e aos sábados, às 16h, na rádio UEM FM 106,9, no YouTube da UEM TV e no Spotify.

Agosto -uma série de tragédias em Hollywood

MÊS DAS BRUXAS  

Matéria "Mês das Bruxas" publicada na revista Video Business - década de 1980 -  de autoria de Dulce Damasceno de Brito

Agosto — e em especial o dia 5 — marca uma série de tragédias em Hollywood. Nessa data, astros idolatrados como Carmen Miranda, Marilyn Monroe e Richard Burton deixaram de representar.  



*Dulce Damasceno de Brito*  

O primeiro ífdolo de Hollywood a sucubir em de agosto foi Carmem Miranda. Era uma quente madrugada americana de 1955, quando, horas após ter gravado o show especial de televisão de Jimmy Durante — e já de volta à mansão em Beverly Hills —, Carmen caiu no quarto de vestir, a caminho do banheiro, para nunca mais se levantar. Na época, foi diagnosticado ataque cardíaco, hoje comumente chamado de infarto. Não importa a denominação. O que importa é a perda da maior figura popular que o Brasil já teve em termos internacionais.  

Bidu Sayão pode ter cantado na suntuosa Metropolitan Opera House, Villa-Lobos regido em pleno Hollywood Bowl, mas pergunte ao povo americano quem foi a expressão máxima do Brasil por lá. A resposta é uma só, da geração da sua época até a atual, que nem era nascida quando ela morreu: Carmen Miranda. Porque é o único nome que os turistas encontram gravado no histórico saguão do Chinese Theatre, também com uma estrela de ouro na calçada de Hollywood Boulevard. Até hoje, são vendidos cartões com o retrato dela, camisetas e canecas, lembranças de todo o tipo com seu exuberante sorriso, cercada de balangandãs e coroada com os turbantes de banana.  



Na tarde desse 5 de agosto de 1955, todos os vespertinos dos Estados Unidos dedicaram suas primeiras páginas à tragédia, esquecendo as sempre pirracentas notificabilícias. A manchete mais dramática é sugestiva: “CARMEN DANÇOU ATÉ MORRER... Dance Her Heart Out to Real TV Style Deadline”, que sugeria que ela havia esgotado seu coração de tanto dançar para se adiantar à data prevista para a greve dos técnicos de TV.  

Nascida em Portugal, Maria do Carmo Miranda da Cunha veio à luz no dia 9 de fevereiro de 1909, em Marco de Canavezes, província do Porto, mas foi trazida para o Rio de Janeiro com menos de um ano. Mais brasileira do que muitos, tornou-se, logo após a gravação do disco “Taí”, a melhor *chanteuse* do País, passando à frente de consagradas cantoras como Aracy de Almeida, as Irmãs Pagãs, Linda Batista e Isaurinha Garcia.  

A consagração veio após o contrato com a 20th Century Fox, em filmes como “Serenata Tropical” (1940), “Uma Noite no Rio” (1941), “Minha Secretária Brasileira” (1942) e “Entre a Loura e a Morena” (1945). Em 1945, conseguiu um recorde: é a artista femi[...]  

Naquela cidade, passaram centenas de celebridades por suas mãos. Mas, o que ele recorda com um misto de carinho, revolta e tristeza é do cadáver colocado à sua frente às 10:30 da manhã do dia 5 de agosto de 1962. Nome: Marilyn Monroe. Ele pensou: “Como cortar um mito? Como destruir toda esta beleza?” Após a autópsia, o aparentemente apático legista Thomas Noguchi escreveu: “Será que alguém gostaria de saber que o coração de Marilyn — o sofrido coração de uma estrela famosa e admirada no mundo inteiro — pesa exatamente 300 gramas, como um pedaço de carne que você compra no açougue?”  

As rádios da época anunciaram que Marilyn Monroe havia sido encontrada morta, na cama da sua casa em Brentwood, nua, telefone à mão, provavelmente evidenciando um caso de suicídio ou overdose acidental de barbitúricos. De novo, 5 de agosto, domingo de 1962.  

Norma Jeane Baker Mortenson nasceu em 1° de junho de 1926, na enfermaria geral do hospital municipal de Los Angeles. Sua mãe, Gladys Baker, tinha como profissão cortar as cenas de filmes exigidas pelo montador. Seu pai, Edward Mortenson, era ausente e desconhecido. Com Gladys constantemente internada em sanatórios para doenças nervosas (acabou morrendo louca, sem conhecimento da fama da filha), Marilyn passou a infância e parte da adolescência em *foster homes* — casas particulares designadas pelo governo para acolher órfãos. Um tipo de Febem disfarçada. Para fugir dos *foster homes*, Norma Jeane casou-se aos 16 anos com Jim Dougherty, marinheiro mercante, sempre ausente.  

Para chegar ao estrelato, ela lutou oito anos, posando para fotografias e fazendo testes de sofá com diversos produtores, até conhecer o homem que lhe abriu as portas de Hollywood — o agente Johnny Hyde, que se apaixonou por ela e até abandonou a mulher. Embora ele tivesse morrido de problemas cardíacos um ano depois, Norma Jeane já estava contratada pela Fox com o nome artístico que a imortalizaria. Ao assistir ao seu teste, encantado com sua exuberante sensualidade, o chefe de elenco do estúdio, Ben Lyon, quis rebatizá-la como Marilyn Miller, vedete já falecida. A nova atriz, porém, sugeriu o sobrenome da sua avó materna, Monroe. O estrelato aconteceu em 1953, com “Niágara”, seguido por “Os Homens Preferem as Loiras” e “Como Agarrar um Milionário”.  

“Não me faltam homens, me falta amor!”, dizia o novo símbolo sexual do cinema. E, nessa carência, casou-se mais duas vezes: com o herói do beisebol Joe DiMaggio, e com o teatrólogo Arthur Miller. Ambos acabaram em dolorosos divórcios, sem os filhos que ela tanto desejava. Em 19 de maio de 1962, Marilyn abandonou a já tumultuada filmagem de “Something’s Got to Give” para cantar “Happy Birthday, Mr. President” para John Kennedy no Madison Square Garden, com quem tivera um breve romance.  

O telefonema daquela última noite foi registrado como tendo sido para a casa do senador Robert Kennedy. Quando a polícia chegou, alguém já havia limpado todos os vestígios (diários, agendas, cartas) de envolvimento com os ilustres irmãos.  

RICHARD BURTON: O GÊNIO TUMULTUADO 



A terceira celebridade a morrer num dia 5 de agosto foi Richard Burton, em 1984. Tinha 58 anos, era alcoólatra assumido, mas continuava tão talentoso e charmoso como no passado. Foi sua última mulher, Sally Hay, quem o encontrou morto (derrame cerebral) sobre o sofá de sua casa na Suíça.  

Décimo-segundo dos 13 filhos de um mineiro galês, Richard Jenkins nasceu em Pontrhydyfen em 10 de novembro de 1925. Aos 16 anos, ganhou uma bolsa para Oxford, onde conheceu o professor Philip Burton, que o adotou artisticamente. Já consagrado como ator shakespeariano, estreou em Hollywood em 1952 com “Minha Prima Rachel”.  

Em 1963, durante as filmagens de “Cleópatra”, ele e Elizabeth Taylor apaixonaram-se, apesar de casados. Casaram-se em 1964, vivendo um dos casamentos mais glamourosos e conturbados de Hollywood. Divorciaram-se em 1974, casaram-se novamente em 1975, e separaram-se definitivamente meses depois. Três semanas antes de morrer, Burton disse ao irmão: *“Elizabeth e eu somos como aqueles pares de suportes de livros: há algo entre nós, mas jamais ficaremos separados.”*  

quinta-feira, julho 31, 2025

Meus filmes favoritos de terror

Meus filmes favoritos de terror mas não necessariamente nessa ordem. Todos empatam.



Década dominante: Anos 70, com forte presença do horror sobrenatural e início do slasher.

 Há uma progressão do gótico para o psicológico, e depois para o social e o grotesco nos anos 2000+.

Temas predominantes: Religião (Exorcista, Profecia, Rosemary), identidade (Corra!, Nosferatu), isolamento (Iluminado, Alien) e corpo (A Mosca, Lobisomem...).


1. O Exorcista (1973) – William Friedkin

Sinopse: Uma jovem é possuída por um demônio, levando sua mãe a buscar ajuda de dois padres para realizar um exorcismo.
Análise: Ícone do horror sobrenatural, mistura fé, culpa e terror visceral. Marcou a cultura pop com realismo e tensão psicológica.


2. O Iluminado (1980) – Stanley Kubrick

Sinopse: Um homem enlouquece lentamente enquanto cuida de um hotel isolado com sua família.
Análise: Horror psicológico que explora isolamento, loucura e violência familiar, com direção estilizada e ambígua.


3. Violência Gratuita (1997/2007) – Michael Haneke

Sinopse: Uma família é aterrorizada por dois jovens sádicos durante férias.
Análise: Metafilme cruel que critica o voyeurismo no horror e confronta o espectador com sua própria complacência.


4. Invasão Zumbi (Train to Busan, 2016) – Yeon Sang-ho

Sinopse: Passageiros de um trem tentam sobreviver a um surto zumbi na Coreia do Sul.
Análise: Mistura ação e drama humano com tensão crescente, trazendo renovação emocional ao gênero zumbi.


5. Midsommar (2019) – Ari Aster

Sinopse: Jovens participam de festival sueco que esconde rituais pagãos macabros.
Análise: Folk horror diurno que usa luto e relacionamentos tóxicos como motor para um terror psicológico perturbador.


6. Halloween (1978) – John Carpenter

Sinopse: Um assassino mascarado persegue adolescentes na noite de Halloween.
Análise: Pioneiro do slasher moderno, com atmosfera econômica e trilha icônica. Influência duradoura.


7. A Profecia (1976) – Richard Donner

Sinopse: Casal descobre que o filho adotivo pode ser o Anticristo.
Análise: Mistura paranoia religiosa e conspiração satânica com tensão crescente e mortes criativas.


8. Tubarão (Jaws, 1975) – Steven Spielberg

Sinopse: Um enorme tubarão aterroriza uma cidade litorânea.
Análise: Thriller que funde horror naturalista com suspense hitchcockiano. Inaugura o "blockbuster" moderno.


9. O Homem de Palha (The Wicker Man, 1973) – Robin Hardy

Sinopse: Policial investiga o desaparecimento de uma menina em ilha com rituais pagãos.
Análise: Folk horror britânico com crítica religiosa e atmosfera ambígua; final icônico.


10. Psicose (Psycho, 1960) – Alfred Hitchcock

Sinopse: Mulher em fuga encontra um motel isolado comandado por um homem estranho.
Análise: Marco do terror psicológico, com reviravolta narrativa e construção de tensão exemplar.


11. O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968) – Roman Polanski

Sinopse: Jovem grávida suspeita que seus vizinhos têm planos sinistros para seu bebê.
Análise: Horror paranoico urbano que explora controle sobre o corpo feminino e ocultismo com sutileza crescente.


12. Os Inocentes (The Innocents, 1961) – Jack Clayton

Sinopse: Governanta acredita que as crianças sob seus cuidados estão possuídas.
Análise: Horror gótico ambíguo e atmosférico, com subtexto sexual e psicológico refinado.


13. O Silêncio dos Inocentes (1991) – Jonathan Demme

Sinopse: Jovem agente do FBI busca ajuda de um serial killer preso para capturar outro.
Análise: Thriller psicológico com tensão constante e performances memoráveis; mistura terror e procedural policial.


14. Corra! (Get Out, 2017) – Jordan Peele

Sinopse: Jovem negro visita a família branca da namorada e descobre um plano sinistro.
Análise: Terror racial moderno com crítica social incisiva, humor ácido e construção de tensão eficiente.


15. Nosferatu (2024) – Robert Eggers

Sinopse: Releitura sombria e expressionista do clássico de Murnau, com nova estética e clima gótico.
Análise: Ainda recente, mas já reverenciado por sua fidelidade sombria ao espírito do original e estética rigorosa.


16. O Bar Luva Dourada (Der Goldene Handschuh, 2019) – Fatih Akin

Sinopse: Retrato grotesco e realista de um serial killer na Hamburgo dos anos 70.
Análise: Horror visceral e sujo, com abordagem quase documental e foco no grotesco humano.


17. A Mosca da Cabeça Branca (The Fly, 1958) – Kurt Neumann

Sinopse: Cientista se funde acidentalmente com uma mosca durante experimento de teletransporte.
Análise: Sci-fi trágico e clássico do corpo modificado, precursor do horror biológico moderno.


18. Alien, o Oitavo Passageiro (1979) – Ridley Scott

Sinopse: Tripulação de nave espacial enfrenta criatura mortal em missão.
Análise: Mistura de sci-fi e horror claustrofóbico com subtexto sexual e atmosfera opressiva.


19. Drácula (1958) – Terence Fisher

Sinopse: O conde Drácula espalha terror na Inglaterra vitoriana.
Análise: Estilizado e sensual, trouxe cor e erotismo ao vampirismo. Clássico da Hammer Films.


20. Frankenstein de Mary Shelley (1994) – Kenneth Branagh

Sinopse: Cientista dá vida a um ser feito de cadáveres e enfrenta as consequências.
Análise: Adaptação mais fiel ao romance, com tom operístico e foco no drama moral do criador e criatura.


21. Um Lobisomem Americano em Londres (1981) – John Landis

Sinopse: Jovem americano é atacado por lobisomem e sofre transformações em Londres.
Análise: Combina terror corporal brutal com humor negro e efeitos práticos lendários. Cultuado.



Anne Frank


A única filmagem de vídeo conhecida de Anne Frank.

...:


:

Trama Macabra (Intriga em Família) (Family Plot) (1976)



Falsa medium e seu amante, um taxista psicopata, planejam roubar uma grande quantia em dinheiro de uma idosa, alegando ter encontrado seu sobrinho há anos desaparecido. Sem saber, os trambiqueiros encontram o rapaz, agora como um esperto ourives, e que está envolvido com um sequestro.




Direção:Alfred Hitchcock

Roteiro: Ernest Lehman (roteiro), Victor Canning (livro "The Rainbird Pattern")



Elenco:

Karen Black...Fran

Bruce Dern...George Lumley

Barbara Harris...Blanche Tyler

William Devane...Arthur Adamson

Ed Lauter...Joseph Maloney

Cathleen Nesbitt...Julia Rainbird

Katherine Helmond...Mrs. Maloney

Warren J. Kemmerling...Grandison

Edith Atwater...Mrs. Clay

William Prince...Bishop Wood

Nicholas Colasanto...Constantine

Marge Redmond...Vera Hannagan

John Lehne...Andy Bush

Charles Tyner...Wheeler

Alexander Lockwood...Parson

Martin West...Sanger





Curiosidades:



-É o último filme do Mestre do Suspense Alfred Hitchcock



-Adaptação do romance "The Rainbird Pattern", de Victor Canning, publicado em 1972.



-O diretor pensou em Al Pacino para o papel de Lumley, mas o cachê do ator estava muito alto na época por conta dos recentes sucessos O Poderoso Chefão (1972) e Serpico (1973).

Jack Nicholson recusou o mesmo personagem em favor de Um Estranho no Ninho (1975).



-Trilha de John Williams. Foi a primeira e única parceria entre o compositor e Hitchcock. Globo de Ouro



-Em 1977 Barbara Harris foi indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz comédia/musical por seu trabalho no filme.





Memórias Póstumas de Brás Cubas

 Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), obra-prima de Machado de Assis que revolucionou a literatura brasileira


Trecho (O Defunto Autor):

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas."
(Dedicatória inicial)


Esta abertura irreverente, onde um morto dedica seu livro a um verme, já estabelece o tom cáustico e anti-romântico da obra. Brás Cubas narra sua vida post mortem, expondo sem pudor suas falhas e a hipocrisia da sociedade.


"Teoria do Humanitismo"

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. E não careço de imitar o Cristo, que amava tanto os homens que lhes deixou... piolhos."
(Capítulo CXXXIX — O último capítulo)


No fechamento do livro, Brás Cubas faz um balanço niilista de sua vida, celebrando não ter perpetuado o "legado da miséria" humana. A comparação sacrílega com Cristo resume o humor ácido machadiano.



  1. Ironia Ferina: Crítica disfarçada de humor ("A alma é uma doença" / "A morte é uma negativa sem retórica").

  2. Narrador Não-Confiável: Brás Cubas mente, omite e justifica seus atos mesquinhos.

  3. Experimentalismo: Digressões, diálogos com o leitor e capítulos curtíssimos (como o famoso "O Delírio", de 3 linhas).


 "Pai Contra Mãe"

"O menino morreu. Não chegou a conhecer este mundo, onde seria talvez um ridículo, como o pai, ou uma infeliz, como a mãe."

(Capítulo sobre o filho que não sobreviveu)

Impacto:
Machado condensa em poucas linhas toda a crueldade do destino e a futilidade da existência, temas centrais do livro.



  • Foi o primeiro romance realista brasileiro, publicado no mesmo ano que "O Primo Basílio" de Eça.

  • O personagem Quincas Borba (que aparece aqui) ganharia depois seu próprio romance.

  • A frase "Não consegui ser ministro, não consegui ser casado, não consegui ser poeta" sintetiza o fracasso como projeto existencial.


quarta-feira, julho 30, 2025

Bia Grabois

 

Bia Grabois



  1. Origem e Início:

    • Natural do Paraná, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1983.

    • Iniciou a carreira abrindo shows para o poeta e músico Jorge Mautner.

  2. Estilo Musical:

    • Conhecida por seu "blues brasileiro", distante do modelo tradicional americano, com letras existenciais e influências locais.

    • Também explorou rock e canções autorais, muitas compostas em parceria com seu irmão, Mário Grabois (publicitário).

  3. Trajetória Artística:

    • Começou cantando covers de ícones como Bessie Smith (blues) e Patsy Cline (country).

    • Integrou a banda Ipanema Blues antes de partir para projetos solo.

    • Seus shows em casas como JazzmaniaLaura Alvim e Mistura Up (onde se apresentou com um quarteto) consolidaram sua presença no circuito alternativo carioca.

  4. Repertório Autoral:

    • Destaques: "Os meninos" (blues brasileiro) e "O céu negro" (temática existencial).

    • Descrita como uma artista "intuitiva", que priorizava a emoção à técnica vocal.



Transcrição da matéria "Bia Grabois mostra ‘blues brasileiro’ no Mistura Up"

Jornal do Brasil – 18 de maio de 1992
Por Mauro Ferreira


Bia Grabois mostra ‘blues brasileiro’ no Mistura Up

A roteirista do novo show da cantora Bia Grabois — em cartaz somente hoje no Mistura Up — não deixa por menos no texto de apresentação do espetáculo: Mathilda Kóvak diz que Bia tem "um par de artérias no lugar de cordas vocais". Seja como for, a voz dessa paranaense de 25 anos pulsa agora num trabalho mais pessoal. Depois de fazer covers de cantoras como Bessie Smith e Billie Holiday, Bia resolveu mostrar suas próprias músicas, algumas compostas com seu irmão, o publicitário Mário Grabois.

"O trabalho é tão pessoal que eu nem canto com muita técnica. É tudo bem intuitivo. Já em um projeto, canto o que vem à mente", diz Bia, que integrou a banda Ipanema Blues.

Bia chama sua apresentação de "demo-show", ou seja, show demonstração. Ela já canta há dois anos, mas nunca havia explorado os blues e rocks de sua autoria.

"Na realidade, não componho o típico blues americano. Meu blues é nacional e tem uma cara bem brasileira", avisa.


O repertório e a trajetória

"Os meninos" é um dos blues brasileiros incluídos no roteiro. Já "O céu negro" tem temática existencial, como muitas das composições de Bia Grabois, que mora no Rio desde 1983 e iniciou sua carreira abrindo shows de Jorge Mautner.

Ela não canta apenas blues, mas foi com o gênero que ensaiou seus primeiros passos artísticos. Há dois anos, montou um show somente com blues antigos, a maioria do repertório de Bessie Smith. Antes, fez um show com covers do repertório de Patsy Cline, cantora americana de country, falecida nos anos 60.

Com fitas nas mãos de produtores musicais, Bia já pisou em palcos de casas como o Jazzmania, a Laura Alvim e o próprio Mistura Up, onde canta hoje acompanhada por um quarteto formado por:

  • Dois guitarristas: Helinho e Carlos Garcia

  • Baterista: Álvaro Albuquerque

  • Baixista: Paulo Peninha

O show começa às 22h.


terça-feira, julho 29, 2025

Arte de protesto “Dia de muertos”

 Arte de protesto “Dia de muertos” em solidariedade aos trabalhadores migrantes na fronteira com Calexico, Califórnia, 1º de novembro de 2009.



Edgar Allan Poe

 Edgar Allan Poe (1809-1849), o mestre do terror gótico e pai do conto policial, cuja obra mistura melancolia, horror psicológico e beleza macabra




Trecho de "O Coração Denunciador" (1843):

"É verdade! — nervoso — muito, muito terrivelmente nervoso eu estava e sou; mas por que insistem em dizer que sou louco? A doença aguçara meus sentidos — não os destruíra — não os embotara. Acima de tudo, era o olho... sim, aquele olho! Um olho pálido, azul, com uma membrana sobre ele. Sempre que me caía sobre ele, meu sangue gelava."


Este monólogo de um assassino obcecado pelo olho "de abutre" de sua vítima é um estudo perfeito da paranoia e culpa. O ritmo acelerado e repetitivo ("Nervoso — muito nervoso") imita a mente em colapso.


 "O Corvo" (1845):

"E o Corvo, imóvel, pousa, pousa ainda
Sobre o busto pálido de Palas, logo acima da porta;
E seus olhos têm a aparência
Dos olhos de um demônio que sonha;
E a luz da lâmpada, sobre ele a escorrer,
Lança sua sombra no chão;
E minha alma, dessa sombra que flutua no chão,
Não se libertará — nunca mais!"


Neste poema gótico, o corvo repetindo "Nunca mais" ("Nevermore") torna-se um símbolo do luto inconsolável. A métrica e aliterações ("weak and weary") criam um efeito hipnótico.



  1. Morte e Beleza: Fusão de imagens líricas e macabras ("Annabel Lee", "Ligeia").

  2. Narradores Não-Confiáveis: Loucos, assassinos e moribundos contam suas histórias ("O Gato Preto", "O Barril de Amontillado").

  3. Precisão Matemática: Poe defendia que cada palavra num conto deve servir ao clímax ("Filosofia da Composição").


 "A Queda da Casa de Usher" (1839):

"Havia uma fissura quase imperceptível que se estendia da base do telhado até o solo. Eu a observei, e então — com um estrondo como se o mundo rachasse — a velha casa caiu sobre si mesma, tragando para sempre o último dos Usher nas águas negras do lago."


A casa como extensão da mente doentia de Roderick Usher é um dos primeiros exemplos de patrimônio gótico na literatura.



  • Poe inventou o detetive literário (C. Auguste Dupin em "Os Crimes da Rua Morgue").

  • Morreu misteriosamente aos 40 anos, encontrado delirante em Baltimore com roupas que não eram suas.

  • Sua frase "Tudo o que vemos ou parecemos é apenas um sonho dentro de um sonho" inspirou gerações de surrealistas.

segunda-feira, julho 28, 2025

POLTERGEIST NO RIO GRANDE DO SUL

 



Por Philippe Piet van Putten

Contexto e Introdução

A matéria, publicada na edição de julho de 1990 da revista Planeta, relata um caso intrigante de poltergeist na Vila Santa Rosa, bairro periférico de Porto Alegre (RS). O fenômeno, que durou mais de dois anos, envolvia uma família que testemunhou eventos como fogo espontâneo (parapirogenia), deslocamento de objetos e vozes misteriosas. A reportagem contou com investigações apoiadas pela Academia Brasileira de Paraciências (ABP) e registros televisivos (RBS TV e SBT), raros por capturarem os fenômenos em ação.


Principais Pontos da Investigação

  1. O Epicentro: Marli Freitas de Oliveira

    • Uma jovem de 26 anos, aparentemente comum, era o foco dos fenômenos. Os eventos começaram em 1988 e cessavam quando ela se ausentava (como em sua viagem a Alegrete).

    • Características: introvertida, sem histórico religioso conhecido, mas associada a atividades paranormais mesmo durante o sono (ex.: colchão pegando fogo com ela deitada).

  2. Manifestações Documentadas

    • Parapirogenia: Fogo surgia sem causa aparente, queimando roupas (inclusive molhadas), móveis e até partes da estrutura das casas. Um "pó cinza misterioso" era encontrado após combustões.

    • Telecinesia: Objetos se moviam ou flutuavam (ex.: fogão suspenso no ar, louças rodopiando).

    • Vozes e Agressões Invisíveis: Lucrécia, filha de Blonilda, relatou vozes de crianças e empurrões.

  3. Tentativas de Intervenção

    • Padre Jesuíta Edvino Friederichs: Atribuiu o fenômeno a "telefonia" (energia psíquica inconsciente), mas suas orações falharam.

    • Religioso Alaor Geisel: Tentou exorcismos sem sucesso.

    • Espiritistas: Sugeriram "tratamento desobsessivo" para entidades (psi-teta), não realizado pela família.

  4. Danos Materiais e Impacto Psicológico

    • A família perdeu roupas, móveis e até a máquina de costura. Blonilda, aposentada, enfrentou prejuízos financeiros irreparáveis.


Comentários Críticos

  1. Abordagem Científica vs. Espiritual

    • A matéria equilibra explicações parapsicológicas (como a teoria do epicentro humano, defendida pelo pesquisador Hernani Guimarães Andrade) com interpretações espiritualistas (mediunidade, possessão).

    • Destaque para a falta de consenso: enquanto cientistas viam Marli como um "vetor de energia", religiosos culparam "entidades malignas".

  2. Implicações Culturais

    • Reflete o contexto dos anos 80/90, quando fenômenos paranormais ganhavam espaço na mídia, mas ainda eram marginalizados pela academia tradicional.

    • cobertura televisiva (RBS/SBT) foi pioneira em documentar poltergeists, normalmente evasivos diante de testemunhas.

  3. Lacunas Investigativas

    • Não houve análise laboratorial do "pó cinza" ou do ambiente para descartar fraudes.

    • A família, vulnerável economicamente, pode ter sido alvo de sensacionalismo midiático.


Conclusão

O caso da Vila Santa Rosa permanece um enigma aberto, ilustrando a complexidade dos poltergeists, que desafiam fronteiras entre ciência e espiritualidade. A matéria da Planeta é um documento histórico valioso, mas também um convite à reflexão: como distinguir entre fenômenos genuínos e histeria coletiva em contextos de vulnerabilidade social?

Leitura recomendada: O livro Poltergeists (Gauld & Cornell, 1979), citado na reportagem, oferece um paralelo internacional para esses fenômenos.


ILUSTRAÇÃO


FENÔMENOS PARANORMAIS: POLTERGEIST NO RIO GRANDE DO SUL
Revista Planeta - Julho de 1990
Por Philippe Piet van Putten


Introdução

A televisão brasileira recentemente noticiou um caso extraordinário de poltergeist que vem ocorrendo há mais de dois anos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Uma família inteira tem testemunhado fenômenos inexplicáveis, incluindo combustões espontâneas e objetos que se movem sozinhos. O repórter Philippe van Putten visitou o local e relata suas descobertas.


O Fenômeno

Os poltergeists (do alemão "espírito barulhento") são conhecidos por causar:

  • Movimentos anômalos de objetos

  • Pancadas misteriosas (raps)

  • Fogo espontâneo (parapirogenia)

O caso da Vila Santa Rosa se destaca pela intensidade e duração dos fenômenos, que começaram em 1988 e continuaram até pelo menos 1990.


Os Fatos Documentados

  1. A Família Atingida

    • Blonilda Andrades Cardoso, 55 anos, é a matriarca

    • Fenômenos ocorrem em três casas da propriedade

    • Marli Freitas de Oliveira, 26 anos, identificada como "epicentro" do fenômeno

  2. Manifestações Paranormais

    • Combustões espontâneas: Roupas, móveis e até colchões pegando fogo sem causa aparente

    • Objetos em movimento: Copos, cadeiras e até o fogão foram vistos se movendo sozinhos

    • Vozes e agressões invisíveis: Relatos de empurrões e vozes de crianças chorando

  3. Registros Impressionantes

    • Equipes da RBS TV e SBT conseguiram filmar alguns fenômenos

    • Câmeras capturaram roupas pegando fogo e objetos se movendo


Tentativas de Explicação

  1. Hipótese Parapsicológica

    • Hernani Guimarães Andrade (IBPP) sugere que Marli atua como "vetor" inconsciente das manifestações

  2. Interpretações Religiosas

    • Padre Edvino Friederichs (jesuíta) atribui a "telefonia" (energia psíquica)

    • Alaor Geisel tentou exorcismos sem sucesso

    • Espiritistas sugerem tratamento desobsessivo


Impacto e Consequências

  • Danos materiais extensos: a família perdeu móveis, roupas e eletrodomésticos

  • Prejuízos psicológicos: medo constante e estresse emocional

  • Situação financeira precária agravada pelos fenômenos


Conclusão

O caso permanece sem explicação definitiva, representando um dos poltergeists mais bem documentados do Brasil. A matéria destaca:

  • A dificuldade em estudar fenômenos tão evasivos

  • O conflito entre explicações científicas e espirituais

  • O impacto devastador na vida das famílias envolvidas

Contato para colaborações:
Academia Brasileira de Paraciências (ABP)
Caixa Postal 57041, Moema, São Paulo, SP
CEP 04093


COMENTÁRIO: Esta matéria histórica da revista Planeta captura um momento fascinante da pesquisa paranormal no Brasil. Enquanto alguns aspectos poderiam ser investigados com maior rigor científico (como análise do "pó cinza" mencionado), o caso permanece como um importante registro de fenômenos que desafiam nossa compreensão da realidade. A combinação de testemunhos familiares, registros em vídeo e a participação de pesquisadores renomados como Hernani Guimarães Andrade fazem desta uma das melhores documentações brasileiras de atividade poltergeist.