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quarta-feira, junho 11, 2025

"Bodas de Sangue"

 "Bodas de Sangue" (Bodas de Sangre, 1933), uma das tragédias rurais mais célebres de Federico García Lorca, poeta e dramaturgo espanhol




Trecho (A Mãe, sobre a violência e o destino):
"¡La sangre! ¡No quiero verla!... Como un gran mar, golpeando alrededor de mi cabeza. ¿Por qué mi hijo? ¿Por qué no te quedaste en tu casa, como un brote de mimbre, dulce, tranquilo, sin hacer daño a nadie?"
(Acto III — Cena final)

"O sangue! Não quero vê-lo!... Como um mar imenso, batendo em volta da minha cabeça. Por que meu filho? Por que não ficaste em tua casa, como um ramo de vime, doce, tranquilo, sem fazer mal a ninguém?"



A fala da Mãe acontece após o duelo mortal entre Leonardo (amante da Noiva) e o Noivo — clímax da tragédia, onde a paixão e o código de honra levam à morte. Lorca explora o fatalismo e a força primitiva do desejo, que rompe convenções sociais.


A Lua, como símbolo de morte
"Yo, la luna, vengo a alumbrar / el corazón del que no llora. / ¡Que blanco riela en la torre! / ¡La sangre resbala y canta!"
(Acto III — Monólogo da Lua)

Tradução:
"Eu, a lua, venho iluminar / o coração daquele que não chora. / Que branco brilha na torre! / O sangue escorre e canta!"


A Lua, personificada como força cósmica e cruel, anuncia o destino sangrento dos amantes, unindo erotismo e morte — tema central na obra de Lorca.



  • Tragédia rural: Inspirada em um crime real, Lorca eleva o conflito a um plano mítico.

  • Linguagem poética: Uso de símbolos (cavalo, faca, lua) e coros (Lenhadores, Lua) para criar um clima de presságio.

  • Conflitos: Honra vs. desejo, liberdade vs. tradição, vida vs. morte.

terça-feira, junho 10, 2025

Grandes Naufrágios - Santa Maria de la Rosa



Em 1588, numa batalha naval, os ingleses derrotaram a Invencível Armada. Para evitar os navios inimigos e alcançar a segurança da Escócia ou da Irlanda, a armada desorganizada dirigiu-se para norte através da costa da Escócia e da Irlanda, que era, na época, famosa pelas suas águas traiçoeiras. Muitos dos navios foram destruídos em tempestades ou afundaram-se ao largo da costa ocidental da Irlanda.

Com o tempo, a maioria dos navios e homens da Armada foi esquecida, sobreposta a outros episódios mais recentes, e os seus destroços permaneceram afundados nos gelados abismos do Atlântico Norte. Porém, no princípio de 1968, tendo como objetivo a procura de restos do navio espanhol, uma expedição descobriu a superfície dos restos de um galeão perdido. Os objetos retirados do local foram analisados e identificados como pertencentes ao Santa Maria de la Rosa, que se julgava perdido.

O navio estava carregado de munições, armamento e soldados. O naufrágio deu-se junto à costa irlandesa. Os resultados inverídicos e frequentemente perigosos foram os que muitos dos outros galeões espanhóis enfrentaram. A maioria dos seus ocupantes afogou-se ou foi morta ao tentar alcançar a terra. Escapando com vida, alguns foram convertidos em barcos de guerra ingleses ou apresentados como troféus aos seus compatriotas.

No entanto, os homens que chegaram à costa raramente eram tratados como prisioneiros de guerra. Na realidade, muitos eram mortos pelos próprios camponeses irlandeses, ansiosos por evitar retaliações armadas. No entanto, alguns conseguiram passar-se para o lado irlandês, lutando ao lado dos nativos. Finalmente, porém, o mar revolveu-se num adversário mais terrível e leal que os ingleses.



1. Fantasmas da Guerra e do Mar

  • Essa é a história de uma derrota dupla: militar e natural. Primeiro, os navios da poderosa Espanha são esmagados pela frota inglesa. Depois, aqueles que escapam sofrem nas mãos da natureza selvagem e dos próprios aliados.

  • O Santa Maria de la Rosa é símbolo de um império naufragado, literalmente e metaforicamente.

2. Ecos de horror e abandono

  • Os destroços esquecidos por séculos em águas frias evocam um imaginário de galeões-fantasma, tesouros submersos e armas enferrujadas pelo tempo.

  • O final da narrativa — “o mar revolveu-se num adversário mais terrível e leal que os ingleses” — é uma pérola de fatalismo poético, ótima para encerrar um episódio.

3. O lado sombrio da Irlanda

  • Camponeses matando náufragos espanhóis por medo de represálias — isso adiciona um elemento brutal de realismo histórico, um lembrete de que a sobrevivência, muitas vezes, é uma luta solitária.



segunda-feira, junho 09, 2025

Herbert James Draper


Herbert James Draper (1863–1920) foi um pintor inglês conhecido por suas obras simbolistas e neoclássicas, especialmente aquelas que retratam cenas mitológicas e literárias com uma estética romântica e detalhista. Nascido em Londres, Draper estudou na Royal Academy of Arts e, posteriormente, viajou para Paris e Roma, onde refinou seu estilo influenciado pelo movimento pré-rafaelita e pelo classicismo.




The Lament for Icarus by Herbert James Draper, 1898

domingo, junho 08, 2025

AMIGA Nº 426 - 19 07 78 bethania

Revista AMIGA Nº 426 -  julho 1978

 AMIGA Nº 426 - 19 07 78 BETHÂNIA

Bethânia não fez por menos: "Caetano Veloso é uma glória"

Personalidades bem diferentes,

Maria Bethânia e Caetano Veloso
não deixam de ter pontos em comum. São irmãos, amigos e, principalmente, artistas de primeiro time da MPB. E se curtem de montão! Isso, contrariando até a
astrologia, de acordo com a definição de Bethânia: “Caetano é a glória. Homem lindo, compositor extraordinário, ator excelente e irmão maravilhoso. É uma pessoa
que me faz muito bem, mesmo ele sendo de leão e eu de gêmeos, signos que, segundo dizem, não se combinam bem.”

Caetano, por sua vez, não precisa de muitas palavras para traçar o perfil da irmã:
“Maria Bethânia é muito diferente de mim. É mais explosiva, mas também mais emocional. É uma pessoa brilhante em que a atenção e a afetividade fazem parte de sua personalidade que, por sinal, é muito atraente desde quando era pequenina.”
Caetano e Bethânia, dupla que demorou um pouco a pintar. Mas pintou e fica até 30 de julho próximo no Canecão, num espetáculo em que os dois só podiam se sentir
em família. Um show descontraído que, depois, segue para Curitiba (Teatro Guaíra), PortoAlegre (Teatro Leopoldina), Belo Horizonte (Palácio das Artes) e São Paulo (Anhembi).

O espetáculo, no entender de Bethânia, “tem duplo significado. Primeiro por estar ao lado do irmão querido e, segundo, porque, pela primeira
vez, nada deixou de passar pelas
minhas mãos. Além da direção,
tomei parte no roteiro, luz, desenho dos figurinos e as poucas
marcações. Fora isso, também me
sinto feliz porque canto apenas as
músicas que gosto, que acho bonitas.”

Com Caetano, *“aconteceu
algo interessante. Achava esse
show muito natural; como alguma coisa que mais cedo ou mais
tarde teria que acontecer. Mas, em
Salvador, quando fizemos o primeiro ensaio geral, fui atingido
por um lance emocional muito
grande, pois fiquei surpreso com a
força do espetáculo. A partir daí,
ele tomou a dimensão que merece,
dentro de mim. Foi coisa profunda, que me fez relembrar o dia
em que, pela primeira vez, dirigi
Bethânia, no seu primeiro show,
no Teatro Vila Velha, na Bahia.
Também uma canção que ela
canta, ‘Adeus meu Santo Amaro’,
que fiz em 1960 — quando a gente
se mudou de Santo Amaro para
Salvador —, deixou-me comovido,
pois revive toda uma fase de nossa
vida”.*

“A maior curtição”, para Bethânia, “é que de vez em quando um
dá uma choradinha e o outro tem
que segurar a barra. Isso quase
sempre acontece comigo quando
Caetano canta ‘Reino Antigo’,
que fiz em parceria com Rosinha
de Valença”.

No repertório, músicas como “Iansã”, “Estranha
Forma de Vida”, “Falando Sério”

(só Bethânia), “Carcará”, “Muito
Romântico”, “Triste Bahia”
 (só
Caetano), além de “Fé Cega, Faca
Amolada”
 e “Meu Primeiro Amor”
(os dois).

A direção musical é de
Perinho Albuquerque, que também participa do espetáculo como
músico (guitarra) ao lado de Paulinho Braga (bateria), Jamil
(baixo), Thomaz Improta (teclados), Juarez (sopro) e Mônica Millet (percussão). Participação especial de Rosinha de Valença ao violão.


Bethânia e Caetano juntos. É a base de respeito e admiração, num
espetáculo descontraído e alegre.

sábado, junho 07, 2025

Pé Grande

 

Pé Grande: O Gigante Misterioso das Florestas



Pé Grande (também conhecido como Sasquatch ou Bigfoot) é uma das criaturas mais famosas da criptozoologia — uma suposta criatura humanóide, coberta de pelos, que habitaria florestas remotas da América do Norte, especialmente no noroeste dos EUA e no Canadá. Com relatos que remontam a séculos, o Pé Grande se tornou um ícone do folclore moderno, desafiando explicações científicas e alimentando a imaginação popular.


Origens e História

1. Lendas Indígenas

  • Tribos nativas norte-americanas, como os Salish e os Cherokee, já contavam histórias de "homens selvagens peludos" muito antes da colonização europeia.

  • O termo "Sasquatch" vem da língua Halkomelem, falada por povos indígenas do Canadá, e significa "homem selvagem".

2. O "Bigfoot" Moderno

  • O nome "Bigfoot" (Pé Grande) surgiu nos anos 1950, após a imprensa divulgar pegadas gigantes encontradas na Califórnia.

  • Em 1967, o vídeo de Patterson-Gimlin mostrou uma figura peluda caminhando em uma floresta — até hoje, é a "prova" mais famosa, mas sua autenticidade é debatida.


Características Descritas

Segundo relatos, o Pé Grande teria:

  • Altura: Entre 2 e 3 metros.

  • Pele/Pelos: Marrom escuro ou preto, semelhante a um gorila.

  • Pegadas: Com cerca de 40 a 60 cm de comprimento, mostrando cinco dedos.

  • Comportamento: Evasivo, mas ocasionalmente agressivo quando ameaçado.


Explicações Científicas

Apesar de nenhum corpo ou DNA conclusivo ter sido encontrado, cientistas e céticos sugerem:

  1. Identificação Errada:

    • Ursos (especialmente filhotes andando sobre duas patas).

    • Pessoas usando trajes ou vivendo isoladas.

  2. Pareidolia e Folclore:

    • A mente humana tende a ver padrões conhecidos (como rostos ou formas humanas) em ambientes naturais.

  3. Fraudes:

    • Muitas pegadas foram reveladas como falsas, feitas com moldes de madeira.


Busca por Evidências

  • Expedições: Grupos como o Bigfoot Field Researchers Organization (BFRO) investigam relatos.

  • DNA e Análises: Estudos genéticos de supostos pelos de Pé Grande geralmente revelam DNA de ursos, cavalos ou outros animais conhecidos.

  • Tecnologia: Câmeras noturnas e drones são usados para tentar capturar imagens inéditas.


Impacto Cultural

O Pé Grande está em toda parte:

  • Filmes e SériesHarry and the Hendersons (1987), Missing Link (2019), The X-Files.

  • Turismo: Locais como o Patterson-Gimlin Film Site (Califórnia) atraem curiosos.

  • Mercadoria: Bonecos, camisetas e até cervejas artesanais com tema de Bigfoot.


Por Que o Mito Persiste?

  1. Fascínio pelo Desconhecido: Humanos são atraídos por mistérios não resolvidos.

  2. Isolamento das Florestas: Áreas remotas da América do Norte ainda são pouco exploradas.

  3. Ceticismo vs. Crença: A falta de provas definitivas mantém o debate vivo.


Conclusão

O Pé Grande provavelmente não existe como uma espécie desconhecida, mas sua lenda permanece como um símbolo da relação entre o homem e a natureza selvagem. Seja uma lenda indígena, um erro de identificação ou uma brincadeira que fugiu do controle, o Sasquatch continua a inspirar aventuras, debates e, claro, boas histórias ao redor da fogueira.

sexta-feira, junho 06, 2025

Casa de Bonecas (

 Casa de Bonecas (Et Dukkehjem, 1879), obra revolucionária do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, considerada um marco do teatro moderno e da luta pela emancipação feminina



Trecho  final A Porta que Bate – Nora se Liberta)

NORA: "Antes de tudo, sou um ser humano — ou, pelo menos, devo tentar tornar-me um. Não me contentarei mais com o que a maioria das pessoas diz, nem com o que está nos livros. Preciso pensar por mim mesma e tentar compreender as coisas."

HELMER (atormentado): "E não tens consideração por teu marido, por teus filhos?!"

NORA: "Tenho outra consideração, tão sagrada quanto: a consideração por mim mesma."

(Nora sai, fechando a porta com um estrondo. O som ecoa no palco. Ouve-se a porta do vestíbulo bater lá fora.)



  • A saída de Nora simboliza a ruptura com os papéis sociais opressores do século XIX. Ela rejeita ser apenas uma "boneca" decorativa na casa do marido Torvald.

  • "Consideração por mim mesma" é uma das primeiras declarações feministas do teatro, antecipando debates sobre autonomia e identidade feminina.

  • A porta que bate tornou-se um ícone cultural, representando a libertação de convenções sufocantes.


A Desilusão de Nora

NORA: "Vivi aqui fazendo truques para te agradar, Torvald... Foste tu que me moldaste à tua vontade. Mas agora olho para trás e parece que vivi como uma pobre, como uma mendiga — apenas divertindo-te."

(Ato III – Quando Nora percebe que seu casamento foi uma farsa)


  1. Feminismo e Individualidade: Nora descobre que não é tratada como igual, mas como uma posse.

  2. Crítica ao Casamento Burguês: A relação com Torvald é baseada em aparências e controle, não em amor genuíno.

  3. Hipocrisia Social: A moralidade da época condena Nora por um ato de amor (forjar uma assinatura para salvar o marido), enquanto tolera a corrupção masculina.


 a Obra Chocou o Século XIX

  • Foi considerada "imoral" por desafiar a família tradicional.

  • Muitas atrizes se recusaram a interpretar Nora, temendo escândalo.

  • Ibsen foi acusado de "destruir a sociedade", mas respondeu: "Não sou um agitador, sou um homem que escreve a verdade."

quinta-feira, junho 05, 2025

Frankenstein

  Frankenstein (Frankenstein; or, The Modern Prometheus, 1818), obra-prima gótica de Mary Shelley, que fundou o gênero da ficção científica




Trecho (O Monstro Pede Conta ao Seu Criador):

O Monstro diz a Victor Frankenstein:
"Eu era benevolente e bom; a miséria fez de mim um demônio. Faça-me feliz, e serei virtuoso novamente... Por que me persegues, ó homem? Por que me obrigas a viver? Se me concederes um só desejo, será este: que me dês uma companheira, tão deformada e horrível quanto eu. Só isto me bastará!"
(Capítulo 17 — O pacto no gelo)



Neste diálogo angustiante, a Criatura — rejeitada por todos devido à sua aparência monstruosa — exige que Victor crie uma companheira para ela. Shelley explora temas de solidão, responsabilidade ética e o direito à empatia, questionando quem é o verdadeiro monstro: o criador ou a criatura.


A Maldição de Victor

Victor Frankenstein, arrependido:

"Tão terrível foi o meu pecado, que nenhuma criatura humana poderia ter a capacidade de perdoá-lo. Eu havia perturbado a paz da morte, e agora a natureza me amaldiçoava com uma agonia maior do que qualquer outra."
(Capítulo 9 — A culpa)


Victor reconhece que sua ambição científica (criar vida artificial) violou leis naturais e desencadeou uma cadeia de tragédias. Shelley alerta sobre os perigos da ciência sem freios éticos.



  1. Prometeu Moderno: Victor, como o titã da mitologia, é punido por seu "fogo" (a ciência) roubado aos deuses.

  2. Abandono e Vingança: A Criatura torna-se violenta apenas após ser rejeitada por seu "pai" e pela sociedade.

  3. Natureza vs. Criação: A sublime paisagem dos Alpes contrasta com a artificialidade do monstro.


O Assassinato de William

"Ele [o monstro] agarrou a garganta da criança e a silenciou para sempre. Eu vi seu sorriso enquanto segurava o pequeno corpo inerte... E então, com mãos trêmulas, colocou o retrato de minha mãe no vestido da vítima."
(Capítulo 16 — A vingança começa)


A morte do irmão mais novo de Victor — e a forma como o monstro culpa seu criador — é um dos momentos mais perturbadores do livro, mostrando como a crueldade nasce da rejeição.



  • Mary Shelley escreveu o livro aos 18 anos, durante um desafio literário entre amigos (incluindo Lord Byron).

  • A Criatura não tem nome no livro — "Frankenstein" é o nome do cientista, não do monstro

  • A obra questiona a educação e a sociedade: o monstro aprende a falar e filosofar lendo Paraíso Perdido, mas mesmo isso não o salva.

quarta-feira, junho 04, 2025

Drácula

 Drácula (1897), obra-prima gótica de Bram Stoker, que definiu o vampiro moderno na literatura




A Primeira Aparição do Conde)

Jonathan Harker descreve Drácula:
"Seu rosto era forte — muito forte — aquilino, com uma ponte nasal fina e arqueada e narinas peculiares. A testa, alta e abaulada, terminava em cabelos escuros e crespos. As sobrancelhas, espessas, quase se encontravam acima do nariz. A boca, sob um bigode pesado, era firme e cruel, com dentes anormalmente afiados que projetavam-se sobre os lábios... O efeito geral era de uma pálida e medonha extraordinariedade."
(Capítulo II — O castelo nos Cárpatos)



Essa descrição, registrada no diário de Harker, introduz o Conde como uma figura ao mesmo tempo aristocrática e monstruosa. A ênfase nos dentes ("anormalmente afiados") e na palidez antecipa seu caráter sobrenatural, enquanto traços como "firme e cruel" revelam sua natureza predatória.


Ameaça de Drácula

Drácula a Harker:
"Meus jovens amigos, vocês pensam que podem me caçar, me perseguir com seus pedaços de madeira sagrada...? Eu, que comandei exércitos, e atravessei séculos enquanto vocês ainda rastejavam na lama?"
(Capítulo XXIII — O confronto final)


A fala mostra a arrogância milenar do vampiro, que despreza a humanidade frágil dos caçadores (Van Helsing, Harker, etc.). Stoker mistura horror e fascínio pelo "eterno maligno".



  1. O Estranho vs. Familiar: Drácula é um invasor da Inglaterra vitoriana, representando medos coloniais e sexuais reprimidos.

  2. Tecnologia vs. Sobrenatural: O uso de diários, fonógrafos e trens contrasta com a força primitiva do vampiro.

  3. Feminino Amaldiçoado: Lucy Westenra e Mina Harker simbolizam o "perigo" da sexualidade feminina quando corrompida pelo vampiro.


A Sedução de Mina

"Ele agarrou Mina pelos ombros, forçando-a a ajoelhar-se... Eu vi seus olhos vermelhos brilharem enquanto seus dentes brancos cravavam-se em seu pescoço. E então — oh, horror! — ela sorriu."
(Capítulo XXI — A marca do vampiro)


Essa cena, onde Mina é quase corrompida, escandalizou leitores vitorianos por misturar violência e erotismo.



  • Stoker inspirou-se no príncipe romeno Vlad, o Empalador, mas criou um mito totalmente novo.

  • Drácula nunca diz "Bem-vindo ao meu castelo" no livro — isso é invenção cinematográfica!

  • A obra foi escrita como um romance epistolar (cartas, diários, telegramas), dando veracidade à narrativa.


terça-feira, junho 03, 2025

O Caso do Copo que se Movia Sozinho

 


Análise da Matéria: "Fronteiras do Desconhecido – O Caso do Copo que se Movia Sozinho"

Resumo da História

A matéria, escrita por Elsie Dunxoras (Revista Planeta) e baseada em arquivos do IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas), relata um fenômeno paranormal ocorrido em uma escola no interior de São Paulo. Um grupo de meninas, durante o recreio, começou a realizar sessões de "jogo do copo" no banheiro da escola, buscando contatar espíritos. Inicialmente uma brincadeira, o caso se tornou assustador quando:

  • O copo movia-se sozinho, formando palavras e respondendo perguntas com informações que as meninas desconheciam (como endereços e respostas corretas de matemática).

  • O objeto passou a prever eventos (como desentendimentos entre as meninas) e até ameaçá-las, recusando-se a "ir embora" quando ordenado.

  • Uma das participantes, Maria das Graças, investigou o fenômeno com ajuda espírita e descobriu que um espírito perturbador estava por trás das manifestações.


Personagens Principais

  1. Maria das Graças

    • A protagonista e narradora do caso. Inicialmente cética, ela testemunhou os fenômenos e, anos depois, buscou explicações no espiritismo, citando as obras de Allan Kardec.

    • Representa a curiosidade humana e a busca por respostas além do racional.

  2. O "Espírito" do Copo

    • Descrito como uma entidade que inicialmente parecia inofensiva, mas revelou-se manipuladora e ameaçadora.

    • Ameaçou as meninas com frases como "Vou me divertir com vocês" e fez referências a segredos familiares.

    • Simboliza os riscos de brincar com o desconhecido, segundo a doutrina espírita.

  3. As Colegas de Escola

    • Um grupo de meninas que, por curiosidade, iniciou as sessões. Algumas ficaram assustadas e abandonaram a prática; outras continuaram, atraindo supostas "vinganças" do espírito.

    • Representam a ingenuidade juvenil e a vulnerabilidade a influências sobrenaturais.

  4. O Padre (Figura Ausente)

    • Procurado por Maria das Graças para explicar o fenômeno, ele não soube (ou não quis) responder, levando-a a buscar conhecimento em livros espíritas.

    • Reflete a divisão entre religião e espiritualismo no tratamento de fenômenos paranormais.

  5. Allan Kardec (Referência Teórica)

    • Citado no final da matéria como autoridade para explicar o caso. Seus livros (O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns) são usados para justificar que:

      • Espíritos podem se comunicar por objetos (copos, pranchetas).

      • Há espíritos bons e maus, e é preciso discernimento para lidar com eles.


Temas Principais

  1. O Jogo do Copo como Portal

    • A matéria descreve o fenômeno como real e perigoso, alertando para os riscos de brincadeiras aparentemente inocentes.

  2. A Ciência vs. O Sobrenatural

    • Embora o IBPP (instituição citada) tenha um nome científico, o texto adota uma abordagem espírita, não cética.

  3. Medo e Controle

    • O espírito passa de "brincalhão" a ameaçador, mostrando como práticas mediúnicas podem fugir do controle.

  4. Influência de Kardec

    • A conclusão reforça a visão espírita de que fenômenos assim são "incontestáveis", mas exigem cautela.


Crítica e Contexto

  • Falta de Ceticismo: A matéria não explora explicações psicológicas (como ideomotor effect, onde movimentos involuntários do copo são criados pelas próprias meninas).

  • Dramatização: O tom assustador segue o estilo clássico de revistas paranormais dos anos 1970/80.

  • Cultura Brasileira: Reflete a forte influência do espiritismo kardecista no país, especialmente em casos envolvendo jovens.


Conclusão

O artigo mistura relato testemunhaldoutrina espírita e suspense para criar uma narrativa convincente sobre os perigos de brincar com o invisível. Se verdadeiro ou não, o caso serve como alerta sobre como o fascínio pelo mistério pode abrir portas para experiências indesejadas.

"O copo pode até responder, mas quem garante que você vai gostar das respostas?"


segunda-feira, junho 02, 2025

The Hunger (1983)

:

Curiosidades sobre Fome de Viver (The Hunger, 1983)

  1. Elenco Icônico

    • David Bowie fez sua estreia como ator principal no cinema no papel do vampiro John Blaylock, ao lado de Catherine Deneuve (Miriam) e Susan Sarandon (Sarah).

    • O filme foi lançado no auge da carreira de Bowie, um ano após seu álbum Let’s Dance (1983).

  2. Direção Estilizada

    • Dirigido por Tony Scott (irmão de Ridley Scott), foi seu primeiro longa-metragem e já mostrava seu estilo visual marcante: luzes neon, câmera lenta e atmosfera gótica.

    • A abertura com Bauhaus tocando "Bela Lugosi’s Dead" (música cult do pós-punk) é considerada uma das melhores introduções de filmes de terror.

  3. Cenas Polêmicas

    • O beijo lésbico entre Catherine Deneuve e Susan Sarandon foi um escândalo na época e quase censurado. Tornou-se um marco da representação LGBTQ+ no cinema.

    • A cena de sexo foi tão intensa que Sarandon revelou ter ficado com vergonha e evitado Deneuve nos bastidores.

  4. Efeitos Especiais Inovadores

    • A sequência do envelhecimento acelerado de David Bowie (usando maquiagem protética e stop-motion) foi revolucionária para a época e inspirada no trabalho de Rick Baker (An American Werewolf in London).

  5. Final Ambíguo

    • O desfecho sombrio e aberto (com Miriam sendo punida por sua imortalidade) divide o público até hoje. O roteiro original previa um final ainda mais cruel, descartado por ser "excessivo".

  6. Cult Following

    • Apesar de receber críticas mistas em 1983, hoje é um filme cult, adorado por sua estética gótica-new-wave e trilha sonora (com Delibes e Schubert).

    • Influenciou obras como Entrevista com o Vampiro (1994) e a série True Blood.

  7. Bowie e o Vampirismo

    • Bowie escolheu o papel por ser fã de histórias de vampiros. Anos depois, quase interpretou Lestat em Entrevista com o Vampiro (o papel ficou com Tom Cruise).

  8. Filmagens Misteriosas

    • As cenas no apartamento de Miriam foram gravadas em uma mansão abandonada em Londres, aumentando a atmosfera macabra.

  9. Legado Musical

    • A trilha sonora inclui "The Flower Duet" (de Lakmé), usada em cenas icônicas e depois sampleada em The Fifth Element (1997).

  10. Tony Scott vs. Estúdio

  • A MGM queria um filme mais comercial, mas Scott insistiu no tom artístico. O conflito fez com que ele só dirigisse Top Gun (1986) após provar seu talen


















The Hunger (1983)