Título: tubarão Data: 02/Dez/96
Autor: Thales De
Menezes
Editoria: Ilustrada
O primeiro grande
sucesso de bilheteria de Steven Spielberg
sai no Brasil depois de 20 anos
tubarão
No verão de 1976, muita gente que foi à praia deixou de
entrar na água. O motivo: a primeira obra-prima cinematográfica de Steven
Spielberg, "Tubarão".
Se hoje o filme não parece mais tão aterrorizante, a culpa
recai sobre as infindáveis imitações que foram perpetradas nos anos seguintes.
A própria série continuou, sem Spielberg, com os "Tubarões" 2, 3 e 4,
muito fracos.
O tema da revolta dos animais contra o homem estava na
cabeça de muitos produtores de cinema. Alfred Hitchcock tinha dado todas as
dicas em "Os Pássaros" (1962).
Por causa dele, os grandes predadores não tinham chance.
Ninguém fazia filmes com leões, tubarões, crocodilos. A moda era fazer terror
com ratinhos ("Ben", 73), rãs e sapos ("Frogs", 74),
abelhas ("Killer Bees", 75) e outros bichinhos aparentemente
inofensivos.
Quando Hollywood quis adaptar um romance "B" sobre
tubarão assassino aprontando horrores numa cidadezinha de veraneio, a tarefa
caiu nas mãos do promissor Spielberg, que vinha de filmes baratos e criativos:
"Encurralado" (72) e "Louca Escapada" (74).
Enquanto escolhia elenco e locações, Spielberg acompanhou a
construção de Bruce, o tubarão mecânico que iria estourar todas as bilheterias
do planeta. Todo o suspense do filme vem do fato de o tubarão aparecer bem
pouco na tela. É a expectativa de sua aparição, a angústia que toma conta de
vítimas e do trio improvisado de caçadores que sai atrás dele que deixa o
espectador grudado na poltrona.
A escolha dos três atores principais foi perfeita. Roy
Scheider como o xerife desacostumado ao mar, Richard Dreyfuss no papel do
oceanógrafo ingênuo e Robert Shaw interpretando o velho homem do mar são irresistivelmente
carismáticos na tela.
Apesar das inúmeras refeições que o bichão faz, Spielberg
não cede ao apelo fácil da sanguinolência. "Tubarão" consegue ser um
filme que apavora adultos mas, ao mesmo tempo, pode ser visto por crianças.
Talvez não durmam uma noite ou duas, mas é só isso.
O sucesso do filme foi tamanho que Spielberg teve liberdade
total para realizar em seguida "Contatos Imediatos de 3º Grau", o
filme que era seu sonho de infância. Daí para frente, virou o diretor mais
importante das últimas décadas.
Curiosidade: no ano de lançamento do filme, um vestibular em
São Paulo perguntou como se escrevia "tubarão" em inglês. Para
atestar a popularidade do filme, 18% dos candidatos responderam
"jaws" (que significa "mandíbula"), o título original.
Agora, com seu mais do que aguardado lançamento em vídeo,
"Tubarão" vai assustar novas gerações e fazer outras lembrarem de
seus sustos nos cinemas, embalados por uma das trilhas sonoras mais populares
da história.
Quando o famoso "tã, tã, tã, tã, tã, tã, tã..."
ecoar na sala de TV de trintões e quarentões, a nostalgia será inevitável. E
deliciosa.
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