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sábado, março 18, 2017

Bram Stoker

Título:   Criador morreu antes do sucesso da criatura    
Data:     11/Ago/97         
Autor:   Federico Mengozzi     
Folha  de São Paulo    

Era um dia gélido e chuvoso quando ele nasceu. De saúde delicada, não se esperava que sobrevivesse. Até os 8 anos, esteve confinado ao leito, vítima de desconhecida doença. A biografia de Drácula poderia começar assim, mas os dados se referem ao escritor Bram Stoker, autor de "Drácula".
Abraham Stoker nasceu em 1847, em Dublin, capital da Irlanda, cidade onde também nasceu Joseph Sheridan Le Fanu. Le Fanu escreveu "Carmila", sobre a jovem de mesmo nome que se envolve com Laura e, por fim, demonstra ser uma vampira. "Carmilla" estaria na base de "Drácula".
Quando entrou no Trinity College, em Dublin, a doença era uma referência remota -mas Stoker não caminhou até os 8 anos. Tornou-se atleta e se interessava mais pelo teatro que pelo serviço público -carreira à qual, como o pai, estava destinado.
Count Dracula (Jess Franco - 1970) 

Em 1875, publicou, na revista "The Shamrok", a primeira história de horror, "A Cadeia do Destino", com um estranho personagem e uma maldição no ar.
Eram tempos em que o romance gótico, na linha iniciada por "O Castelo de Otranto", de Horace Walpole, herdeiro direto de uma certa tradição medieval, já tinha mais de um século. Histórias sombrias, com personagens soturnos como o monstro de "Frankenstein", de Mary Shelley.
Como admirador e amigo, Stoker se aproximou de Henry Irving, ator e empresário teatral. Trabalhou como seu secretário por 27 anos. Uma amizade, diria, "tão íntima e duradoura como é possível existir entre dois homens".
Por esse tempo, casou-se com Florence Balcombe -ela recusara uma proposta de casamento de Oscar Wilde e ficou com Stoker- e continuou a investigar o vampirismo, assunto ao qual se dedicava desde que começou a escrever.
Veronica Carlson e Christopher Lee “Dracula Has Risen From the Grave”, 1968 

O personagem Rei da Morte, de seu livro de horror para crianças (!) "Under the Sunset" (Sob o Crepúsculo), de 1881, era um esboço de Drácula. Mas só em 1890, após "The Snake's Pass" (O Passo da Serpente), primeiro romance longo, iniciou os trabalhos de seu livro mais importante -o único que restou de sua obra.
Não faltavam sugestões. Stoker deve ter visitado uma exposição do Museu Britânico sobre a Europa Oriental, na qual se descrevia o verdadeiro Drácula, o príncipe Vlad. E disse que, ao conhecer Richard Burton, tradutor de histórias indianas e de vampiros, impressionou-se com seus caninos.
Bram Stoker empregou sete anos nas pesquisas para o romance -ainda há 78 páginas de notas, esboços, perfis de personagens, capítulos não-publicados e diagramas, mais listas dos livros que usou em seu trabalho. Fez ficção a partir de um personagem real e usando o maior realismo possível.
Antes da publicação de "Drácula", a história chegara ao palco. Ele mesmo escreveu "Dracula, or the Un-Dead" (Drácula, o Vampiro), que estreou dias antes do lançamento do livro, no Lyceum Theatre, de Londres.
Yvonne Monlaur  in “The Brides of Dracula”, 1960

O livro saiu em maio de 1897 e, segundo a crítica, marcou a transição do romance gótico para o romance de horror. Seu sucesso foi gradativo, em parte alavancado pela carreira da história no teatro e, mais tarde, no cinema.
Stoker escreveu mais uma dezena de livros e não chegou a ver o sucesso de sua principal obra.
"Drácula", o livro, é uma colagem de cartas, diários, recortes, telegramas e testemunhos fonográficos. Tudo começa quando conde Drácula propõe comprar uma propriedade na Inglaterra. O solicitador Jonathan Harker viaja à Transilvânia e se hospeda no castelo do conde... É só ler o resto.
Stoker morreu em 1912.

(FM)

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