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segunda-feira, junho 06, 2016

O livro póstumo de Bukowski

Título: Sai nos EUA livro póstumo de Bukowski
Data: 09/Jun/94
Autor: Fernando Canzian
Editoria: Ilustrada
Folha de São Paulo

Saiu esta semana nos EUA o último livro escrito por Charles Bukowski pouco antes de sua morte, aos 73 anos, em março passado.

O livro se chama "Pulp". A palavra tem vários significados. Quer dizer polpa, pode se usada para quando uma coisa dura é amassada até ficar mole e é empregada, no jargão literário, para descrever livros de baixa qualidade.
"Pulp" (Black Sparrow Press, 202 págs., US$ 13) é uma história de detetive. Não poderia deixar de ser etílica, como outras dezenas de histórias do escritor.
Desta vez, Bukowski entra na pele de um detetive durão, Nick Belane, que bebe saquê de uma garrafa escondida e que caça moscas no escritório quando os negócios vão mal.
Quando as coisas esquentam, parte para o uísque ou vodka com várias latas de cerveja.
Belane tem um quadro falso do pintor surrealista Salvador Dali, aquele do relógio derretendo, na parede do escritório.
Também mantém, como prova de sua profissão, uma arma em uma das gavetas. O calibre do revólver nunca é o mesmo -muda conforme seu estado. Belane cobra de seus clientes US$ 6 (CR$ 11 mil) pela hora de trabalho.
Os casos de detetive começam a aparecer e os clientes são estranhos. Um deles, John Barton, contrata Belane para encontrar Red Sparrow -um trocadilho entre o nome de seu editor na vida real, John Martin, e a editora Black Sparrow Press. "Você tem talento", diz Barton para o detetive.
Outros dos clientes são escritores mortos, maridos traídos e alguns invasores de corpos do planeta Zoros interessados na conquista da Terra.
A fórmula usada em "Pulp" é a de sempre. O livro tem o mesmo senso de humor e a transparência da filosofia de vida do escritor usada em dezenas de outras histórias.
Mas, no final, o humor se esvazia e há uma atmosfera de decepção e envenenamento.
Charles Bukowski, que morreu de leucemia, escreveu mais de 40 volumes durante sua vida, entre romances, contos e poemas.
Entre seus trabalhos mais conhecidos constam "Cartas na Rua", "Mulheres" e "Crônica do Amor Louco", que acabou virando filme.
O escritor também escreveu colunas para jornais e foi transformado, há alguns anos, em personagem de histórias em quadrinhos.
O filme "Barfly" (traduzido no Brasil como "Condenados pelo Vício") foi inspirado na vida de Bukowski.
O escritor, identificado com a cultura beatnik, admitia somente ter sido inspirado por um outro autor da Califórnia, John Fante ("Pergunte ao Pó", entre outros), que Bukowski descobriu nas suas leituras em bibliotecas públicas quando jovem.


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