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terça-feira, julho 01, 2014

Giordano Bruno




Ivan Amorin

Para o professor Danhoni, Giordano Bruno é capaz de gerar polêmica até mesmo nos dias de hoje


“Acho que se Giordano Bruno fosse vivo nos dias de hoje, também iria para a fogueira”, ironiza o professor Marcos César Danhoni Neves, autor do livro “Do infinito, do mínimo e da inquisição em Giordano Bruno”. Além de expor as idéias de Bruno, o autor apresenta momentos históricos do filósofo que foi levado à fogueira pela Inquisição, devido as idéias a cerca do universo. O livro será lançado hoje na Bom Livro Megastore.
Danhoni, professor do Departamento de Física, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explora o pensamento de Bruno sobre o universo, alám de mostrar o quanto a ciência atual se limita a pensar que o cosmos é espaço vasto, porém limitado.
Ou seja: o autor atinge um público amplo ao abordar temas tanto filosóficos como idéias em debate no campo da física. E tem ainda o aspecto histórico como uma tradução inédita do sumário do processo contra Giordano Bruno, queimado vivo em 1600 e uma iconografia da vida do pensador.
Foram três anos de estudo, incluindo uma viagem a Londres em 2000, quando foram celebrados os 400 anos da execução de Giordano Bruno. O filósofo foi morto por ordem da Inquisição em 17 de fevereiro de 1600, na praça de Flores (Campo di Fiori) de Roma, após passar oito anos por trás das grades. Tinha 52 anos.
Giordano refutava dogmas artistotélicos, e criticava à religião sempre com base científica. Foi o bastante para provocar a ira da Santa Sé. Mesmo torturado, nunca renunciaria a doutrina que defendia. Os livros escritos por ele também foram queimados. Chegou amordaçado no dia da execução. Suas últimas palavras foram: “Morro como mártir por minha própria vontade”.
Logo no prefácio do livro, Danhoni ressalta que “escrever um livro sobre Bruno é uma missão quase temerária. Personagem complexo, dono de uma obra de idêntica complexidade, pagou com a vida a ousadia de suas idéias. Na história da ciência e da filosofia, paira sobre seu personagem o peso da censura eclesiástica que pretendeu acabar com sua vida e o espírito que animava suas obras”.
O primeiro capítulo é uma visão geral da idéia de infinito, de imensidão e de mínimo, segundo Giordano. E conforme adiantamos, também mostra as limitações da ciência moderna que se apega a um universo imenso, porém limitado. E por essas e outras que Danhoni brinca que Giordano poderia ir pra fogueira até mesmo nos dias de hoje.
O segundo capítulo é a tradução do Sumário do Processo contra Bruno e outros atos do processo. Compilado provavelmente em 1597 por um dos juizes do Tribunal do Santo Ofício. Já a encadernação original de todo o processo foi destruída entre os anos de 1815 e 1817. Depois, o processo completo foi transferido de Roma para Paris em 1810 por ordem de Napoleão.
E tem mais: no retorno, entre 1815-1817, Marino Marini, a serviço do Papa Pio VII, e o cardeal Consalvo resolveram destruir toda a encadernação do processo, vendendo as páginas como papel velho para uma fábrica de papelão. O Sumário veio à tona através do frade beneditino Gregório Palmieri, em 1886, e finalmente através de sua redescoberta em 1940.
Várias fontes completam o quadro dos Atos do Processo, reeditados num pequeno livro já no ano 2000. A partir dessa publicação, Danhoni fez a tradução. Nos apêndices, há alguns trechos mais relevantes do Directorium Incjuísitorum ( o Manual dos Inquisidores). Danhoni apresenta momentos finais de diversos condenados, além da condenação e da abjuração de Galileo Galilei.
Essa é a dimensão do livro de Danhoni. Amplo, vasto e quem sabe, infinito. O debate está aberto, mas sem fogueiras. (Marcelo Bulgarelli) 


“Do infinito, do mínimo e da inquisição em Giordano Bruno”. Marcos Cesar Danhoni Neves. Ed.Eduem


1/4/2005 - O DIÁRIO MARINGÁ - CADERNO D 

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