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quinta-feira, julho 31, 2014

Ecos de John Fante



“A igreja precisa acabar, é o refúgio da burroguesia, de bobos e brutos e todos os baratos charlatões.”

“Uma prece. Certo, uma prece: por motivos sentimentais. Deus Todo-Poderoso, lamento ser agora um ateu, mas o Senhor leu Nietzsche? Ah, que livro! Deus todo poderoso, vou jogar limpo nessa questão. Vou lhe fazer uma proposta. Faça de mim um grande escritor e eu voltarei à igreja. E Lhe peço, caro Deus, mais um favor: faça minha mãe feliz. Não me importo com o Velho, ele tem seu vinho e sua saúde, mas minha mãe se preocupa tanto. Amém.”

"Meu conselho para todos os jovens escritores é bastante simples. Eu lhes recomendaria que nunca evitassem uma nova experiência. Eu os instaria a viver a vida em estado bruto, a atracar-se com ela bravamente, a golpeá-lá com os punhos nus."

“Quando voltei ao meu quarto, joguei-me na cama e chorei um choro sentido. Deixei que as lágrimas corressem de cada parte de mim, e quando não podia mais chorar, me senti bem de novo. Sentia-me verdadeiro e limpo.”

“Ela me viu quando eu entrava. Ficou contente ao me ver; eu soube pelo jeito como seus olhos se arregalaram. Seu rosto se iluminou e senti aquele aperto na garganta. Imediatamente fiquei tão feliz, seguro de mim mesmo, limpo e consciente da minha juventude.”

John Fante, no livro Pergunte ao pó.


A beringela assada levou-me de volta à minha infância, quando custavam apenas um níquel cada e davam para um festim: maravilhosos globos roxos e suculentos prontos para encher o nosso estômago; tios ricos das Arábias ansiosos por nos dar de comer. Tão lindo que me apetecia chorar.
As fatias de vitela também me trouxeram as lágrimas aos olhos enquanto as empurrava com o magnífico vinho de Musso, nascido das encostas vizinhas. E finalmente, os gnocchi cozinhados em manteiga e leite acabaram comigo. Os meus olhos encheram-se de lágrimas de alegria. Limpei-os com o guardanapo, sentindo-me como se tivesse voltado ao útero da minha mãe, cheio de doçura e paz e com a boca para sempre cheia de vida. A Mama viu os meus olhos encharcados. Também não havia maneira de os esconder.
- Alguma coisa no ar - justifiquei - lixívia, talvez? Arde-me os olhos.
- É lixívia. Lavei o chão com lixívia.
- É isso. Lixívia.
- O teu pai detesta lixívia. Não me deixa usar na máquina de lavar.
- A sério?
- Sabes o que é que ele gosta? 
- Não.
- Sais de banho!

John FanteA confraria do vinho. Tradução de Luís Ruívo.


Dias de míngua, céus azuis sem nuvens, um mar infinito de dias azuis e de sol constante. Dias de fartura — fartura de preocupações, fartura de laranjas. Comia-as na cama, comia-as ao almoço, engolia-as ao jantar. Laranjas, cinco cêntimos a dúzia. A luz do sol no céu, o sumo do sol na minha barriga. No centro da cidade, no mercado dos japoneses, o sorridente japonês de cara afilada via-me chegar e pegava logo num saco de papel. Generoso, dava-me quinze, às vezes vinte laranjas por cinco cêntimos.
"Gosta banana?"Claro que sim. E ele dava-me duas bananas. Uma agradável variação, sumo de laranja com bananas. "Gosta maçã?" Claro que sim. E ele dava-me algumas maçãs. Uma receita nova: laranjas com maçãs. "Gosta de pêssego?" Pois com certeza, e lá ia eu para o quarto de saco castanho na mão. Uma interessante novidade, pêssegos com laranjas. Esmagava-as com os dentes, o suco a rolar e a gemer no fundo do meu estômago. Era tão triste o meu estômago. Chorava muito e pequenas nuvens negras de gás beliscavam-me o coração.

Pergunta ao pó, de John Fante, tradução de Rui Pires Cabrasl, Ahab, outubro 2009


"Os olhos dele saltaram de espanto. Soltei-o, ele se virou e entrou no ônibus. O veículo partiu, vomitava cheiro de óleo enquanto desaparecia na nevasca. Enfiei as mãos nos bolsos e me pus em marcha pela Pearl Street, caminhando pesadamente em meio à neve suja daquela tempestade despropositada. Mas havia um consolo na neve, apesar de tudo. Ela escondia vocês dos outros, as suas sardas, orelhas de abano e altura deplorável, e você passava por outros fantasmas na desolação, com as cabeças curvadas, olhos escondidos, a culpa e a inutilidade profundamente protegidas ali dentro."

- trecho das páginas 68 e 69 do livro "1933 foi um ano ruim", de John Fante (publicado em 2008 pela L&PM Pocket, , mas original e postumamente em 1985).





Pinup Calendar c.1954 - By Ernest Chiriaka.

 



















Pinup Calendar c.1954 - By Ernest Chiriaka.

quarta-feira, julho 23, 2014

O que responderia?


Ariano Suassuna 1927 - 2014

“O mundo de Deus é grande e cabe numa mão fechada. O pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada…” - Ariano Suassuna.

 “Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.” - Ariano Suassuna

 “Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.” - Ariano Suassuna


Auto da Compadecida, por Ariano Suassuna.
“Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.” - Ariano Suassuna
Ariano Suassuna e Rachel de Queirós


ABERTURA SOB PELE DE OVELHA
Ariano Suassuna
Falso Profeta, insone, Extraviado,
Vivo, Cego, a sondar o Indecifrável:
e, jaguar da Sibila – inevitável,
meu Sangue traça a rota desse Fado.
Eu, forçado a ascender, eu, Mutilado,
busco a Estrela que chama, inapelável.
E a pulsação do Ser, fera indomável,
arde ao Sol do meu Pasto – incendiado.
Por sobre a Dor, Sarça do Espinheiro
que acende o estranho Sol, sangue do ser,
transforma o sangue em Candelabro e Veiro.
Por isso, não vou nunca envelhecer:
com meu Cantar, supero o Desespero,
sou contra a Morte e nunca hei de morrer.

terça-feira, julho 22, 2014

Ecos de Linda Christian

Blanca Rosa Henrietta Stella Welter Vorhauer, conhecida artisticamente como Linda Christian (Tampico, 13 de novembro de 1923 - Palm Springs, 22 de julho de 2011) foi uma atriz mexicana que fez sucesso no cinema americano. Filha de pai holandês e mãe mexicana, viveu na Europa, na América Latina e na África e falava sete idiomas. Apelidada de "Bomba Anatômica" pela Revista Life, Linda fez vários filmes de sucesso de bilheteria, como: "A Marca do Zorro" (1940), "Tarzan e as Sereias" (1948) e "Testemunha de Acusação" (1957), entre outros. Em "Casino Royale" (1954) fez o papel da primeira Bond girl, em uma adaptação televisiva da clássica história do detetive 0071 . Foi casada com os atores: Tyrone Power e Edmund Purdom. Faleceu em julho de 2011, aos 87 anos de idade em decorrência de um câncer. :



























Linda Christian

Blanca Rosa Henrietta Stella Welter Vorhauer, conhecida artisticamente como Linda Christian (Tampico, 13 de novembro de 1923 - Palm Springs, 22 de julho de 2011) foi uma atriz mexicana que fez sucesso no cinema americano.
Filha de pai holandês e mãe mexicana, viveu na Europa, na América Latina e na África e falava sete idiomas. Apelidada de "Bomba Anatômica" pela Revista Life, Linda fez vários filmes de sucesso de bilheteria, como: "A Marca do Zorro" (1940), "Tarzan e as Sereias" (1948) e "Testemunha de Acusação" (1957), entre outros. Em "Casino Royale" (1954) fez o papel da primeira Bond girl, em uma adaptação televisiva da clássica história do detetive 0071 .
Foi casada com os atores: Tyrone Power e Edmund Purdom.
Faleceu em julho de 2011, aos 87 anos de idade em decorrência de um câncer.

quarta-feira, julho 16, 2014

BBC Brazil World Cup Final Montage (HD)





BBC Brazil World Cup Final Montage (HD)



via http://brazilwonders.tumblr.com/post/91951150060

Ecos de A CLOCKWORK ORANGE 1971


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A CLOCKWORK ORANGE
United States, United Kingdom 1971

Written, produced and Directed by Stanley Kubrick
Based on “A Clockwork Orange” by Anthony Burgess
Cinematography by John Alcott

Narrated by Malcolm McDowell
Starring: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Adrienne Corri, Miriam Karlin, Godfrey Quigley, Anthony Sharp, Warren Clarke

Music by Walter Carlos
Editing by Bill Butler
Running time 137 minutes

segunda-feira, julho 14, 2014

Retrô

Chrystian - Don't Say Goodbye (1973):  via Bugrim



Primeiro álbum do cantor Chrystian, da dupla Chrystian & Ralph, lançado pelo selo Blue Rock Records, em 1973.  Como a gravadora não queria que o público soubesse que o cantor era brasileiro, quem aparece nas fotos da capa e contra-capa é o modelo Pedrinho Aguinaga. O maior sucesso foi Don't Say Goodbye.