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domingo, maio 06, 2012

Malba Tahan



No Brasil, o dia seis de maio é o dia Nacional da Matemática. A data é uma homenagem a um dos escritores que mais popularizou a matéria, o "árabe" Malba Tahan, nascido em seis de maio de 1895.
Na verdade, de árabe, Malba Tahan não tinha nada. O carioca Júlio César de Mello e Souza jamais foi à Arábia. Foi ele quem inventou o imortal Malba Tahan, suas origens, lendas, biografia e até um "tradutor fictício",
c Julio César tinha um grande fascínio pela literatura árabe, mas suas viagens nunca passaram da Argentina e Portugal. Possuía uma casa em Caxambu (MG)
onde aproveitava a viagem para contar e inventar histórias para suas netas.
Muitos dos seus contos mostravam a matemática como algo curioso, irônico e muitas vezes simples. Por isso mesmo, como todo bom mestre, odiava aqueles professores que "complicavam a matemática para desesperar os alunos".
Ainda há muito que se descobrir na obra de Malba Tahan. Seus textos são excelentes para o teatro infanto-juvenil. "O Homem que Calculava", sua obra mais famosa, deve ganhar uma adaptação para a televisão.
Malba Tahan morreu no dia 18 de junho de 1974, quando se sentiu mal após uma conferência em Recife. Tinha 79 anos. No dia seguinte, os jornais publicaram uma nota que ele mesmo havia redigido, anos antes: "Malba Tahan morreu e pede, a todos, perdão pelas faltas, erros, ingratidões e injustiças. E também pede pelo amor de Deus, que todos os crentes rezem por ele".

Bom, mas não muito
A diligência, entre nuvens de poeira, rolava aos trancos pela estrada. Alguns passageiros, de braços cruzados, meditavam em silêncio. Ouviam se, de quando em vez, os gritos estridentes do boleeiro. Na minha frente, dois camponeses conversavam. Um deles, que parecia o mais velho, falava desta sorte:
- Tenho agora um magnífico pomar em minha casa.
- Isso é que é bom! -- ajuntou o outro, com um sorriso de vulgar e lorpa amabilidade.
-- Bom, mas não muito -- respondeu o velho.
-- pois tenho tido, com o pomar, um trabalho excessivo.
- Isso é que foi mau!
- Mas não muito. Graças ao novo pomar, ganhei algum dinheiro e com esse primeiro lucro comprei um porco.
- Isso é que é bom!
- Bom, mas não muito. O porco fugiu-me de casa e foi para o quintal do vizinho, que se apoderou dele e matou-o.
- Isso é que foi mau!
- Mau, mas não muito. Dei queixa ao juiz, e o meu vizinho foi obrigado a me pagar uma boa indenização.
- Isso é que foi bom!
- Bom, mas não muito, pois o tal vizinho, em represália, soltou os cabritos no meu pomar. - Isso é que foi mau!
- Mau, mas não muito. Matei os cabritos e vendi suas peles na feira. - Isso é que foi bom!
- Bom, mas não muito...
Aquela conversa já começava a fazer-me mal aos nervos. Resolvi descer da diligência, mesmo em movimento; fui, porém, tão infeliz que tropecei numa pedra e caí.
- Isso é que foi mau! - dirá, naturalmente, o leitor.
Mau, mas não muito. Pois só assim fiquei livre de ouvir, durante algumas horas, uma história que parecia não ter mais fim.
- Isso é que foi bom!
(Malba Tahan – O homem que Calculava)
Posted by Picasa

6 comentários :

Dinor Chagas disse...

Olá Bulga, tenho mais que apenas alguns livros do carioca Júlio César de Mello e Souza... Independendte de ser ou não Malba Tahan, a preciosidade de suas palavras estarão sempre guardadas a sete chaves, do lado esquerdo do peito...

Abraço.

Bulga disse...

O mais incrivel, Dinor, é quase não encontro alguem que conheça Malba Tahan.

Seja sempre bem vindo!

Anônimo disse...

conheci este texto aos 10 anos de idade e tinha decorado esta historia.passei 24 anos pensando se era coisa da minha imaginaçao sabe la de cor e salteado,mais nao era!adorei reencontra la.obrigado

Cláudio disse...

Me lembro da história na cartilha do curso primário em Rio Claro. Muito legal.
Cláudio

Victor disse...

Um grande amigo e eu almoçavamos hoje quando ele comentou a respeito dessa pérola. O professor Júlio César era demais!!! Obrigado por compartilhar o texto
!

Decottignies disse...

Bom dia e bom domingo, Dinor.
Eu li o conto (ou crônica) "Bom, mas não muito" há mais de 50 anos e lembrava que era dele, cismei que era d Sérgio Porto.
Hoje, constatando meu equívoco, me deu vontade de ler a obra toda...
Grande abraço!