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domingo, maio 17, 2020

Obrigado! 16.05.2020


restaurante pós Covid-19

Um restaurante holandês improvisou uma solução muito aconchegante para quem quiser jantar fora de casa e em segurança durante a pandemia de coronavírus. O ETEN montou cabines de vidro com mesa para duas ou três pessoas na parte externa de seu estabelecimento, que fica no centro de artes Mediamatic.
Às margens dos canais de Amsterdã, o restaurante também oferece  luzes de velas para garantir o clima de romantismo aos casais.
O projeto segue as orientações das autoridades mantendo o distanciamento social dos clientes por meio das barreiras de vidro. Já os empregados recebem luvas e viseiras transparentes para atenderem ao público. Eles também usam uma prancha longa de madeira para servirem os pratos garantindo o mínimo de contato físico com os clientes.
Via Vogue


terça-feira, maio 12, 2020

Mia Couto

- Tens medo de fazer amor comigo?
- Tenho – respondeu ele.
- Por eu ser preta?
- Tu não és preta.
- Aqui, sou.
- Não, não é por seres preta que eu tenho medo.
- Tens medo que eu esteja doente...
- Sei prevenir-me.
- É porquê, então?
- Tenho medo de não regressar. Não regressar de ti.
Mia Couto, escritor moçambicano.

segunda-feira, maio 11, 2020

terça-feira, maio 05, 2020

Top 10 - Aldir Blanc

Passei a noite de ontem ouvindo algumas músicas de Aldir Blanc. Resolvi fazer a lista abaixo com poucos critérios.  O principal é que são musicas bem conhecidas dos que acompanham, mesmo de longe, a obra de Aldir.  Sei que muito vão sentir a falta de inúmeras obras-primas e de geniais parcerias dele com outros músicos. Sei ainda que muita gente odeia essas listinhas. Mas é só não gostar. Ou  criticar a ausência de outras obras-primas e a ordem colocada.


01 - Gênesis (J. Bosco - A. Blanc)
02 - Tiro de Misericórdia (J. Bosco - A. Blanc)
03 -  O Catavento e o Girassol (Guinga - A.Blanc)
04 -Rancho da Goiabada (J. Bosco - A. Blanc)
05 - Amigos é Pra essas Coisas  (Silvio Da Silva Junior - A. Blanc)
06 - De frente pro crime (J. Bosco - A. Blanc)
07- Ronco da Cuíca (J. Bosco - A. Blanc)
09- Mestre Salas dos Mares (J. Bosco - A. Blanc)
10 - O Bêbado e a Equilibrista (J. Bosco - A. Blanc)

arte :  Nando Motta 

Ladrões de cadáveres

Durante os séculos 18 e 19, na Grã-Bretanha. estudantes de medicina tinham dificuldades para conseguir cadáveres  para seus estudos.  Havia um mercado pra isso e muitos túmulos eram violados. Normalmente, eram  corpos dos presos executados, mas a própria sociedade condenava o uso de cadáveres para estudos.
Portanto, em alguns cemitérios é possivel encontrar esses tumulos estranhos em que um  cofre de segurança era um caixão. Tudo para proteger o cadever dos ladrões de cova. Em 1832, foi aprovada a Lei da Anatomia. A partir dela, os cirurgiões só podiam obter cadáveres legalmente.


Hanson Mao

Trabalhos do tailandês Hanson Mao, apreciadador de caminhos abandonados.








segunda-feira, maio 04, 2020

Aldir Blanc por João Bosco

“Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em cada cidade, era ele que falava em mim. Mesmo quando estivemos afastados, ele esteve comigo. E quando nos reaproximamos foi como se tivéssemos apenas nos despedido na madrugada anterior. Desde então, voltamos a nos falar ininterruptamente. Ele com aquele humor divino. Sempre apaixonado pelos netos. Ele médico, eu hipocondríaco. Fomos amigos novos e antigos. Mas sobretudo eternos. Não existe João sem Aldir. Felizmente nossas canções estão aí para nos sobreviver. E como sempre ele falará em mim, estará vivo em mim, a cada vez que eu cantá-las. Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Meu coração está com Mari, companheira de Aldir, com seus filhos e netos. Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão pra viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio.”

João Bosco - 04/05/2020

Flávio Migliaccio (São Paulo, 26 de agosto de 1934 — Rio Bonito, 4 de maio de 2020)

Flávio Migliaccio
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Eu devia ter uns 8 anos e a gente vibrava com as aventuras de Shazan, Xerife e Cia, interpretados respectivamente por Paulo José  e Flávio Migliaccio. E naquele sábado, a dupla foi se apresentar no ginásio do Serrano FC em Petrópolis. Meu cunhado me levou  Fomos a pé. Era apenas um morro entre as as ruas Major Sergio e Madre Francisca Pia. . No estacionamento do ginásio, lá estava ela: a Camicleta ! Uma  mistura de caminhão com bicicleta, veiculo das aventuras de Shazam e Xerife. E em cores! (o programa era em preto e branco).
 No ano seguinte fui ao cinema ver as Aventuras do  Tio Maneco e pouco depois, Maneco, o Supertio. Era uma versão meio chapliniana  feita por Migliaccio, bem mais ingenuo do que Renato Aragão.
Pouco acompanhei a trajetória artística de Flavio Migliacio, desde então, mas o vi brilhar no filme 'Boleiros"
Hoje, ele foi encontrado morto na manhã de hoje em seu sítio em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, aos 85 anos. Junto ao corpo do ator foi encontrada uma carta, ainda não revelada.
Perdemos Aldir Blanc, mas a gente segura a onda.  Mas hoje pela manhã, , sem o Xerife, minha infância amanheceu um pouco mais morta.

ALTERNATIVE PIN UP,






domingo, maio 03, 2020

CARTA DE CAYMMI PARA JORGE AMADO



“Jorge, meu irmão, são onze e trinta da manhã e terminei de compor uma linda canção para Yemanjá, pois o reflexo do sol desenha seu manto em nosso mar, aqui na Pedra da Sereia. Quantas canções compus para Janaína, nem eu mesmo sei, é minha mãe, dela nasci.
 Talvez Stela saiba, ela sabe tudo, que mulher, duas iguais não existem, que foi que eu fiz de bom para merecê-la? Ela te manda um beijo, outro para Zélia e eu morro de saudade de vocês.
 Quando vierem, me tragam um pano africano para eu fazer uma túnica e ficar irresistível.
 Ontem saí com Carybé, fomos buscar Camafeu na Rampa do Mercado, andamos por aí trocando pernas, sentindo os cheiros, tantos, um perfume de vida ao sol, vendo as cores, só de azuis contamos mais de quinze e havia um ocre na parede de uma casa, nem te digo. Então ao voltar, pintei um quadro, tão bonito, irmão, de causar inveja a Graciano. De inveja, Carybé quase morreu e Jenner, imagine!, se fartou de elogiar, te juro. Um quadro simples: uma baiana, o tabuleiro com abarás e acarajés e gente em volta.
 Se eu tivesse tempo, ia ser pintor, ganhava uma fortuna. O que me falta é tempo para pintar, compor vou compondo devagar e sempre, tu sabes como é, música com pressa é aquela droga que tem às pampas sobrando por aí. O tempo que tenho mal chega para viver: visitar Dona Menininha, saudar Xangô, conversar com Mirabeau, me aconselhar com Celestino sobre como investir o dinheiro que não tenho e nunca terei, graças a Deus, ouvir Carybé mentir, andar nas ruas, olhar o mar, não fazer nada e tantas outras obrigações que me ocupam o dia inteiro. Cadê tempo pra pintar?
 Quero te dizer uma coisa que já te disse uma vez, há mais de vinte anos quando te deu de viver na Europa e nunca mais voltavas: a Bahia está viva, ainda lá, cada dia mais bonita, o firmamento azul, esse mar tão verde e o povaréu. Por falar nisso, Stela de Oxóssi é a nova iyalorixá do Axé e, na festa da consagração, ikedes e iaôs, todos na roça perguntavam onde anda Obá Arolu que não veio ver sua irmã subir ao trono de rainha?
 Pois ontem, às quatro da tarde, um pouco mais ou menos, saí com Carybé e Camafeu a te procurar e não te encontrando, indagamos: que faz ele que não está aqui se aqui é seu lugar? A lua de Londres, já dizia um poeta lusitano que li numa antologia de meu tempo de menino, é merencória. A daqui é aquela lua. Por que foi ele para a Inglaterra? Não é inglês, nem nada, que faz em Londres? Um bom filho-da-puta é o que ele é, nosso irmãozinho.
 Sabes que vendi a casa da Pedra da Sereia? Pois vendi. Fizeram um edifício medonho bem em cima dela e anunciaram nos jornais: venha ser vizinho de Dorival Caymmi. Então fiquei retado e vendi a casa, comprei um apartamento na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo, daquelas duas ‘línguas viperinas, veja que irresponsabilidade a minha.
 Mas hoje, antes de me mudar, fiz essa canção para Yemanjá que fala em peixe e em vento, em saveiro e no mestre do saveiro, no mar da Bahia. Nunca soube falar de outras coisas. Dessas e de mulher. Dora, Marina, Adalgisa, Anália, Rosa morena, como vais morena Rosa, quantas outras e todas, como sabes, são a minha Stela com quem um dia me casei te tendo de padrinho.
 A bênção, meu padrinho, Oxóssi te proteja nessas inglaterras, um beijo para Zélia, não esqueçam de trazer meu pano africano, volte logo, tua casa é aqui e eu sou teu irmão Caymmi”.

ALTERNATIVE PIN UP,