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30/09/2005
Um grande enigma da minha infância era uma frase espalhada em ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Alguns juram que a viram até em Nova Iorque e Londres, mas eu não duvido.
Era 1977 quando um estranho grafite começou a aparecer nos muros: "Celacanto provoca Maremoto".
Naqueles tempo bicudos da ditadura, os possíveis autores daquele enigma foram investigados. Os militares, porém, nunca encontraram esses supostos "subversivos".
Agora, em pleno século 21, o jornalista carioca Carlos Alberto Teixeira admite ter sido o autor da famosa frase. Em entrevista ao site mundinhopop.com.br revelou que a origem de tudo passa pelo seriado chamado "National Kid", exibido na década de 60.
Um dos episódios era sobre os seres abissais, e um deles era o peixe chamado celacanto.
Num dado momento, o maléfico Dr. Sanada dizia que o "Celacanto provoca maremoto".
A frase ficou na cabeça de Carlos até 1977, quando ele bolou no caderno a tal frase. Tinha 17 anos, na época. A brincadeira cresceu e formou-se uma equipe de 25 pessoas para as pixações.
Na mesma época, lembra Carlos, havia uma outra pichação, o Lerfá Mu, uma coisa de maconha cujo o nome deu origem a um curta-metragem homônimo. "Tanto eu quanto esse Lerfá Mu estudávamos na PUC do Rio, e começamos uma batalha nos banheiros, que ficavam totalmente rabiscados: eu ofendendo o Lerfá Mu, ele respondendo...", revelou o jornalista ao site.
Anos depois, decobriu que o autor de Lerfa Mu, um rapaz chamado Guilherme, havia morrido de cirrose hepática.
Certa vez, Carlos concedeu uma entrevista para o Jornal do Brasil. Admitiu ser o autor da famosa frase e ficou famoso.
Uns dez anos depois, recebeu um telefonema da TV Manchete. Pediram a ele para fazer um grafite de um cenário do programa da Angélica, na TV Manchete.
Carlos deu um preço exorbitante, mas a produção topou. "Acabei ganhando dinheiro como artista plástico. Tenho o recibo lá em casa até hoje, "Carlos Alberto Teixeira, artista plástico", graças ao "Celacanto Provoca Maremoto".
Durante os anos posteriores, surgiram vários pichadores que se diziam ser os autores do "Celacanto".
Porém, Carlos lembra que ele mesmo só pichava tapume e parede. Jamais sujou pedra, monumento ou árvore.
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