Sim, o futebol de botão tem os movimentos estratégicos do xadrez, os reflexos da esgrima, e o controle emocional do pôquer. É o único esporte a reunir essas qualidades em proporção e importância.
O esporte é reconhecido pelo Conselho Nacional de Desporto (CND). Por sinal, muitos praticantes, conhecidos como botonistas, lutam para que a modalidade se torne olímpica.
mesas de Academia Santanense se Futebol de Mesa RGS, |
Pouco atletas dizem “eu sou campeão” de uma forma individualista. Na verdade, os atletas, são “técnicos” que creditam as vitorias aos times, cheios de “craques” capazes de desequilibrar partidas.
E para jogar de verdade, vale algumas dicas: sempre apoie todo o antebraço na mesa antes de jogar para dar mais firmeza; use palheta transparente pois ela ajuda a mirar a jogada; utilize botões menores para os jogadores de ataque baterem melhor na bola e não deixe de polir o botão com cera de carro para ficar mais liso e deslizar melhor.
Quem joga botão não é fiel. É um fanático. Fica sem dormir antes e depois de um jogo e é capaz de perder horas estudando projetos na criação de peças de acrílico, coco ou para fazer a bainha. Tudo para melhorar o desempenho. Por isso mesmo, muitas seleções são feitas sob encomenda.
Entre os botonistas ilustres, podemos registrar o ator Osmar Prado, o cantor Chico Buarque, o empresário Carlos Eduardo Moreira Ferreira, o ex-governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, o “bluesman” André Christovam, o humorista Chico Anísio e o cestinha Oscar.
Oscar estreou em 1996 na Copa Brasil de Masters (para jogadores acima de 35 anos), realizada em São Paulo. Mesmo como debutante, conseguiu uma vitória, um empate e sofreu duas derrotas. Foi o oitavo de um total de 16 jogadores. Antes, Oscar praticava o futebol de mesa desde a infância, em Natal (RN). Chegou a disputar campeonatos no Nordeste. Depois de 20 anos, voltou ao esporte após ganhar um time, presente do músico Christovam.
As origens do futebol de mesa são incertas. A única certeza é que o esporte é 100 por cento brasileiro. A primeira regra foi redigida em 1930, pelo carioca Geraldo Décourt, mas somente em 1962 foi fundada a Federação Paulista. A organização oficial só ocorreu em 1988, com o reconhecimento do CND. Em 1989, o botão se organizou e virou futebol de mesa, com regras, federação e calendário de competições para o ano todo.
Os botões se diferenciam pela espessura, diâmetro e curvatura. Os jogadores de defesa geralmente são maiores e mais altos (6mm) do que os do ataque (4mm).
São três modalidades : paulista, carioca e baiana . No campeonato brasileiro, disputado geralmente durante a Semana da Pátria, é utilizada a modalidade paulista. Chico Buarque também adota essa modalidade pois é a mais técnica das três, permitindo 12 toques por time, abrindo a possibilidade de se criar jogadas.
A regra carioca, por sua vez, limita a três toques na bola por jogada, enquanto a baiana apenas um toque, ou seja, valendo somente o chute a gol.
Numa partida de futebol de mesa, vale tudo aquilo que já existe no futebol de campo: Catimba, cera, lances de sorte e até mesmo broncas dos “técnicos” em seus “jogadores”. Somente em São Paulo, existem mais de 2.000 jogadores federados. O empresário Salvador Perrotti, um entusiasta do esporte, chegou certa vez a fornecer um patrocínio de aproximadamente US$ 1.000 por mês à equipe de futebol de mesa do Sesi paulista. (Marcelo Bulgarelli - Publicado originalmente em O Diário do Norte do Paraná - Maringá)
Nenhum comentário :
Postar um comentário