Um crime de grande repercussão nos anos 90. No final do mes de abril de 1995, era assassinada no Rio, a jovem dinamarquesa Alice Christiansen. Dias antes, ela passou um tempo com uma família em Marialva, cidade vizinha a Maringá. Leia abaixo a reportagem da Folha de São Paulo de autoria de Daniela Ribeiro. Nas fotos, a capa de Manchete.
A estudante dinamarquesa Alice Christiansen, 19, foi assassinada no domingo, no Rio. O segurança do prédio onde ela morava, Fernando Ribeiro Nepomuceno, 24, confessou o crime à polícia. O assassinato ocorreu depois de a estudante chegar de um desfile de blocos, às 2h. Os moradores do prédio não comentaram o caso. Alice participava de um intercâmbio cultural, patrocinado pelo Rotary Club, e estava morando no apartamento do major da PM César Paiva Muniz. O vice-cônsul dinamarquês Jan Jensen descartou a ligação do assassinato com o Carnaval ou com a violência do Rio. "Poderia ter acontecido na Dinamarca", disse, considerando o crime "uma fatalidade, promovido por um desequilibrado". Quatro amigos de Alice -duas dinamarquesas, um filipino e um brasileiro- disseram à polícia que a acompanharam até ela entrar no prédio, na rua Enaldo Cravo Peixoto, na Tijuca (zona norte). Às 7h, como Alice ainda não havia chegado, o major Muniz foi à 19ª Delegacia Policial (Tijuca) registrar o desaparecimento. As investigações começaram pelo depoimento do porteiro noturno, João José dos Santos. Ele contou que Nepomuceno trabalhara sozinho naquela noite. O segurança negou o crime no início, mas acabou confessando quando o delegado Antonio Matos pediu para que ele se despisse. Havia várias marcas no corpo do segurança, o que evidenciava a possível resistência de Alice a uma tentativa de estupro. Na delegacia, Nepomuceno disse que, na portaria, depois de conversar com Alice, passou a mão em seus cabelos. Ela reagiu. Nepomuceno disse que a teria puxado pelo braço e tentado estuprá-la, dando uma "gravata" que deixou Alice inconsciente. Ele teria arrastado a estudante para um quarto próximo à garagem, onde fica a cisterna do edifício. Nepomuceno teria então mordido o seio de Alice, que acordou. O segurança tornou a sufocá-la e, em seguida, jogou o corpo da estudante dentro da cisterna, que tem 2,2 metros de profundidade. Com medo de que Alice ainda estivesse viva, Nepomuceno entrou na cisterna e mergulhou o corpo da estudante para que ela morresse por afogamento. O corpo de Alice ficou ali por 40 horas. O laudo cadavérico aponta morte por sufocamento. Nepomuceno trabalhava armado e recebia o salário de R$ 205 por mês. Ele tinha ainda emprego de porteiro em outro prédio do bairro.
Fernando Nepomuceno é de Minas Gerais e vive no Rio desde 90. Tem um filho de 4 meses com a mulher, de 16 anos. Baixo e forte, não tinha antecedentes. Ele trabalhava há dois anos como segurança (armado) e recebia R$ 205 por mês. Também era porteiro em outro prédio do bairro. "Minha família não vai acreditar. Estou arrependido. Não sei por que fiz isso", disse na delegacia, com prisão preventiva decretada. Se condenado, poderá pegar 30 anos de prisão. Para o delegado Antonio Mattos, há agravantes: submissão da vítima, motivo torpe e aproveitamento da confiança da vítima.
CRONOLOGIA
1. Alice Christensen chega de carro às 2h do domingo ao prédio da rua Enaldo Cravo Peixoto, na Tijuca, onde mora. Despede-se dos quatro amigos que a acompanhavam e entra
2. Na portaria do prédio, conversa rapidamente com o segurança Fernando Nepomuceno. Ele passa a mão no seu cabelo. Alice repele o carinho. É puxada pelo braço por Nepomuceno, que tenta violentá-la
3. A moça resiste e Fernando lhe aplica uma gravata, sufocando-a. Ele a arrasta em direção à garagem. Desmaiada, ela é jogada na cisterna, Fernando entra também na água e a estrangula
Os pais de Alice, Bruno e Sonja Christiansen, foram comunicados do assassinato da filha pelo Rotary Club, entidade coordenadora do programa de intercâmbio. Segundo Tadeu Araújo Pena, chefe de protocolo do Rotary, o casal Christiansen tem mais três filhos, e atualmente hospeda em Copenhague um jovem brasileiro de Londrina (PR). Alice chegou ao Brasil no dia 16 de agosto e morou durante três meses com uma família na Barra da Tijuca.
Velório reúne 50 pessoas no Rio
02/Mar/95
O pai da estudante Alice Christiansen, Bruno Christiansen disse que o assassinato de sua filha poderia ter acontecido em qualquer parte do mundo. "Ninguém deve se sentir culpado pela morte de Alice. Eu vim para levar a alma da minha filha de volta para a Dinamarca. Mas a parte carioca da alma dela fica", foi a declaração de Christiansen à Rádio CBN, ontem pela manhã. Em uma entrevista ao "Jornal Bandeirantes", veiculada anteontem pela rede de televisão, Alice havia dito que adorava o Brasil. "Isto é uma delícia, eu adoro. Eu não quero mais voltar para a Dinamarca, eu vou ficar", afirmou. Mais de 50 pessoas, entre elas o cônsul da Dinamarca, Knud Christensen, estiveram presentes ao velório de Alice, realizado no Aeroporto Internacional do Rio.As duas famílias que hospedaram Alice e as duas que ainda iriam hospedá-la participaram. O advogado José Valdir Quinalha, pai de Melissa Quinaglia, que está hospedada na casa dos Christiansen, também compareceu. Christiansen está hospedado no Méier (zona norte). Ele esteve na casa do major PM César Paiva Muniz, no prédio onde ocorreu o crime, e quis saber sobre a vida de sua filha. (Daniela Ribeiro)
Um comentário :
Foi em 1995?
Acho que em 2003, esse cara já foi solto.
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