Chegamos de São Paulo na madrugada de quarta-feira. De imediato, fui desfazer a única mala da viagem. Mexo aqui, vasculho ali e nada. Cadê o Oscar?
Começo a discutir com Ana. Você colocou o meu Oscar na mala? Não esqueceu no hotel?
Ana está preocupada e não se conforma. Tá certo que quando ela viu o Oscar pela primeira vez, disse que era um boneco muito feio e que eu não deveria colocá-lo como objeto de decoração. Mas esse era o meu primeiro Oscar e tenho o direito de exibi-lo no alto da estante, carrega-lo pra todos os lugares, fazer inveja aos colegas do programa Cinema Falado. Thiago e Elton não ganharam um Oscar...
Mas cadê a minha estatueta careca? Não está na mala!!
Olhando com mais cuidado, percebemos que a parte lateral da mala estava rasgada. Era justamente ali que repousava o Oscar.
Ana se sentia culpada e não se conformava. Queria ligar imediatamente para a companhia aérea e reclamar da violação. E ela me pergunta:
- Como eu reclamo o desaparecimento de um negócio desses? Digo que roubaram o Oscar do meu marido?
Não tenho palavras. Nem Fernanda Montenegro ganhou um Oscar e os hermanos argentinos já faturaram dois. Eu queria o meu.
Começo a especular. Algum funcionário percebeu que ali estava o troféu e quis ficar com ele. Talvez tenha percebido a presença dele quando a mala passou pelo raio x.
Não conformados, procuramos pela ultima vez. E na mesma lateral da mala, surge a careca dourada. O Oscar não foi roubado!!
Seguro o peladão com o mesmo orgulho do Peter Jackson com o seu “o Retorno do Rei”.
Coloco o Oscar na estante. Ele está lá. Ana já não o acha tão feio. Só achou caro: 12 reais numa loja mequetrefe da 25 de março.
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