O relato de Frederico Villar Franco, uma das vítimas da tragédia no Vale do Cuiabá, poderia ter sido tirado do roteiro de um filme de horror. Por volta de 3h, da madrugada da última quarta-feira, ele, sua mulher e sua filha foram acordados por um forte estrondo. Os três conseguiram sair da casa pouco antes do desmoronamento da casa, que ficava no condomínio Alpes do Cuiabá, na Estrada do Cantagalo, Vale do Cuiabá. De acordo com ele, várias outras casas foram destruídas e muitas pessoas morreram, entre elas as que estavam hospedadas na casa do presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, que ficava na entrada do condomínio. Frederico também disse que o resgate dos sobreviventes está precário e que teve que alugar um helicóptero particular para sair do local, que está com o acesso por terra impedido.
Ao ouvir o barulho Frederico pensou que uma árvore tivesse caído sobre a casa. “Na mesma hora eu falei para sairmos. Depois que elas já estavam do lado de fora, resolvi voltar para ver o que tinha acontecido. Quando entrei tudo começou a desmoronar, as paredes da casa caíam como se fossem peças de dominó. Eu saí correndo, mas os escombros soterraram minha mulher e minha filha. Com custo resgatei minha mulher, mas um verdadeiro rio se formou e me arrastou por uns oitenta metros até que consegui me agarrar em uma árvore”, contou emocionado. Eles foram socorridos por outros moradores do local e tiveram que passar duas noites na casa de uma família de caseiros, enquanto esperavam o resgate. “Esta família que nos acolheu com tanto carinho ainda está ilhada, com pouca água e pouco alimento. A Defesa Civil tem que dar um jeito de resgata-los”, pediu.
Frederico e a família estão internados em observação no SMH (Sociedade Médica Hospitalar). “Não tivemos nenhuma fratura, apenas escoriações, mas o corpo todo dói”, contou. Segundo ele, a trágica experiência não sairá de sua mente. “Eu nunca vou esquecer dos momentos terríveis que vivi. Ficar agarrado em uma árvore, com hipotermia, sem saber se minha família estava salva, foi muito difícil”. Ele reclamou também do descaso do poder público. “Os políticos não fazem nada por aqui porque não têm voto nesta região, que é mais de veranistas. Não se tratava de ocupação irregular, mas o que fez minha casa desmoronar foi a falta de manilhas na rua de cima, que fez com que o solo ficasse encharcado e o morro descesse sobre a minha casa.”, concluiu.
Outras vítimas permanecem internadas no Hospital Santa Teresa e Alcides Carneiro
Seis vítimas da tragédia permanecem internadas no Hospital Santa Teresa. Apenas uma, Maria José Vieira da Silva, que teve fratura cervical lombar, está na UTI. Ana Paula Vieira da Silva, Luiz Miguel da Silva, Maria Aparecida da Silva, Gisele Maria Lupi Tersinato e Marcio Antonio Periene estão em observação. Caroline Machado Vieira ficou em observação, mas já foi liberada.
Já no Alcides Carneiro, somente uma mulher de 49 anos, que foi soterrada, está internada no CTI e seu estado é estável. De acordo com a diretora médica do Hospital, Ana Lúcia Teixeira Pinto, a procura maior é por atendimentos de urgência. “Mesmo assim não são muitos pacientes, acho que foram encaminhados para outros hospitais. A maioria que chega é com escoriações.
Fonte: O Diário de Petrópolis - Jaqueline Gomes - Jaquelinegomes@diariodepetropolis.com.br
Nenhum comentário :
Postar um comentário