Quem coleciona selos para o filho do amigo; quem acorda de madrugada e estremece no desgosto de si mesmo ao lembrar que há muitos anos feriu a quem amava; quem chora no cinema ao ver o reencontro de pai e filho; quem segura sem temor uma lagartixa e lhe faz com os dedos uma carícia; quem se detém no caminho para ver melhor a flor silvestre; quem se ri das próprias rugas; quem decide aplicar-se ao estudo de uma língua morta depois de um fracasso sentimental; quem procura na cidade os traços da cidade que passou; quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada; quem costura roupa para os lázaros; quem envia bonecas às filhas dos lázaros; quem diz a uma visita pouco familiar: Meu pai só gostava desta cadeira; quem manda livros aos presidiários; quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio; quem escolhe na venda verdura fresca para o canário; quem se lembra todos os dias do amigo morto; quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem, não tendo o hábito de beber, liga o telefone internacional no segundo uísque a fim de conversar com amigo ou amiga; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem guarda as cartas do noivado com uma fita; quem sabe construir uma boa fogueira; quem entra em delicado transe diante dos velhos troncos, dos musgos e dos liquens; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata ; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.
quinta-feira, dezembro 31, 2020
quinta-feira, dezembro 24, 2020
Natal subversivo
Gosto de pensar o Natal como um ato de subversão…
– Um menino pobre;
– Uma mãe “solteira”;
– Um pai “adotivo”;
– Quem assiste seu nascimento é a ralé da sociedade (pastores);
– É presenteado por gente “de outras religiões” (magos, astrólogos);
– A “família” tem que fugir e viram refugiados políticos;
– Depois volta e vai viver na periferia;
O resto, a gente celebra na Páscoa… mas com a mesma subversão…
Sim! A revolução virá dos pobres! Só deles pode vir a salvação!
Feliz Natal!
Feliz subversão!”.
José Barbosa Júnior
quarta-feira, setembro 30, 2020
Susan Backlinie,
Seu nome é Susan Backlinie, tem 74 anos.
Ela foi a garota que nadou nua no inicio do filme Tubarão (Jaws, 1975)
Nos autógrafos ela assina o nome e acrescenta: primeira vítimasábado, setembro 19, 2020
A lista de Martin Scorsese
Confira a lista de filmes essenciais feita pelo diretor Martin Scorsese:
1 — A Aventura (1960), Michelangelo Antonioni
2 — A Bela e a Fera (1946), Jean Cocteau
3 — A Grande Ilusão (1937), Jean Renoir
4 — A Regra do Jogo (1939), Jean Renoir
5 — A Terra Treme (1948), Luchino Visconti
6 — Aquele que Sabe Viver (1962), Dino Risi
7 — Aguirre, a Cólera de Deus (1972), Werner Herzog
8 — Antes da Revolução (1964), Bernardo Bertolucci
9 — No Decurso do Tempo (1976), Wim Wenders
10 — O Bando à Parte (1964), Jean-Luc Godard
11— Contos da Lua Vaga (1953), Kenji Mizoguchi
12 — Atirem no Pianista (1960), François Truffaut
13 — Week-end à Francesa (1967), Jean-Luc Godard
14 — Os Eternos Desconhecidos (1958), Mario Monicelli
15 — Blow-Up — Depois Daquele Beijo (1966), Michelangelo Antonioni
16 — Humberto D. (1952), Vittorio De Sica
17 — Ikiru (1952), Akira Kurosawa
18 —Ladrões de Bicicletas (1948), Vittorio De Sica
19 — Paisà (1946), Roberto Rossellini
20 — Metrópolis (1927), Fritz Lang
21 — Napoleão (1927), Abel Gance
22 — Nosferatu (1922), F.W. Murnau
23 — Acossado (1960), Jean-Luc Godard
24 — O Amigo Americano (1970), Wim Wenders
25 — O Açougueiro (1970), Claude Chabrol
26 — O Casamento de Maria Braun (1979), Rainer Werner Fassbinder
27 — Dr. Mabuse, o Jogador (1922), Fritz Lang
28 — O Enforcamento (1968), Nagisa Oshima
29 — O Enigma de Kaspar Hauser (1974), Werner Herzog
30 — O Intendente Sansho (1954), Kenji Mizoguchi
31 — O Medo Consome a Alma (1974), Rainer Werner Fassbinder
32 — O Mercador das Quatro Estações (1971), Rainer Werner Fassbinder
33 — Os Incompreendidos (1959), François Truffaut
34 — O Boulevard do Crime (1945), Marcel Carné
35 — Os Sete Samurais (1954), Akira Kurosawa
36 — Rocco e seus Irmãos (1960), Luchino Visconti
37 — Roma, Cidade Aberta (1945), Roberto Rossellini
38 — Céu e Inferno (1963), Akira Kurosawa
39 — Viagem a Tóquio (1953), Yasujiro Ozu
Revista Bula
quarta-feira, setembro 09, 2020
Eyes in Hitchcock Films Psycho...
Eyes in Hitchcock Films
Psycho (1960)
Spellbound (1945)
Vertigo (1958)
Rear Window (1954)
Rebecca (1940)
sábado, setembro 05, 2020
sábado, agosto 22, 2020
Jason deCaires Taylor
Jason deCaires Taylor é um escultor e criador britânico do primeiro parque de esculturas subaquáticas do mundo - o Molinere Underwater Sculpture Park - e um museu subaquático. Suas obras em Granada foram listadas entre as 25 maiores maravilhas do mundo pela National Geographic.
Seus projetos mais ambiciosos até o momento são a criação do maior museu de escultura subaquática do mundo, o Cancún Underwater Museum , situado na costa entre Cancún e Isla Mujeres , no México , e Ocean Atlas (2014), um museu de 5 metros de altura, Escultura de 60 toneladas nas Bahamas. [9] Taylor está atualmente baseado na ilha de Lanzarote, Espanha, trabalhando em um novo e importante museu subaquático para o Oceano Atlântico.
No Turning Back, in Punta Nizuc, Mexico (detail), 2013, Underwater Sculpture
quarta-feira, agosto 19, 2020
Big Boy
Newton Alvarenga Duarte era um professor de geografia daqueles que não deixam saudades entre seus alunos, exceto pelo fato de sempre carregar uma maleta que ele não a abria nunca.
Um daqueles alunos no Colégio de Aplicação da UFRJ chegou a
apelida-lo de "Big Boy" pois a voz do professor era muito semelhante
ao do famoso DJ da época e que se tornaria o mais importante da história do
rádio. Porém, o apelido não pegou.
Certo dia, o professor Newton Alvarenga entrou na sala de
aula e permaneceu em silencio. Finalmente, aos poucos, começou a abrir aquela
'maleta secreta' e de lá retirou alguns objetos. Subitamente,
os atirou em direção aos alunos. Eram discos de rock. Foi então que ele gritou
o bordão "hello crazy people!"
Foi como uma senha: os alunos - em êxtase - descobriram, que
a partir daquele dia, não existiria mais o professor Newton Alvarenga. Ele
seria somente o ídolo Big Boy, responsável por uma verdadeira revolução no
rádio.
A euforia fazia sentido. A linguagem que se faz hoje no radio começou
com Big Boy, um DJ antenado que revelava bandas novas e procurava músicas inéditas
trazidas por amigos que viajavam para os Estados Unidos. Um trabalho de
engenharia, pois não era fácil ouvir novidades nos anos 70.
Mas os revolucionários vivem pouco. O consagrado Big Boy, aos 34 anos, foi vítima de um infarto fulminante provocado por
um ataque de asma. Já o professor Newton Alvarenga morreu muitos anos antes, naquela
histórica aula de geografia.
( Big Boy - Rio de Janeiro, 1 de junho de 1943 — São Paulo, 7 de março de 1977)
Na foto , Sergio Mota, Mick Jagger e Big Boy na Joatinga (RJ)domingo, agosto 16, 2020
Jacob do Bandolim
Na virada do século 19 e 20, existia no leste europeu a organização criminosa Zwi Migdal que traficava mulheres judias para o Brasil, Argentina e Estados Unidos. O Migdal era formado por mafiosos da própria comunidade judaica e prometia uma vida bem melhor para aquelas moças oriundas de famílias polonesas miseráveis. Escravizadas sexualmente, ficaram conhecidas como ‘polacas’.
Raquel Pick foi uma delas. No Rio, seu nome de guerra era ‘Regina’. Passou parte da vida dignificando às conterrâneas
que até então eram discriminadas até à morte. Foi Raquel quem lutou para que
elas fossem enterradas conforme os rituais judaicos, no Cemitério de Inhaúma.
Depois de casada com o capixaba Francisco Gomes Bittencourt,
ela deu a luz a um menino, em 14 de
fevereiro de 1918. Na certidão de
nascimento, era Jacob Pick Bittencourt. Para
a história da música, o autodidata Jacob
do Bandolim, um dos melhores instrumentistas da história da MPB e autor de
diversos clássicos do choro até morrer num dia como hoje, em 13 de agosto de
1969.
‘Doce de Coco’, ‘Noites Cariocas’ e outras obras-primas são
hoje tocadas e estudadas em universidades de musica do Brasil e da Europa. Também
é possível ouvir Jacob do Bandolim no leste europeu.
(com informações da Wikipédia -)
sábado, agosto 15, 2020
Elke Georgievna
Num dia como hoje, em 16 de agosto de 2016, morria Elke Georgievna, natual de Leningrado. Radicada
no Brasil, aqui ficou conhecida como
manequim, modelo, jurada, apresentadora e atriz. Adotou o nome artístico
de Elke Maravilha. Era amiga da
estilista Zuzu Angel e chegou a ser presa pela ditadura militar, em 1971, por desacato no Aeroporto Santos
Dumont. Ela estava rasgando cartazes com
a fotografia do desaparecido Stuart Angel Jones, filho da amiga Zuzu, alegando
que ele já havia sido morto pelo regime.
Elke foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional e perdeu a cidadania
brasileira. Na vida, sobreviveu a oito
casamentos e três abortos. Entre altos e baixos, remou contra a corrente para
viver intensamente com visual chamativo e alegrias no rosto. Era rebelde demais.
René Magritte.
Num dia de agosto como o de hoje, em 1967, morria o pintor
surrealista René Magritte. Me interessei pela obra após ouvir Paul Simon na bonita balada “Rene and Georgette Magritte
with Their Dog after the War” (1983). “Os Amantes” é a pintura mais popular do artista
belga. É tão surreal que deve ter sido criada em 2020, cinco década depois da
morte do autor. O surrealismo é premonitório.
quarta-feira, agosto 12, 2020
Lauren Bacall
Seu nome: Betty Joan Perske (6/09/1924) . Mas ela não gostava de Betty.
O diretor Howard Hawks a rebatizou como Lauren Bacall.Mesmo assim, ainda ficava nervosa diante das câmeras.
Hawks sugeriu que ela pressionasse o queixo contra o peito,
e então dirigisse os olhos para cima de modo a encarar a câmera.
Foi criado o 'look' Bacall, sua marca registrada.
O relacionamento com Humphrey Bogart só aumentou o mito.
Até morrer no dia 12 de agosto de 2014, aos 89 anos,
Bacall se orgulhava de suas rugas.
Toda sua vida estava em sua face.
A mesma face do look. Esse nunca envelheceu.
terça-feira, agosto 11, 2020
A Arte de Amos Sewell
Arte publicada no capa do Saturday Evening Post em 1956. Sewell foi banqueiro e uma estrela do tênis na década de 1920, Depois ingressou no mundo da ilustração profissional na era da Grande Depressão dos anos 1930.
Pateta Olímpico
Edição especial - Pateta Olímpico - para as olimpíadas de 1972. Memorável roteiro incluindo todos os principais personagens da galeria Disney. Roteiro de Ivan Saidenberg. e quadrinização de Carlos Herrero não creditados (muito comum na época). Um coleguinha de escola dizia que "o sorvete está pegando fogo".
segunda-feira, agosto 10, 2020
Roda Viva
Processo de Censura à peça teatral "Roda Viva" de Chico Buarque de Holanda. Rio de Janeiro, 1968. Fundo Divisão de Censura e Diversões Públicas. Aqui o censor diz que o autor da peça é um débil mental.
domingo, agosto 09, 2020
Sharon Tate
Foi num dia 9 de agosto que o cinema perdeu a belíssima Sharon Tate aos 26 anos.
Muito já se falou daquele assassinato ocorrido em 1969, Los Angeles, quando um bando de fanaticos invadiu a mansão da atriz, então casada com Roman Polanski.O cineasta estava em Londres naquele dia.
Soube da tragédia pelo telefone.
Ficou andando em círculos pelo quarto do hotel.
Sharon estava grávida de nove meses.
sábado, agosto 08, 2020
Louise Brooks
Num dia como hoje, 8 de agosto de 1985, morria (Mary) Louise Brooks (14/11 1906) .a primeira musa do cinema. Alcoólatra desde os 14 anos, sofria de depressão. Teve dificuldades para sobreviver após o fim do cinema mudo. período que se eternizou em três filmes realizados na Europa: A Caixa de Pandora (1929), Diário de Uma Garota Perdida (1929) e Miss Europe (1930)., Na fase decadente, chegou a dançar em casas noturnas""Descobri que a única carreira bem remunerada que me foi aberta, como uma atriz mal sucedida de trinta e seis anos, era a de uma garota de programa ... e (eu) comecei a flertar com as fantasias relacionadas a pequenas garrafas cheias de pílulas amarelas para dormir" Os historiadores do cinema francês redescobriram seus filmes no início da década de 1950, proclamando-a como uma atriz que superou até Marlene Dietrich e Greta Garbo
Em 1955, na exposição "60 Anos de Cinema" realizada no Museu de Arte Moderna, em Paris, foi colocado na entrada do prédio, em grande destaque, um imenso pôster de Louise. Perguntado porque havia escolhido Louise para aquela posição de honra e não Greta Garbo ou Marlene Dietrich, atrizes bem mais populares na época, o diretor da Cinemateque Française, Henri Langlois, fez a declaração que se tornaria eterna: "Não existe Garbo. Não existe Dietrich. Existe apenas Louise Brooks".
Brooks chegou a escrever - durante anos -um livro autobiografico. Antes de ficar pronto, ela jogou os originais na lareira. Palavras escritas não contam a dor d´alma.
sexta-feira, agosto 07, 2020
Evgeny Makarov Photography
Evgeny, nascido em 1984 em São Petersburgo, passou a infância entre a Alemanha e a Rússia depois que sua família se mudou para Hamburgo em 1992. Estudou ciências sociais e políticas na Universidade de Hamburgo. Durante esse tempo, ele descobriu a fotografia como uma ferramenta para enfrentar as realidades sociais além da abordagem acadêmica tradicional.
Cinderela - por EvgenyEle estudou fotojornalismo na Escola Dinamarquesa de Mídia e Jornalismo em Aarhus, Dinamarca e se formou no programa internacional em 2014. Evgeny foi selecionado e participou da Masterclass Joop Swart 2015 da World Press Photo e do Eddie Adams Workshop 2018. Atualmente, ele mora no Rio de Janeiro, Brasil e trabalha como freelancer para publicações internacionais, além de seus projetos pessoais. Evgeny é representado pela agência Focus.
Contos Curtos
Contos Curtos:
Comissão de Inquérito
Conto Malandro
(Histórias do Pif-Paf, de Millôr Fernandes)
Continho
Jorge César Alvim
Morreu aos vinte e oito anos e já não foi cedo. Aos dezoito matara um homem pela primeira vez. E desde então completara mais mortes do que anos de idade.
O inesperado foi a maneira por que deixou a vida. Em sua casa todos se surpreenderam quando o amigo, que assistira a seu fim, deu a notícia:
− Morreu como um passarinho...
− Ah! Suspiraram espantados.
Completou ao amigo:
− Crivado de chumbo.
Comissão de Inquérito
Rui C. Lisboa
Deu um jeitinho − no Brasil, sabeis, dá-se para tudo − e arranjou cartão de apresentação para o tenente. Uma semana passou e já estava de apresentação do tenente para o capitão. O cartão seguinte foi de apresentação ao major. Não demorou e o próximo objetivo estava atingido − a estrela e as duas gemadas do tenente ao tenente-coronel. Outro cartão apresentando-o, e muitas recomendações ao coronel. Do coronel ao general presidente da Comissão de Investigação Contra a Corrupção e Desvio de Dinheiro Público (sigla para facilitar CICCDDP), que despachou:
“Vamos atender ao seu pedido de acompanhar os trabalhos da Comissão. Mas o senhor é jornalista ou apenas patriota?”
− Não, senhor general, para falar a verdade, estou querendo é pegar o macete desse negócio de corrupção que é pra ver se arrumo minha vida.
Conto Malandro
Mário Jorge Rodrigues
Não havia dúvida, aquele era o seu dia de sorte. Afinal conseguira o emprego, que fazia tanto eles esperavam, a nega ia vibrar. Será que ia mesmo? E por que não: Com alguma economia eles poderiam ter geladeira, televisão, uma vitrola e um violão. Ah! Um violão, isso seria a primeira coisa que iria comprar.
Ainda pensava em tudo isso quando abriu a porta do barraco e viu a mulher cozinhando. Foi logo dizendo:
− Maria, tá arranjado. Segunda-feira, às oito horas, sem falta. O lugar é teu!
(Histórias do Pif-Paf, de Millôr Fernandes)
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