Pena de morte
F. Ponce de León
F. Ponce de León
Nesta sala, onde a pena de morte vive,
ouço as batidas compassadas do teu coração
pulsante e inocente.
ouço as batidas compassadas do teu coração
pulsante e inocente.
Vejo a espuma branca e espessa
que escorre pelo canto da tua boca retorcida.
E penso nas brincadeiras de quando éramos crianças...
que escorre pelo canto da tua boca retorcida.
E penso nas brincadeiras de quando éramos crianças...
Usando saliva para fazer bolinhos
de terra ou limpar os joelhos ralados.
(Será que ainda pensas nisso?)
de terra ou limpar os joelhos ralados.
(Será que ainda pensas nisso?)
E nos dias de bicicleta na chuva.
De ruas escorregadias e janelas fechadas.
Dias compridos e agora tão distantes.
De ruas escorregadias e janelas fechadas.
Dias compridos e agora tão distantes.
Tudo isso (e muito mais)
deve zunir e borbulhar em tua cabeça.
deve zunir e borbulhar em tua cabeça.
Enquanto teus olhos cinzentos
arregalam-se em derradeira despedida
dessas paredes mofadas.
arregalam-se em derradeira despedida
dessas paredes mofadas.
Paredes que testemunharão
o fim dos teus sonhos,
depois que te assarem o cérebro.
o fim dos teus sonhos,
depois que te assarem o cérebro.
De um jeito bem parecido
ao que nos acostumamos a fazer com os ovos.
ao que nos acostumamos a fazer com os ovos.
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