NOS ACOMPANHE TAMBÉM :

domingo, novembro 26, 2006

DA MINHA JANELA

Dias atrás, Elvio Rocha era uma dos colaboradores do caderno D+ de O Diário (Desvio de Coluna). Fiquei muito triste quando ele comunicou que não poderia continuar no grupo de colaboradores. Afinal, Élvio é Élvio. Resolvi, então, chamar o velho (no bom sentido) Sr. Antonio Roberto de Paula, autor do livro Da Minha Janela. E esse foi o nome da coluna dele. Neste domingo, o Sr. De Paula entrou no clima do Natal. Confira.

Da minha janela

Antonio Roberto de Paula
depaularoberto@bs2.com.br

.......................................................................
Recupere a velha árvore


O Natal está batendo na nossa porta. São toques tímidos ainda, mas logo aumentam de intensidade, até que você abre. Não tem como evitar. Você entra de cabeça, tronco e membros no espírito natalino. A cidade cria um cenário festivo. Fachadas enfeitadas, outdoors felizes e sorridentes, músicas embalando nossos corações e cobrando o cristão que existe dentro da gente dão o tom deste mês de festas, viagens, férias e cheques pré-datados até maio de 2007.
Então você tira da caixa empoeirada a árvore branca sintética, meio estropiada, testemunha de vários dezembros, coloca em cima da mesinha de centro, que agora vai ficar no canto da sala, pega o que sobrou das bolas e penduricalhos, põe uma estrela cintilante na ponta e traz o Natal para dentro de casa. Ia me esquecendo: tem ainda o pisca-pisca de lampadinhas coloridas para ser enrolado na árvore.
Na loja de R$ 1,99 – que já está na casa do R$ 3,99 -, na prateleira repleta de balangandãs de motivos natalinos, você escolhe uma guirlanda com uma fita vermelha de nó caprichado e põe na porta de entrada da sua casa. Com este simbolismo, você informa aos parentes, amigos, vizinhos e a quem eventualmente passar por ali que está no clima.
Agora, a vida natalina vai passar na TV. De manhã, à tarde, à noite e de madrugada. O Bom Velhinho, de barba branca, original ou postiça, vai mandar um sorriso cativante para você. A roupa é quente, mas o coração também é. Os presentes vão invadir sua tela e uma culpa mastodôntica vai invadir seu peito só de pensar em não comprar as tais lembrancinhas para os queridos de sempre.
Mensagens cristãs vão chegar até você pelo correio, pelo telefone e pela internet com interesses um pouco maiores de desejar felicidades. Natal, tempo de reflexão, tempo de perdão, de 13º, de cores, sabores, harpas, roupas e móveis novos e luzes intensas. E não venha me dizer que você consegue passar incólume diante desta convidativa avalanche?
A cidade vai estar toda iluminada. A magia se repete, os néons reverberam. Shoppings, lojas e quiosques cúmplices para chamar a atenção que é Natal. Casas, prédios, árvores e ruas parceiras no objetivo de nos despertar e nos iluminar.
Na data maior, potencializam-se as emoções. Elevam-se as alegrias e as tragédias pessoais repercutem devastadoramente. Na porta aberta para a entrada do Natal, entram todos os sentimentos latentes.
Ou o Natal não seria justamente o tempo de se abrir e conferir a quantas anda esta alma velha de guerra, fustigada pelas pequenas batalhas diárias que vão moldando nossa forma de ver a vida? Então, abra a porta, que seja Natal. Recupere aquela velha árvore.

Um comentário :

Caroline Rocha disse...

Gostei muito do que o De Paula escreveu.
Infelizmente o Diário perdeu um maravilhoso colunista, mas o substituiu em boa performace.