Aos passageiros e tripulantes da Gol e dessa nave mãe chamada Terra...
(Carlos Drummond de Andrade)
Acordo para a morte.
Barbeio-me, visto-me, calço-me.
É meu último dia: um dia
cortado de nenhum pressentimento.
Tudo funciona como sempre.
Saio para a rua. Vou morrer.
Não morrerei agora. Um dia
inteiro se desata à minha frente.
Um dia como é longo. Quantos passos
na rua, que atravesso. E quantas coisas
no tempo, acumuladas. Sem reparar,
sigo meu caminho. Muitas faces
comprimem-se no caderno de notas.
Visito o banco. Para que
esse dinheiro azul se algumas horas
mais, vem a polícia retirá-lo
do que foi meu peito e está aberto?
Mas não me vejo cortado e ensangüentado.
Estou limpo, claro, nítido, estival.
Não obstante caminho para a morte.
Passo nos escritórios. Nos espelhos,
nas mãos que apertam, nos olhos míopes, nas bocas
que sorriem ou simplesmente falam eu desfilo.
Não me despeço, de nada sei, não temo:
a morte dissimula
seu bafo e sua tática.
Almoço. Para quê? Almoço um peixe em outro e creme.
É meu último peixe em meu último
garfo. A boca distingue, escolhe, julga,
absorve. Passa música no doce, um arrepio
de violino ou vento, não sei. Não é a morte.
É o sol. Os bondes cheios. O trabalho.
Estou na cidade grande e sou um homem
na engrenagem. Tenho pressa. Vou morrer.
Peço passagem aos lentos. Não olho os cafés
que retinem xícaras e anedotas,
como não olho o muro de velho hospital em sombra.
Nem os cartazes. Tenho pressa. Compro um jornal. É pressa,
embora vá morrer.
O dia na sua metade já rota não me avisa
que começo também a acabar. Estou cansado.
Queria dormir, mas os preparativos. O telefone.
A fatura. A carta. Faço mil coisas
que criarão outras mil, aqui, além, nos Estados Unidos.
Comprometo-me ao extremo, combino encontros
a que nunca irei, prununcio palavras vãs,
minto dizendo: até amanhã. Pois não haverá.
Declino a tarde, minha cabeça dói, defendo-me,
a mão estende um comprimido: a água
afoga a menos que dor, a mosca,
o zumbido... Disso não morrerei: a morte engana,
como um jogador de futebol a morte engana,
como os caixeiros escolhe
meticulosa, entre doenças e desastres.
Ainda não é a morte, é a sombra
sobre edifícios fatigados, pausa
entre duas corridas. Desfale o comércio de atacado,
vão repousar os engenheiros, os funcionários, os pedreiros.
Mas continuam vigilantes os motoristas, os garçons,
mil outras profissões noturnas. A cidade
muda de mão, num golpe.
Volto à casa. De novo me limpo.
Que os cabelos se apresentem ordenados
e as unhas não lembrem a antiga criança rebelde.
A roupa sem pó. A mala sintética.
Fecho meu quarto. Fecho minha vida.
O elevador me fecha. Estou sereno.
Pela última vez miro a cidade.
Ainda posso decidir, adiar a morte,
não tomar esse carro. Não seguir para.
Posso voltar, dizer: amigos,
esqueci um papel, não há viagem,
ir ao cassino, ler um livro.
Mas tomo o carro. Indico o lugar
onde algo espera. O campo. Refletores.
Passo entre mármores, vidro, aço cromado.
Subo uma escada. Curvo-me. Penetro
no interior da morte.
A morte dispôs poltronas para o conforto
da espera. Aqui se encontram
os que vão morrer e não sabem.
Jornais, café, chicletes, algodão para o ouvido,
pequenos serviços cercam de delicadeza
nossos corpos amarrados.
Vamos morrer, já não é apenas
meu fim particular e limitado,
somos vinte a ser destruídos,
morreremos vinte,
vinte nos espatifaremos, é agora.
Ou quase. Primeiro a morte particular,
restrita, silenciosa, do indivíduo.
Morro secretamente e sem dor,
para viver apenas como pedaço de vinte,
e me incorporo todos os pedaços
dos que igualmente vão parecendo calados.
Somos um em vinte, ramalhete
dos sopros robustos prestes a desfazer-se.
E pairamos,
frigidamente pairamos sobre os negócios
e os amores da região.
Ruas de brinquedo se desmancham,
luzes se abafam; apenas
colchão de nuvens, morres se dissolvem,
apenas
um tubo de frio roça meus ouvidos,
um tubo que se obtura: e dentro
da caixa iluminada e tépida vivemos
em conforto e solidão e calma e nada.
Vivo
meu instante final e é como
se vivesse há muitos anos
antes e depois de hoje,
uma contínua vida irrefrável,
onde não houvesse pausas, sonos,
tão macia na noite é esta máquina e tão facilmente ela corta
blocos cade vaz maiores de ar.
Sou vinte na máquina
que suavemente respira,
entre placas estelares e remotos sopros de terra,
sinto-me natural a milhares de metro de altura,
nem ave nem mito,
guardo consciência de meus poderes,
e sem mistificação eu vôo,
sou um corpo voante e conservo bolsos, relógios, unhas,
ligado à terra pela memória e pelo costume dos músculos,
carne em breve explodindo.
Ó brancura, serenidade sob a violência
da morte sem aviso prévio,
cautelosa, não obstante irreprimível aproximação de um perigo atmosférico
golpe vibrado no ar, lâmina de vento
no pescoço, raio
choque estrondo fulguração
rolamos pulverizados
caio verticalmente e me transformo em notícia
Recado do Barbosinha: CLIQUE AQUI e ouça esse poema com o próprio Carlos Drummond de Andrade
sábado, setembro 30, 2006
sexta-feira, setembro 29, 2006
RECEITA DO SAMBA
Novidade para esse final de ano aos amigos do Bar do Bulga.
Tá no forno o novo CD do Grupo Receita do Samba. Deversos estilos de samba como samba canção, partido alto, balanço e enredo. Como no CD anterior, teremos participações especiais, ainda surpresas.
Músicas :
Mel de Todos os Sabores ( Nando Cordel )-1° samba da gloriosa carreira de Nando, especialmente para o R.S.
Tamanha Insensatez ( Capri / Mauro Madureira )
Festa da Vovó ( Helington Lopes / Mariza Poltronieri )/ Velhinha Danada ( Helington Lopes / Almir Guineto)
Cabrito na Horta ( Helington Lopes /Claudio Viola/ Antonio Roberto de Paula )
Os Bêbados ( Isaac Cândido/ Marcus Dias)
Bar Doce Lar ( Helington Lopes)
Moleque Robinho ( Helington Lopes/Celso Corrêa)
O Pau Comeu ( Joãozinho Batuqueiro )
Linguagem dos Anjos ( Helington Lopes )
Sonhei com Minha Sogra ( Zé Alexandre )
Simplesmente Rê ( Ronaldo Gravino / Ana Paula Rodriguez)
Papo de Veludo ( Pablo Souza/Carlinhos Paixão/Willian Nazário)
Muita Calma Nessa Hora ( Helington Lopes)
O Receita se apresenta aos sábados no Bar do Vermelho e as 5ªs no Mpb Bar, com o Grupo Pau Brasil ( forró), na Noite do Remelexo.
Mês que vem , inicia novo projeto, via Sesc, inicialmente para Guarapuava , dia 27/10 e Uumuarama (31/10)
Forte abraço e sucesso sempre!!!!
Helington Lopes
www.receitadosamba.com.br
Tá no forno o novo CD do Grupo Receita do Samba. Deversos estilos de samba como samba canção, partido alto, balanço e enredo. Como no CD anterior, teremos participações especiais, ainda surpresas.
Músicas :
Mel de Todos os Sabores ( Nando Cordel )-1° samba da gloriosa carreira de Nando, especialmente para o R.S.
Tamanha Insensatez ( Capri / Mauro Madureira )
Festa da Vovó ( Helington Lopes / Mariza Poltronieri )/ Velhinha Danada ( Helington Lopes / Almir Guineto)
Cabrito na Horta ( Helington Lopes /Claudio Viola/ Antonio Roberto de Paula )
Os Bêbados ( Isaac Cândido/ Marcus Dias)
Bar Doce Lar ( Helington Lopes)
Moleque Robinho ( Helington Lopes/Celso Corrêa)
O Pau Comeu ( Joãozinho Batuqueiro )
Linguagem dos Anjos ( Helington Lopes )
Sonhei com Minha Sogra ( Zé Alexandre )
Simplesmente Rê ( Ronaldo Gravino / Ana Paula Rodriguez)
Papo de Veludo ( Pablo Souza/Carlinhos Paixão/Willian Nazário)
Muita Calma Nessa Hora ( Helington Lopes)
O Receita se apresenta aos sábados no Bar do Vermelho e as 5ªs no Mpb Bar, com o Grupo Pau Brasil ( forró), na Noite do Remelexo.
Mês que vem , inicia novo projeto, via Sesc, inicialmente para Guarapuava , dia 27/10 e Uumuarama (31/10)
Forte abraço e sucesso sempre!!!!
Helington Lopes
www.receitadosamba.com.br
MTV
quinta-feira, setembro 28, 2006
PARDAL
Velhos tempos... O fotógrafo Aldemir de Moraes (o eterno Pardal)
Recado do Barbosinha: Foto tirada no Hospital Universitário de Maringá pelo saudoso fotógrafo Carlos Santos em 1998. Os dois faziam uma matéria.
quarta-feira, setembro 27, 2006
POROROCA DE JORNALISTAS
ET
FRONDOSA
Recebi a seguinte mensagem do grande Sr. Antonio de Paula:
Marcelo, tirei algumas fotos da "Frondosa" no último domingo (24), sob o
sol das 10 da manhã. A qualidade não é lá essas coisas porque estou me
adaptando à máquina... Um abraço.. De Paula (Da Sociedade Amigos da
Frondosa e de Outras Tantas Árvores de Maringá Menos Famosas)
Recado do Barbosinha - A Frondosa fica no Bosque 2, em frente ao Teatro Marista, em Maringá
segunda-feira, setembro 25, 2006
Encontros Culturais
Programa Encontros culturais comandado por Flor Duarte, atual secretária de Cultura de Maringá. Foi por volta de 2000. |
sábado, setembro 23, 2006
CBN MARINGÁ 1998
E já faz algum tempo. Assim foi a publicidade da abertura da rádio CBN em Maringá. Foi em outubro de 1998. |
quarta-feira, setembro 20, 2006
terça-feira, setembro 19, 2006
Chega de Mágoa
Tente adivinhar quem está cantando cada parte.
Musica foi lançada em compacto simples em 1984 para ajudar as vitimas da seca no nordeste. É um barato. Nossa versão para "We´re the world" ">
Musica foi lançada em compacto simples em 1984 para ajudar as vitimas da seca no nordeste. É um barato. Nossa versão para "We´re the world" ">
sexta-feira, setembro 08, 2006
PROGRAMA PANORAMA
Jairo Gianoto analisa seus 6 primeiros meses de governo em Maringá no programa Panorama do Canal Cem, em 1997. Eu havia acabado de chegar em Maringá. Fiz duas perguntas. |
terça-feira, setembro 05, 2006
TRAPEZISTA
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