sábado, dezembro 11, 2010
Krzysztof Kieslowski
(1941-1996) Nascido em Varsóvia, Polônia. - Acho que a televisão é a versão moderna das tábulas de pedra, e por foi por isso que, em 1988, Kieslowski comprometeu-se a lançar na televisão polonesa uma moderna apresentação das grandes verdades, através de ficções de dez horas de duração. É claro que seria mais real hoje que as tábulas adotassem uma forma mais interativa de TV, e então poderíamos adquirir ou enumerar os Dez Melhores. Não que exista qualquer questão com relação a Kieslowski. Ele é um mestre, mas austero, metódico. Deixava muito claros seus sentimentos a respeito do que via e ouvia. Não há dúvidas, ele era um produtor, e um seguidor dos passos de Bresson.
Mas, para mim, Kieslowski freqüentemente corria o risco de se tornar vaidoso, metódico e muito controlado nas emoções. Eu assisti apenas dois dos Dekalog, os curta-metragens que falam de amor e morte (os demais só foram mostrados em festivais americanos). Admirando o projeto para ver todos os conceitos apresentados num cotidiano de Varsóvia, achei os dois filmes marcados por uma correção hipócrita. A vida não perde o fôlego naqueles filmes. O extraordinário estilo é preocupado demais com regras.
A Liberdade é Azul ponderado, extenso, imensamente completo e belo. Kieslowski disse que é um filme sobre liberdade: "Quem ama, perde a liberdade. Fica dependente da pessoa que ama. Quando você ama alguém, vive sua vida e vê seus valores de forma diferente, através dos olhos da pessoa que você ama".
Esta é uma boa base para um filme, embora não se consiga vê-Ia funcionando A Liberdade é Azul .. Kieslowski, com a beleza muito submissa de Juliette Binoche, parece antes se envaidecer com os efeitos do climax do sofrimento, como se a perda aproximasse mais da resignação e esperança vazia. Será que realmente conhecemos esta mulher, ou apenas sentimos sua sensível hesitação? Porque se diz tão pouco sobre a criança? A sensibilidade é muito católica, ainda que o filme quase se aniquile em sua vaidade e falta de humor.
Fico muito pouco à vontade dizendo isso, porque Kieslowski é sem sombra de dúvida um bom
produtor. Além disso, adoro a opinião explorada em Liberdade é Azul e Veronique, de todas as
nossas vidas retrocedendo em outras infinitas vidas, uma extensão que altera nossa compreensão. Mas ver um filme de Kieslowski para mim é algo que requer revestir-se de coragem, como se se estivesse a caminho de ser torturado ou crucificado. Aqueles filmes parecem pensar que são perfeitos, e me fazem querer gritar. (Do Guia Biográfico de Filmes - Edição 97)
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